Como expandir o crédito às PMEs

Data do artigo: 18 de novembro de 2019

Autor del post - Jorge Arbache

Vicepresidente de Sector Privado, CAF -banco de desarrollo de América Latina y el Caribe-

Recentemente, os países latino-americanos fizeram progressos significativos em relação à política econômica, especialmente na gestão e supervisão dos sistemas financeiros. Por um lado, os sistemas tornaram-se mais sofisticados com novos instrumentos financeiros e do mercado de capitais. Por outro lado, a capitalização, a liquidez, o descumprimento e outros indicadores mostram que os bancos em geral estão confortáveis com os limites prudenciais, o que reflete a resistência e a segurança do sistema para lidar com as crises.

No entanto, os benefícios dessa maior sofisticação e força ainda não chegaram a todos, já que a região continua a ter sérias deficiências no acesso ao crédito e a outros serviços financeiros. Na verdade, o crédito interno ao setor privado é de apenas 50% do PIB, substancialmente abaixo do de outras regiões emergentes, e o acesso aos serviços é muito desigual, dependendo do tamanho da empresa.

O acesso e o custo do crédito estão entre os principais obstáculos para que as PMEs façam negócios, compitam e cresçam. No caso da Argentina, do Brasil e do México, que representam 65% do PIB da região, apenas 40% das pequenas empresas formais têm acesso a uma linha de crédito, enquanto mais de 95% das grandes empresas são beneficiados por este e outros serviços financeiros.

Considerando que as PMEs têm uma participação desproporcionadamente elevada entre as empresas formais na região, que fazem parte de praticamente todas as cadeias de produção e que contribuem significativamente para a cesta de consumo das famílias, a falta de acesso ao crédito dificulta e cria obstáculos para a geração de emprego e renda. A falta de acesso aos serviços financeiros tem implicações prejudiciais para o investimento, a produtividade e a competitividade dessas empresas, que "intoxicam" praticamente toda a economia.

Curiosamente, pesquisas realizadas pela Federação Latino-americana de Bancos indicam que as instituições financeiras teriam um grande interesse no mercado de empréstimos para as PMEs e que 90% dos bancos teriam políticas financeiras ativas e atendimento especializado para essas empresas. Se há interesse dos bancos, por que as PMEs declaram ser tão ignoradas?

Há muitas explicações e, entre as principais, haveria limitações em garantias e informações, incluindo financeiras, contábeis e operacionais, o que dificultaria a análise de crédito convencional. Essas limitações ajudariam a explicar um conhecido ciclo vicioso do histórico ruim de crédito, altas taxas de juros e prazos de crédito curtos. Os regulamentos bancários internacionais, que forçam os bancos a transferir suas carteiras para ativos de menor risco, juntamente com a alta concentração bancária da região, favoreceriam o fortalecimento desse ciclo vicioso. Por outro lado, o alto custo fixo de análise e monitoramento de crédito, combinado com uma alta heterogeneidade entre as PMEs, levaria a outro padrão, também conhecido, de rejeição de crédito para empresas com potencial de inovação e crescimento.

Este quadro leva à adoção de novas soluções e opções de acesso a serviços financeiros. Estas soluções já existem e estão disponíveis para os responsáveis políticos. Uma delas é incentivar os novos atores, incluindo as fintech, a utilizar tecnologias de análise de crédito mais ágeis, mais rápidas e menos dispendiosas do que as convencionais, a abordar melhor a heterogeneidade das PMEs e a conceber estratégias diferenciadas. Além disso, as fintech oferecem serviços não financeiros de baixo custo às PMEs, como gestão de clientes, contabilidade e inventário, que ajudam a melhorar a qualidade das informações de gestão empresarial.

O open banking, que é a troca de dados de clientes, também favorece a análise de crédito e a concorrência. A experiência do Brasil com o Cadastro Positivo, que agora é implementado com informações individuais de dezenas de milhões de clientes de empresas financeiras e não financeiras, será um laboratório valioso para testar soluções de análise de risco e condições de crédito diferenciadas.

Outra solução é a expansão dos fundos de garantia para carteiras de crédito. Os fundos de garantia e as operações visam compartilhar riscos, reduzir a exposição ao capital e incentivar os bancos a expandir suas carteiras de empréstimos, melhorar as condições de financiamento e criar oportunidades para novos clientes. Os fundos de garantia para as PMEs ainda estão subdesenvolvidos na região, têm baixa capitalização e são muito heterogêneos, o que indica que haveria bastante espaço para o crescimento. O México e a Colômbia têm os fundos de garantia mais desenvolvidos, mas mesmo lá a cobertura continua sendo bastante limitada. Além de promover a expansão do crédito nos bons tempos, este instrumento pode ser especialmente relevante em tempos de contração de crédito.

Jorge Arbache

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Jorge Arbache

Vicepresidente de Sector Privado, CAF -banco de desarrollo de América Latina y el Caribe-

Antes de su ingreso a CAF fue Secretario de Asuntos Internacionales del Ministerio de Planificación, Desarrollo y Gestión de Brasil y Secretario Ejecutivo del Fondo de Inversión Brasil-China. También fue economista jefe en el Ministerio de Planificación en Brasil; Asesor económico principal de la Presidencia de BNDES y Economista Principal del Banco Mundial en Washington, DC. También es profesor de economía en la Universidad de Brasilia. Arbache tiene más de 28 años de experiencia en las áreas de gobierno, academia, organizaciones internacionales y sector privado. Su interés radica en agendas de crecimiento económico y políticas sectoriales que incluyen comercio internacional, inversión, productividad, competitividad, innovación, economía digital, industria y servicios. Es autor de cuatro libros y docenas de artículos científicos publicados en revistas académicas internacionales. Es licenciado en Economía y en Derecho y Doctor en Economía por la Universidad de Kent (Reino Unido).

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Produtividade Inovação Inclusão e educação financeira Fortalecimento institucional
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