Como se beneficiar das novas tecnologias

Data do artigo: 23 de janeiro de 2019

Autor del post - Jorge Arbache

Vicepresidente de Sector Privado, CAF -banco de desarrollo de América Latina y el Caribe-

As novas tecnologias estão transformando o dia a dia das pessoas e criando possibilidades nunca imaginadas. Mas as empresas também estão se beneficiando. Considere tecnologias digitais simples, como planilhas de cálculo e softwares de controle, e outras mais avançadas, como inteligência artificial, computação na nuvem, internet das coisas, robôs, impressoras 3D e indústria 4,0. Essas tecnologias estão transformando a produção e a gestão da produção e mudando completamente a noção de eficiência e até de tempo. 

Para a América Latina, cuja produtividade está estagnada e equivale a apenas uma fração da observada nos países desenvolvidos, e cujos indicadores de competitividade recuaram nos últimos anos, essas tecnologias podem ser uma bênção. 

De fato, as tecnologias digitais podem ter impactos importantes ao contribuírem para o aumento da produção por trabalhador, para a racionalização no uso de recursos e para a entrada das nossas empresas nos mercados internacionais. Se compartilhados, os benefícios do aumento da produtividade e da competitividade podem influir não só na criação de riqueza, mas também na luta contra a pobreza, uma questão crucial para a nossa região. Parece, portanto, razoável que devamos facilitar o acesso e incentivar o emprego de novas tecnologias. 

Porém, apesar da importância, é preciso ter em conta os limites do alcance das novas tecnologias em razão da comoditização digital. A comoditização digital refere-se ao impacto que a popularização do acesso e uso de tecnologias digitais padronizadas e de uso geral tem sobre a competitividade. Enquanto apenas poucas empresas têm acesso a uma determinada nova tecnologia, o seu impacto na competitividade aumenta rapidamente. Mas, à medida que o acesso e uso dessa tecnologia se disseminam, o seu impacto marginal diminui e, eventualmente, desaparece. 

Pense nos softwares de controle de estoques ou mesmo na computação na nuvem. Desta forma, o uso de tecnologias comoditizadas torna-se um requisito de entrada e permanência no mercado. Ou seja, essas tecnologias passam a ajudar a colocar a empresa "no jogo", mas não a "ganhar o jogo". 

A comoditização digital resulta da mudança nos modelos de negócios em que tecnologias sofisticadas são comercializadas a preços relativamente baixos em favor da fidelização da plataforma e dos padrões técnicos, combinada com a redução do ciclo vida das tecnologias e com o efeito da plataforma. Uma vez fidelizado, o usuário passa a pagar por serviços de custos variáveis e pelo uso de funções específicas e de níveis mais elevados de tecnologia. 

Ter acesso a uma plataforma técnica profissional, um robô, uma colheitadeira agrícola de última geração ou a plataformas de e-commerce e de meios pagamento, por exemplo, passou a ser a etapa inicial, não o final, de uma jornada mais longa de admissão de uso de tecnologias, processos produtivos e canais de vendas mais sofisticados. 

Estamos observando uma distinção cada vez mais visível entre empresas que são usuárias de commodities digitais e empresas que são desenvolvedoras, gerenciadoras e distribuidoras dessas tecnologias, padrões e plataformas. E também que estas últimas estão capturando uma parcela cada vez maior dos benefícios privados das matérias-primas digitais. 

Por outro lado, estamos aprendendo que o uso de commodities digitais pode ter menos impactos positivos nos países emergentes do que o pensado inicialmente. E isso porque, mesmo elevando o patamar da produtividade, as tecnologias não são capazes, necessariamente, de transformar aquele ganho em aumento de competitividade. 

Além disso, as commodities digitais tendem a reduzir a relevância da mão de obra nos custos de produção. De fato, já se observam mudanças na geografia global dos investimentos em desfavor das economias em desenvolvimento, pois as tecnologias comoditizadas estão viabilizando a produção industrial mesmo em países avançados, onde a mão de obra é mais cara. 

Como, então, as novas tecnologias poderão beneficiar a competitividade dos países emergentes? Primeiro, pela intensificação de seu uso, especialmente em atividades em que já existem vantagens comparativas e competitivas e que podem ser reforçadas por essas tecnologias e, segundo, pela utilização das vantagens comparativas e competitivas para incentivar o engajamento com o desenvolvimento, a gestão e a distribuição de tecnologias. 

O que pode soar como algo muito ambicioso está começando a acontecer. O Uruguai se tornou um desenvolvedor de tecnologias de rastreamento de rebanhos. Além de beneficiar seus pecuaristas com a entrada da carne em mercados mais exigentes, o país também está ganhando com a comercialização internacional desses conhecimentos. As AgriTechs brasileiras estão desenvolvendo tecnologias sofisticadas que estão aumentando a produtividade da agricultura, enquanto comercializam seus serviços globalmente. Já o Chile está desenvolvendo tecnologias de mineração que preservam vidas e o meio ambiente, que estão ampliando o leque e as fontes de geração de riquezas. Além de gerar mais receita, essas tecnologias também diversificam a economia e podem contribuir para viabilizar atividades industriais. 

Assim, além de facilitar o acesso e promover o uso de novas tecnologias, devemos também encorajar o desenvolvimento das tecnologias mais avançadas. E isso é possível. Reconhecer a importância do conhecimento como fonte primária de geração de valor no século XXI será um passo fundamental para promover o crescimento sustentado e, assim, encaminhar soluções para muitos dos problemas econômicos e sociais da nossa região.

Jorge Arbache

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Jorge Arbache

Vicepresidente de Sector Privado, CAF -banco de desarrollo de América Latina y el Caribe-

Antes de su ingreso a CAF fue Secretario de Asuntos Internacionales del Ministerio de Planificación, Desarrollo y Gestión de Brasil y Secretario Ejecutivo del Fondo de Inversión Brasil-China. También fue economista jefe en el Ministerio de Planificación en Brasil; Asesor económico principal de la Presidencia de BNDES y Economista Principal del Banco Mundial en Washington, DC. También es profesor de economía en la Universidad de Brasilia. Arbache tiene más de 28 años de experiencia en las áreas de gobierno, academia, organizaciones internacionales y sector privado. Su interés radica en agendas de crecimiento económico y políticas sectoriales que incluyen comercio internacional, inversión, productividad, competitividad, innovación, economía digital, industria y servicios. Es autor de cuatro libros y docenas de artículos científicos publicados en revistas académicas internacionales. Es licenciado en Economía y en Derecho y Doctor en Economía por la Universidad de Kent (Reino Unido).

Categorias
Tic e telecomunicações Economía digital Transformação produtiva

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