Carolina España
Vicepresidenta Ejecutiva de CAF- banco de desarrollo de América Latina y el Caribe-
Este artigo também foi publicado no jornal Portafolio
Nos últimos 20 anos, a Colômbia tem feito esforços significativos para implementar sistemas de transporte urbanos eficientes. Com tal propósito, elaborou políticas públicas e novos modelos econômicos e operacionais que ajudaram a superar algumas das dívidas pendentes do país com suas cidades, especialmente em termos de reorganização do transporte público e a eliminação da "guerra del centavo".
Com a criação da política nacional de transporte urbano e de massa em 2003, o governo nacional colombiano se concentrou na modernização dos regimes operados pelo setor privado, que apresentavam baixa qualidade de serviço e alto impacto ambiental e social. Esta política propôs duas estratégias para resolver o problema do transporte urbano: a primeira implementaria sistemas integrados de transporte de massa (SITM) em cidades com uma população de mais de 600 mil habitantes, enquanto a segunda se concentraria em cidades com menos de 600 mil habitantes e abordaria a reorganização do setor por meio da criação do sistema estratégico de transportes públicos (SETP), a melhoria da qualidade do serviço e a implementação de medidas de gestão tráfego. Este esquema baseou-se na experiência do SITM TransMilenio que iniciou suas operações em Bogotá em dezembro de 2000, utilizando o esquema Bus Rapid Transit (BRT).
Os desafios enfrentados pela Colômbia também são enfrentados por muitos países da região. Todos os dias 20,5 milhões pessoas em 55 cidades da América Latina utilizam sistemas BRT, representando 63,6% dos usuários em todo o mundo. Estes sistemas de transporte têm sido um gatilho para transformar a qualidade de vida nas cidades, estabelecer uma relação entre o uso do solo e o desenvolvimento urbano misto e equilibrado, e uma oportunidade real de integração com os outros modos mais sustentáveis. Além das suas contribuições econômicas, sociais e ambientais, os sistemas de transportes urbanos organizados abrem a possibilidade de planejar de forma integrada o desenvolvimento urbano e a mobilidade.
Embora tenham alcançado progressos nos últimos anos, os sistemas de transportes públicos na Colômbia e na América Latina continuam a enfrentar desafios na qualidade do serviço, cobertura e acessibilidade. Superar esse deficit histórico é imprescindível, tomando como ponto de partida que as pessoas são o centro e destino da política pública de mobilidade urbana. Os sistemas de transporte eficientes são essenciais para a mobilidade e exercem um impacto positivo sobre a qualidade de vida dos habitantes. Além disso, a melhoria dos transportes públicos é crucial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e proporcionar condições de vida sustentáveis.
Além da construção de infraestrutura, as cidades do país enfrentam o desafio de fortalecer suas instituições, otimizar seus processos e melhorar a coordenação com outras entidades parceiras. Em termos de integração da rede, a integração física e tarifária com os demais componentes do sistema (ônibus, metrôs e transporte públicos elétricos, entre outros) ainda precisa ser resolvida. É necessário alinhar o planejamento da cidade e seus usos do solo com o desenvolvimento integrado de transporte sustentável, mantendo o transporte de massa como o eixo estrutural da cidade. Uma vez construído o sistema, os recursos necessários para a operação e manutenção da infraestrutura devem ser garantidos, entendendo a dificuldade de alcançar a autossustentabilidade do sistema, mas com a possibilidade de implementar fontes alternativas e inovadoras de financiamento, como captação de valor imobiliário, instrumentos de gestão da demanda e outros rendimentos não tarifários.
Neste sentido, o CAF, além de apoiar com recursos financeiros o SITM de Bogotá fase II ou o projeto SITM da Avenida Suba (tronco da fase II) e fase III (tronco da rua 26 e tronco Carrera 10), temos apoiado a implementação do SETP da cidade de Montería com um investimento de US$ 70 milhões, frente a um custo total do trabalho de US$ 150 milhões.
Novos avanços tecnológicos estão surgindo rapidamente e nossas cidades precisam preparar-se para incorporar novos instrumentos de financiamento, fontes de energia renováveis, substituir frotas por veículos menos poluentes, promover o desenvolvimento de sistemas de informação e geolocalização, gerir a demanda, capturar o valor do solo, implementar elementos de segurança passiva e ativa que melhoram as condições de segurança rodoviária, desenvolver a micromobilidade e modos não tradicionais. Tudo isto será necessário para melhorar os serviços de transporte urbano e a qualidade de vida dos cidadãos.