Mais inclusão para as populações étnicas latino-americanas

Data do artigo: 24 de janeiro de 2023

Cerca de 30% da população da América Latina e do Caribe se identifica como étnica. A maioria vive em centros urbanos (80% dos afro-latinos e 50% dos indígenas), com uma presença marcante em bairros pobres, favelas, comunidades ou áreas marginais. Coletivamente, essa população ocupa posições desfavoráveis na maior parte dos índices socioeconômicos.

 

Por exemplo, 17% dos cidadãos que vivem em extrema pobreza são indígenas; 13% dos afrodescendentes estão desempregados e continuam tendo 2,5 vezes mais chances de viver na extrema pobreza (probabilidade que aumenta para 16% quando se trata de um agregado familiar); quase 4,5 milhões de mulheres negras trabalham como domésticas (aproximadamente 30% do total); e sua renda é, em média, 25% menor que a do restante da população.

Diante desta realidade, temos de encontrar respostas para que as populações éticas desempenhem um papel maior no desenvolvimento produtivo, no crescimento econômico, na transformação digital, no empreendedorismo, na criação de emprego e, em última análise, em todos os desafios que as sociedades modernas enfrentam.

As causas estruturais responsáveis pelas condições desfavoráveis em que as populações étnicas vivem atualmente não são fáceis de reverter, nem seremos capazes de resolvê-las sem uma colaboração conjunta de vários setores envolvendo entidades governamentais, a sociedade civil e o setor multilateral. Também é importante aprender com as experiências bem-sucedidas de outras regiões, aumentar os espaços de discussão e colaboração entre os países e fortalecer as instituições e seus programas.

Há várias ações em andamento em vários setores para reduzir a diferença étnico-urbana. No Uruguai, por exemplo, as cooperativas de mulheres negras (UFAMA) de Montevidéu estão promovendo o avanço de moradias em resposta aos problemas habitacionais de famílias afrodescendentes. No Brasil, iniciativas de empreendedorismo tecnológicas apoiadas pelo Google por meio do Black Founder Fund estão respondendo a barreiras discriminatórias de acesso ao crédito e ao investimento em iniciativas negras. Na Colômbia, foi criado recentemente o "Talento Visível" para promover a participação de afrodescendentes e indígenas em posições de liderança nos setores público e privado.

Nós, do CAF (banco de desenvolvimento da América Latina), também estamos fazendo a nossa parte.  Na Colômbia, estamos trabalhando em conjunto com a "Missão Afro Colômbia" para elaborar recomendações e propostas de intervenção a partir da área econômica, de pesquisa da oferta ambiental, do conhecimento da expressão cultural dos afrodescendentes e de sua governança e institucionalidade. Uma das áreas mais importantes está relacionada aos ambientes urbanos, sua infraestrutura, seus equipamentos e sua governança, especialmente em áreas do Pacífico colombiano como Buenaventura, Tumaco e Quibdó. Essas iniciativas serão cruciais para impulsionar e promover políticas de desenvolvimento com identidade étnico-territorial, bem como superar as lacunas históricas que têm dificultado o desejo de progresso das populações afrodescendentes-

O Fundo Prosperidade Colômbia é outra ação que visa reduzir as diferenças socioeconômicas das populações étnico-raciais. É uma linha de crédito de 1,2 bilhão de dólares para promover projetos de desenvolvimento sustentável nas regiões do Pacífico, do Caribe e do Grande Santander. O professor Jeffrey Sachs considerou recentemente a promoção do desenvolvimento baseado em comunidades uma aposta inovadora, um argumento que o motivou a se envolver no projeto e no acompanhamento de iniciativas sustentáveis para municípios afro-colombianos.  

Um desafio importante na América Latina e no Caribe é a elaboração de políticas de planejamento territorial com uma perspectiva urbana que incorporem as novas realidades das populações étnicas, que compreendam seu potencial para a sustentabilidade da vida urbana e que promovam intervenções que dignifiquem os ambientes de maior concentração habitacional de povos afrodescendentes e indígenas em contextos urbanos.

Ana María Baiardi

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Ana María Baiardi

Gerenta de Género, Inclusión y Diversidad, CAF -banco de desarrollo de América Latina y el Caribe-

Ana María Baiardi Quesnel, Gerenta de Género, Inclusión y Diversidad de CAF, cuenta con diversos estudios de posgrados por la Universidad de los Estudios de Perugia, Universidad Complutense de Madrid, el Instituto de Altos Estudios Estratégicos y la Universidad de Long Island, y un Diplomado en Agende de Igualdad en el marco de la Maestría en Intervención Interdisciplinar en Violencia de Género y Agente de Igualdad de la Universidad Internacional de Valencia, España. Fue Ministra de la Mujer del Paraguay y Vicepresidenta de la Comisión Internacional de las Mujeres de la OEA entre 2013 y 2018; se ha desempeñado como Embajadora de Paraguay en Perú e Italia; representaciones ante el MERCOSUR y la FAO; ha publicado distintas obras en torno a la Igualdad de Género y principales brechas, Violencia Intrafamiliar basada en Género, Violencia contra las Mujeres en el ámbito empresarial, entre otros.

Eddy Marcelin

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Eddy Marcelin

Coordinador de Diversidad Étnico-Racial, CAF -banco de desarrollo de América Latina-

Categorias
Equidade e inclusão social Inclusión social

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