Como fortalecer os Estados para prevenir a violência contra mulheres e meninas?

Article date: December 07, 2021

Autor del post - Irene Arvay,

Oficial, Inclusión Social y Género de CAF

Na América Latina e no Caribe (ALC), a insegurança e a violência se fixaram como dois dos principais problemas e preocupações que afligem a sociedade e os grupos vulneráveis. A demanda social feita aos governos e à função pública se concentra muitas vezes na necessidade de prevenir, abordar e buscar soluções para esses problemas que geram consequências negativas na vida dos cidadãos. De fato, estudos realizados na região demonstram que a insegurança e a violência são problemas que demandam uma atenção prioritária da parte dos Estados, uma vez que eles transcendem a necessidade de proporcionar justiça como mecanismo de reparação social, considerando que suas consequências são obstáculos reais para o desenvolvimento sustentável dos países.

A violência de gênero não é um tema de menor importância nas estratégias de combate à insegurança e à violência social dos Estados. Isto fez com que a ALC passasse a avançar no desenvolvimento de marcos regulatórios que busquem garantir o direito das mulheres a uma vida livre de violência. Apenas em 2019 foram registrados 4.640 casos de feminicídio; além disso, 14 países da região apresentam as piores métricas de feminicídios, e estima-se que uma em cada três mulheres sofreu algum tipo de violência e que entre 11% e 25% das mulheres entre 15 e 49 anos sofreram abusos por seus parceiros. A situação se configura, como afirma a CEPAL, “uma pandemia nas sombras”.

A violência, em todas as suas expressões, além de seus efeitos na saúde da mulher, tem seu custo econômico. De acordo com o Centro de Consenso de Copenhague, estima-se que o custo da violência represente 11,16% do Produto Interno Bruto (PIB) global; no que se refere à violência contra a mulher, o custo dos homicídios femininos representa 0,31% do PIB da região da ALC, e o custo da violência realizada por parceiros íntimos chega a 8% do PIB regional.

A região ainda tem grandes desafios para combater esse fenômeno que afeta significativamente mulheres e famílias, e por isso é importante que a alocação de recursos seja acompanhada do desenho e da execução de políticas públicas abrangentes de prevenção e combate à violência, baseadas em estudos e ferramentas de conhecimento, ferramentas de tecnologia de dados e informações estatísticas.

Considerando essas questões, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- desenvolveram duas ferramentas para fortalecer as capacidades dos Estados na área da prevenção, do cuidado e da reparação da violência contra mulheres e meninas:

O marco de abordagem abrangente fornece aos órgãos competentes insumos para a concepção e implementação de políticas contra a violência de gênero, fornece às entidades de cooperação elementos que lhes permitam identificar as possibilidades de apoio e oferece ferramentas para a geração de políticas abrangentes e a concepção de soluções para os problemas existentes. Este marco baseia-se em cinco matrizes de análise ou trabalho: (1) tipos de cenário político-institucional e políticas recomendadas; (2) conteúdo das políticas de combate à violência contra mulheres e meninas; (3) componentes das articulações interinstitucionais e com a sociedade civil; (4) indicadores de impacto e de resultados; e (5) conteúdos básicos de capacitação para servidores públicos que trabalhem em políticas de combate à violência contra mulheres e meninas.

Dado o contexto atual, ele possui também uma breve seção que apresenta propostas de intervenção para vítimas de violência no contexto da pandemia da COVID-19. Por fim, foram incluídas também as pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, intersexuais e queer, que também enfrentam múltiplas formas de violência e, portanto, foram consideradas nas diretrizes e políticas que visam a lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida, livre da violência.

A segunda ferramenta desenvolve uma metodologia para estimar os custos ou a magnitude dos recursos financeiros que um Estado precisa investir para garantir o exercício efetivo do direito das mulheres e meninas de viverem em um ambiente livre de violência.

Adicionalmente às ferramentas, o PNUD e o CAF prepararam o documento de política “Desenvolvimento das capacidades institucionais para combater a violência contra mulheres e meninas na América Latina”, o qual, através de três estudos de caso (Argentina, Equador e Peru) propõe uma série de recomendações e boas práticas no campo da prevenção, cuidado e reparação da violência contra mulheres e meninas. O documento defende, ainda, que a efetiva implementação de políticas públicas nessa área exige trabalhos e esforços conjuntos das instituições governamentais e da sociedade civil, sendo elas atores indispensáveis para enfrentar adequadamente os problemas.

Por todos esses fatores, o CAF e o PNUD, conscientes das necessidades existentes da região na geração de melhores políticas públicas, oferecem essas ferramentas voltadas para contribuir com os esforços dos países no cumprimento da meta 5.2, “acabar com a violência contra as mulheres e a sua exploração” do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável Nº. 5: “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.”

Irene Arvay,

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Irene Arvay,

Oficial, Inclusión Social y Género de CAF

Irene Arvay, es Licenciada en Idiomas Modernos de la Universidad Metropolitana de Venezuela con Maestría en Gerencia Pública del Instituto de Estudios Superiores en Administración (IESA). Actualmente, se desempeña dentro del Coordinación de Inclusión Social y Género de CAF, desarrollando funciones orientadas a la promoción, sensibilización y gestión de conocimiento sobre los asuntos de género e inclusión social; asimismo, apoya las acciones de transversalización de género en diversos proyectos multisectoriales. Cuenta con experiencia en políticas públicas, desarrollo institucional y gestión de cooperación técnica y comunicaciones estratégicas.  

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genero-1 Equity and social inclusion

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