Héctor Varela
Ejecutivo Principal de la Gerencia de Infraestructura Física y Transformación Digital de CAF- banco de desarrollo de América Latina-
Todos os setores sofreram um choque como consequência da COVID-19: Saúde, educação, economia e PMEs são apenas alguns dos setores mais atingidos. Mas pouco foi dito sobre as nossas antigas aliadas, as estradas, responsáveis por mais de 90% dotransporte da região. Embora às vezes questionadas, têm sido confiável no transporte de medicamentos, alimentos e suprimentos básicos para a população durante este período de quarentena e de serviços públicos paralisados.
As estradas não só continuaram com as atividades habituais, como também tiveram que implementar medidas de prevenção à saúde e controles adicionais sobre mercadorias e passageiros. Apesar da paralização administrativa, o setor manteve a conectividade respeitando contratos de conservação, atendimento de incidentes, controle de túneis ou manutenção durante o inverno. Aproveitando o baixo número de veículos, algumas agências aproveitaram a oportunidade para executar alguns reparos nas vias.
Devemos reconhecer o trabalho duro que existe por trás da estrada e dar o valor que ela merece. Como aqueles amigos que estão sempre lá quando precisamos deles. Não podemos assumir que funciona sozinha e que essa confiabilidade é casual. Por trás disso tudo, está o esforço de todo um setor que deve ser valorizado e que merece nosso reconhecimento e aplausos.
Desde o primeiro empréstimo para construir uma ponte sobre o rio Limón, em 1972, a estrada é a infraestrutura que recebe mais financiamento do banco de desenvolvimento da América Latina, destino de 20% dos US$ 188 bilhões de financiamentos acumulados> ao longo de sua história e consequente com sua missão de desenvolvimento regional e integração. Embora seja um dos principais ativos da América Latina, com um valor estimado de US$ 1,2 bilhão, representa apenas US$ 2,180 de investimento por habitante. Um terço da média mundial e à frente de outras regiões do mundo.
Na reunião da Associação Internacional de Empresas Concessionárias de Rodovias (AIECR), várias organizações como WB, BID, ADB, AIIB e o banco de desenvolvimento da América Latina discutiram as perspectivas da estrada diante de uma crise que causou uma queda no tráfego global de mercadorias de 35% e do tráfego de veículos de 75%. Tudo aponta para uma situação de demanda deprimida que durará um ano, seguida de uma lenta recuperação até que um novo e desconhecido paradigma de mobilidade seja formado.
Portanto, três estágios distintos são identificados no processo:
Um primeira etapa consiste em enfrentar desafios imediatos, como garantir o tráfego rodoviário, fornecendo os recursos necessários aos seus gestores, sejam públicos ou privados. A redução do tráfego causa impactos nas contas públicas e às empresas concessionárias. Para ajudar nossos países a enfrentar essa etapa, o CAF possui as ferramentas que o tornam reconhecível no financiamento da infraestrutura rodoviária: proximidade com o cliente, flexibilidade e profundo conhecimento do setor na região, sem nunca perder de vista sua missão de desenvolvimento sustentável e integração regional.
Uma segunda etapa, já em andamento, focada no combate à crise econômica. Os países precisam de projetos que ajudem a reativar a economia, com investimentos de rápida execução e alta geração de empregos. E, para desenvolver políticas públicas contracíclicas, nada como nossa antiga aliada, a estrada, com um excelente efeito multiplicador de investimento na economia e uma extraordinária capacidade de gerar até 500.000 empregos por US$ 1 bilhão investidos.
Diante dessas novas necessidades, os governos latino-americanos revisam seus planos de investimento rodoviário pré-crise, avaliando se permanecem relevantes e quais projetos devem priorizar. E o CAF pode apoiá-los com recursos, metodologias de análise e transferência de experiências regionais que ajudem na identificação desses projetos de alto impacto e sua prioridade.
A terceira etapa é a suposição de uma normalidade diferente associada a novos modelos de desenvolvimento. Apresenta-se como uma excelente oportunidade para enfrentar deficiências estruturais na infraestrutura rodoviária da região, acelerar a luta contras as mudanças climáticas, aumentar a resiliência, reduzir a demanda de transportes, impulsionar as cadeias de suprimentos locais e adotar novas formas de organização territorial.
Utilizando os pontos fortes CAF, podemos apoiar o setor rodoviário nos desafios enfrentados pela região nesta última etapa, propondo nossa abordagem de:
- Melhora na produtividade e da competitividade com estradas sustentáveis, focadas em cadeias de suprimentos planejadas e eficientes.
- Integração física da América Latina, para melhorar sua resiliência produtiva e garantir cadeias de suprimentos diante de um provável período de desglobalização.
- Impulsionando novas tecnologias na gestão da demanda de transporte e na operação rodoviária dinâmica, baseada em sistemas ITS, Big Data, V2V, C-ITS, CTC, etc.
Em suma, o CAF continuará apoiando as estradas como promotoras do desenvolvimento social e econômico da América Latina, como aliado dos países da região para superar a crise gerada pela COVID-19 e até mesmo dar um passo adiante.