O grande aceleradora digital

Data do artigo: 15 de setembro de 2020

Autor del post - Carlos Santiso

Director de Innovación Digital del Estado, CAF -banco de desarrollo de América Latina-

Este artigo também foi publicado no jornal El País

Em alguns anos, quando olharmos para trás e analisarmos tudo o que vivenciamos devido à pandemia, é provável que cheguemos a uma conclusão inesperada de profundo significado histórico: a COVID-19 será a grande aceleradora da transformação digital, tanto para as pessoas quanto para as sociedades, economias e administrações públicas. A agenda da digitalização, antes importante, agora, se tornou imprescindível.

Este sentimento de urgência permeia a recém-delineada Agenda Espanha Digital 2025, que, depois de anos sem uma bússola para orientar a visão de futuro, visa, agora, a colocar o país na vanguarda da digitalização global, por meio de um investimento de 70 bilhões de euros no próximos cinco anos. O ponto favorável desta iniciativa está na convicção de que o primeiro pilar é a digitalização do Governo.

É preciso reconhecer que a Espanha parte de uma posição relativamente vantajosa. De acordo com o índice das Nações Unidas, ocupa o 17º lugar no mundo e o 11º na Europa em termos de governo digital, graças, em parte, ao importante corpo profissional de engenheiros do Estado, responsáveis ​​pela infraestrutura de conectividade e modernização digital das Administrações.

O que a crise está acelerando com mais força é a adoção, por cidadãos e empresas, de canais digitais para interagir com as Administrações. Essa tendência gera expectativas maiores de agilidade nos serviços públicos, muitos dos quais ainda ocorrem em um mundo analógico, com interações desatualizadas e sérios problemas de acessibilidade. A conversão destes redutos analógicos em digitais implicará uma dupla tarefa: melhorar as competências digitais da população e acelerar a digitalização das Administrações, com serviços simplificados e personalizados.

Uma segunda grande aposta da agenda digital é a promoção da inovação e do empreendedorismo digital, duas vertentes em que a Espanha está atrasada. De acordo com o Índice Europeu de Inovação, o país é menos inovador que seus vizinhos portugueses e franceses. Curiosamente, o norte de Portugal é a região mais inovadora da Península Ibérica. A economia espanhola é caracterizada por um tecido de pequenas empresas com baixa digitalização, totalizando 99% do total de empresas e 50% dos postos de trabalho. No entanto, a criação de novas empresas de base tecnológica mostra um forte dinamismo, principalmente as start-ups em estágio inicial, mas com um desenvolvimento incipiente do ecossistema inovador e a presença de capital de risco.

Portanto, é urgente avançar com uma lei start-up para promover o empreendedorismo digital, incentivar o capital de risco e atrair talentos digitais. Nesse contexto, o setor público pode ser um grande catalisador da inovação, por meio das compras públicas. Os gastos públicos com tecnologia do governo, que já representam um grande mercado, aumentarão ainda mais e podem ser um fator impulsionador do desenvolvimento de empresas digitais que oferecem serviços de tecnologia para resolver problemas de políticas públicas.

Seguindo o modelo do Govtechlab de Madrid, lançado no início do ano, a criação da incubadora de inovação GovTechLab em nível nacional contribuirá para promover a utilização de novas tecnologias, como o blockchain entre Administrações públicas. Como a França vem fazendo desde 2013 e a Inglaterra desde 2017, esse mecanismo deve promover o empreendedorismo público e as >i>start-ups govtechs

Uma terceira grande aposta na agenda digital é economia de dados e a inteligência artificial. Isso vai além do intenso e necessário debate sobre a privacidade dos dados pessoais, a ética dos algoritmos e os direitos digitais que os aplicativos de rastreamento alimentaram. Também é uma aposta econômica. A economia de dados, ou seja, modelos de negócios baseados em dados como principal ativo e insumo produtivo, tornou-se o segmento mais dinâmico das economias modernas.

Na Europa, Bruxelas assume como prioridade a construção de um mercado único digital e a criação de uma estratégia europeia de dados. As implicações económicas são avassaladoras: a Comissão Europeia estima que o valor da economia de dados atingiu 300 mil milhões de euros, em 2016, e atingirá 739 bilhões, em 2020, valor que representa 4% do PIB do bloco. Globalmente, a regulação da economia de dados e a fiscalização das empresas digitais estão no centro das tensões entre a Europa e Estados Unidos. De fato, os ministros do G20 colocaram o foco na segurança da informação e no comércio de dados, depois que o acordo EUA-Europa sobre compartilhamento de dados foi invalidado.

O setor público pode ser um grande facilitador de empreendimentos baseados nos dados gerados pelas próprias Administrações. Segundo a agência digital Red.es, em 2018, existiam, na Espanha, 708 empresas que geravam serviços para terceiros com base na informação gerada pelo sector público, com um volume de negócios de quase 2 bilhões de euros e uma geração de 19 mil postos de trabalho.

Neste sentido, a criação de um chief data officer estatal seria uma grande conquista para a agenda digital. A tarefa mais urgente da transformação digital está na economia de dados, tanto em sua regulação quanto em sua governança, para garantir o uso responsável e, ao mesmo tempo, estimular o empreendedorismo digital. Essa tarefa tem uma dimensão global e exigirá soluções multilaterais. Portanto, já deveríamos começar a imaginar uma organização global de dados.

Carlos Santiso

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Carlos Santiso

Director de Innovación Digital del Estado, CAF -banco de desarrollo de América Latina-

Carlos Santiso es Director de Innovación Digital del Estado en CAF desde 2018. En las últimas dos décadas, ha trabajado en más de dos docenas de países en diversas capacidades en bancos multilaterales de desarrollo, agencias gubernamentales, e organismos internacionales. Antes de unirse a CAF dirigió la división de Innovación para los Servicios Ciudadanos del Banco Interamericano de Desarrollo, que integro en 2011 para liderar la División de Capacidad Institucional del Estado. Anteriormente, se desempeñó como gerente sectorial de gobernabilidad en el Banco Africano de Desarrollo entre 2007 y 2011, como asesor de gobernabilidad del ministerio británico para el desarrollo internacional entre 2002 y 2007 y como oficial principal en el Instituto Internacional para la Democracia y la Asistencia Electoral entre 1996 y 2000. Comenzó su carrera como asesor en la Oficina del Primer Ministro francés entre 1995 y 1996. Es miembro fundador de la junta asesora del Centro para la Gobernabilidad Democrática en Burkina Faso. Carlos tiene un doctorado. en economía política comparada de la Universidad Johns Hopkins (2006), un máster en política económica internacional de la Universidad de Columbia (1995) y un máster en política pública del Institut d’Etudes Politiques de Paris (1993). 

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COVID19 espana Govtech Transformação digital do estado

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