Christian Asinelli
Vicepresidente Corporativo de Programación Estratégica, CAF -banco de desarrollo de América Latina y el Caribe-
Argentina
As cidades da América Latina e do Caribe têm um papel fundamental na proteção e no fortalecimento da saúde de seus habitantes. Em um contexto marcado pelos efeitos da pandemia de Covid-19, por um lado, e pelo aprofundamento das alterações climáticas e suas consequências na dinâmica social, econômica e ambiental, por outro, os centros urbanos enfrentam uma série de desafios urgentes.
Sabemos também que nossa região é a mais urbanizada do mundo, com 80% de seus habitantes vivendo em cidades, e onde os processos de desorganização e falta de planejamento levaram uma em cada quatro pessoas a viver em áreas marginais.
A perda de vidas, a destruição de empregos e atividades comerciais, bem como o deslocamento de pessoas e casas, entre outros efeitos da pandemia, estabeleceram novas dinâmicas nas cidades que, embora ainda sejam difíceis de prever em sua dimensão final, permitem estabelecer um sistema de prioridades em seus aspetos físicos, espacial e sanitária.
Do ponto de vista físico e espacial, as cidades devem oferecer um conjunto de infraestruturas e equipamentos que estimulem e facilitem o desenvolvimento de uma vida saudável por parte de seus habitantes. A correta prestação de serviços de saneamento e água potável, aliada a uma rede de saúde adequada, é essencial, sobretudo, em termos de acessibilidade para a população mais desprotegida ou com menos recursos. Além disso, é importante disponibilizar espaços públicos, principalmente verdes, para facilitar o desenvolvimento de atividades físicas, recreativas e de lazer, bem como para promover a saúde física e mental de todas as pessoas.
As cidades devem promover ambientes saudáveis, que facilitem o acesso a alimentos adequados e que estejam livres de poluição auditiva, visual e sonora. Mas, fundamentalmente, devem garantir o equilíbrio entre o crescimento urbano e a proteção e recuperação da biodiversidade, na medida em que os ecossistemas naturais e a variedade de seres vivos que os habitam são essenciais para a vida.
Diante desses desafios, o CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- promove diferentes iniciativas para abordar de forma abrangente esses três aspectos relacionados ao planejamento urbano, à saúde e ao meio ambiente nas cidades.
Uma delas é o nosso principal programa, a Rede de BiodiverCidades da América Latina e do Caribe, que busca fortalecer a concepção e a implementação de planos e políticas que considerem o desenvolvimento urbano alinhado com o cuidado e a proteção da biodiversidade, no nível dos governos locais. Com benefícios concretos, como controle de enchentes, abastecimento de água, mitigação de altas ou baixas temperaturas, absorção de CO2 e controle de pragas, entre outros, a Rede de BiodiverCidades tem como objetivo central restaurar o equilíbrio entre a gestão urbana e os recursos naturais.
A este respeito, no dia 28 de novembro, celebraremos, na Terra do Fogo, a última reunião regional do ano, juntamente com as mais altas autoridades de mais de 30 cidades da América Latina e do Caribe, especialistas em áreas como gestão urbana, meio ambiente, preservação e cuidado da biodiversidade, bem como acadêmicos e referentes do setor privado.
A segunda iniciativa nesta área é a de Cidades Saudáveis, que se materializa este ano com a publicação e o lançamento, em 2 de dezembro, de nosso Guia para Cidades Mais Saudáveis. O documento, que será apresentado no Polo Científico e Tecnológico da Cidade de Buenos Aires, busca integrar todos os aspectos que possibilitam a vida nos centros urbanos sob uma abordagem conceitual e metodológica, que permita desenhar políticas voltadas para a melhoria da saúde e da qualidade de vida das pessoas.
Com esta iniciativa, pretendemos ajudar a região no planeamento de modelos de cidades que harmonizem o desenvolvimento econômico e social com o cuidado da natureza, por meio de melhores políticas em benefício da saúde e da plenitude dos povos de nosso continente.