A Ibero-América aposta nas startups govtech

Data do artigo: 21 de abril de 2021

Autor del post - Enrique Zapata

Especialista en Transformación Digital de CAF

Este artigo foi escrito por Carlos Santiso e Enrique Zapata, e também foi publicado no jornal El País.

Há alguns anos, os governos estão recorrendo a startups de tecnologia para melhorar os serviços públicos que prestam aos seus cidadãos. Existem soluções digitais para agilizar as compras públicas, outras que melhoram os serviços de saúde e a mobilidade urbana por meio da inteligência de dados, e outras que simplificam e tornam mais eficientes a arrecadação de impostos ou a gestão das finanças públicas.

Esse ecossistema de empresas, conhecido como, govtech, vive um momento de eclosão na Ibero-América. E não poderiam ter desembarcado em melhor momento em uma região que, apesar de sua heterogeneidade, se caracterizava por burocracias lentas, pouco transparentes e, muitas vezes, ineficientes. Tudo parece indicar que sua contribuição para a gestão pública será crucial para a modernização dos Estados e, sobretudo, para a prestação de serviços de qualidade adaptados às velhas necessidades e novas expectativas dos cidadãos.

Govtech é o mais recente movimento no setor de inovação pública, que busca colocar o setor público em modo startup, deixando três grandes vencedores: governos, empresas e cidadãos. É uma relação onde o governo encontra produtos e serviços inovadores para gerar impacto social, as empresas obtêm retornos financeiros e acessam novos mercados, e os cidadãos recebem serviços públicos de qualidade, personalizados e inteligentes que impactam seu cotidiano.

Na Cidade do México, por exemplo, a startup OPI Analytics trabalha com a Agência Digital de Inovação Pública para simplificar as compras públicas por meio da plataforma "Tianguis Digital&t;u>", onde os fornecedores podem aprender sobre oportunidades de fornecimento com o governo, digitalizar editais e contar com algoritmos para detectar potenciais riscos de corrupção. Na Colômbia, a Dasigno desenvolveu a plataforma "Mi Colombia Digital" para padronizar informações públicas de várias entidades territoriais, gerando economias de mais de 30 milhões de dólares.

Na Espanha, a Citibeats criou o Observatório Covid para entender as preocupações e necessidades das pessoas durante a pandemia e permitir respostas ágeis e inteligentes por parte dos governos. De fato, um sinal de interesse nesses novos empreendimentos com vocação pública é que a Agenda España Digital 2025 propõe a criação de um laboratório de inovação govtech para incubar e acelerar soluções para as administrações públicas. A Comunidade de Madri também tem seu próprio govtechlab, que busca aproximar a inovação gerada por startups, scale-ups e MPME digitais dos desafios das administrações públicas de Madri.

A tendência govtech está se acelerando por duas razões principais. Em primeiro lugar, o aumento significativo dos gastos públicos com tecnologia governamental em um mundo marcado por uma pandemia que acelerou a transformação digital das administrações públicas e as crescentes expectativas dos cidadãos por melhores serviços digitais. As compras governamentais são, de fato, um grande catalisador para a inovação.

Segundo, porque as MPME digitais são fundamentais para a recuperação econômica e dinamização do tecido empresarial na nova economia digital, particularmente aquela impulsionada pelos dados. Não haverá volta: nosso futuro será muito mais digital e a década de 2020 será uma década digital. Não é surpresa que investidores de impacto e de capital de risco estejam cada vez mais interessados neste segmento do setor com alto potencial de crescimento.

Por essa razão, a Espanha busca se transformar em um hub digital e energizar seu ecossistema de startups como vetor de crescimento econômico e de emprego para os jovens. Esta é precisamente a aposta no projeto de lei das startups e da estratégia de inteligência artificial aprovada em dezembro do ano passado, com um compromisso de 600 milhões de euros para os próximos três anos.

Neste cenário global, a Ibero-América se posiciona como um líder no desenvolvimento e na implantação de soluções govtech para melhorar vidas. Há evidências crescentes do potencial desses empreendimentos que buscam impacto social trabalhando com as administrações públicas  sobre este fenômeno na região, como os relatórios sobre Govtech e o Futuro do Governo ou o Índice Govtech 2020.

Nesse sentido, o CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- lançou no ano passado uma primeira rodada de investimentos de impacto em startups govtech na Colômbia, na Espanha e no México, que fornecem aos governos da região soluções replicáveis para gerenciar a pandemia e suas consequências. Com o apoio do Banco, o governo colombiano está promovendo seu primeiro Laboratório Govtech e o de Córdoba, Argentina estrutura um fundo de investimento govtech da prefeitura. Estamos em um momento de consolidação de agendas digitais para articular o talento das startups com vocação pública com as soluções que os governos precisam e as necessidades de investimento que são necessárias para que o círculo feche.

Para a construção do mundo pós-pandemia, govtech é uma estratégia que fortalece as capacidades dos governos, especialmente em nível local, para atender às necessidades e expectativas dos cidadãos, que cada vez mais utilizam os canais digitais para se relacionar com as administrações públicas. Hoje temos a oportunidade de reformular a maneira em que são usadas as tecnologias digitais dentro dos governos para melhorar sua própria eficiência operacional, potencializar as possibilidades financeiras do setor público e impactar positivamente a vida das pessoas, quando elas mais precisam.

Enrique Zapata

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Enrique Zapata

Especialista en Transformación Digital de CAF

Responsable de temas relativos a inteligencia de datos, nuevas tecnologías, gobierno abierto y GovTech. En 2018 fue electo como el primer Titular de la Plataforma Digital Nacional del Sistema Nacional Anticorrupción en México. Previamente fue Director General de Datos Abiertos en Presidencia de la República, desarrollando e implementando diversas iniciativas e inteligencia de datos e inteligencia artificial en sectores como anticorrupción, contrataciones, desarrollo económico, desastres naturales y salud, y desde donde representó al país en organizaciones como la OCDE y la OEA. Es miembro de la Red de Líderes de Datos Abiertos de ODI, de la Carta de Datos Abiertos y del Consejo Mexicano de Asuntos Internacionales (COMEXI). En 2019 fue electo como uno de los 100 Líderes del Futuro por Apolitical. Tiene una licenciatura en relaciones internacionales por parte de la Universidad Iberoamericana en la Ciudad de México, y una Maestría en Política Pública por la Universidad de Oxford.

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