O poder dos dados para melhorar a mobilidade na América Latina

Data do artigo: 31 de março de 2023

Este blog coincide com uma nova chamada de artigos sobre dados e políticas para uma edição especial sobre mobilidade sustentável usando dados na América Latina. Aceitamos envios antes do prazo de 28 de abril.

O mundo vem passando por uma mudança significativa na forma como o conhecimento é produzido. Usar dados para impulsionar a inovação não é algo recente, mas sim uma prática tipicamente encontrada no mercado e no setor de consumo. No entanto, na última década, outros atores, incluindo governos, sociedade civil e organizações internacionais de desenvolvimento, perceberam o valor de usar dados oportunos e confiáveis para responder às questões mais prementes que gerariam benefícios sociais, incluindo a promoção do transporte sustentável e inclusivo Nas cidades.

De acordo com o relatório pós-pandemia elaborado em 2021 pela iniciativa "Hands on Data" da CAF e do Departamento Nacional de Planejamento da Colômbia (DNP), denominado "Uso de dados para a tomada de decisões no setor público", o rápido desenvolvimento da digitalização, as novas tecnologias digitais e a economia baseada em dados contribuíram para o crescimento exponencial da criação e consumo de dados em todo o mundo (CAF, 2021). A União Europeia estimou que aproximadamente 90% dos dados atualmente disponíveis foram gerados nos últimos 2 anos (Mohamed & Weber, 2020). No entanto, enquanto as cidades estão se esforçando para coletar dados, não necessariamente estão sendo organizadas, centralizadas e focadas na solução de problemas específicos. A empresa International Data Corporation (IDC) estima que, até o final de 2025, 80% dos dados mundiais poderão ser dados não estruturados.

Somado ao anterior, em alguns países da América Latina e do Caribe não há consenso sobre a importância de aproveitar os dados para a formulação de políticas públicas. Por outro lado, o setor público afirma estar significativamente atrás de seus pares em termos de dados e tecnologia. 43% dessas organizações percebem que estão atrasadas ou muito atrás da média da América Latina e do Caribe. Esse número sobe para 67% em comparação com os principais países do mundo. Cerca de 40% não possuem uma estratégia de transformação digital, enquanto esse número é de 27% para o setor privado  BID, 2022).

Para exemplificar o exposto, na Colômbia, a Política Nacional de Exploração de Dados (Documento CONPES 3920), diagnosticou em 2017 que apenas 1 em cada 4 organizações públicas havia alocado um orçamento para processos de digitalização, a maioria tinha menos de 70% da informação digitalizada, metade tinha processos de interoperabilidade com menos de 3 pares e também metade afirmou que na sua perspetiva aumentar a disponibilidade de dados abertos não resolveria nenhuma necessidade interna. Segundo a CAF, as oportunidades derivadas desse diagnóstico são fortalecer a cultura de dados, as competências internas, a disponibilidade de ferramentas tecnológicas e dados de qualidade e consolidar a governança no setor público (CAF, 2021).

Em maior profundidade, o setor de transportes passa por uma transformação com avanços na automação, eletrificação e digitalização de sua dinâmica de planejamento e operação em escala humana. A crise da pandemia de COVID-19 deu exemplos concretos destes benefícios permitindo, entre outras coisas, continuar com a produtividade das pessoas através do teletrabalho, evitando deslocações desnecessárias, aumentando a utilização e melhorando as condições dos transportes públicos e promovendo a construção de infraestruturas para pedestres e ciclistas para reduzir o risco de contágio.

Aproveitar o poder de dados mais precisos desde a conceituação até a implementação por meio da coleta, planejamento e monitoramento apoia a mudança transformacional no setor de transporte, permitindo a tomada de decisão baseada em dados. As limitações de dados podem ser superadas com o uso de imagens de satélite, sensoriamento remoto, aprendizado de máquina e metodologias de visão computacional. Esses avanços em dados e tecnologia criam novas oportunidades para trabalhar na avaliação de grandes investimentos em infraestrutura e na tomada de decisões de políticas públicas.

Uma investigação recente reconhece os dados como um ativo para a geração de valor social e econômico, indicando que poderia haver uma redução de 15% no custo dos serviços de infraestrutura graças a um melhor uso de dados e tecnologias digitais, e que isso poderia aumentar o PIB da América Latina e Caribe em 6% em 10 anos (BID, 2020).

As contínuas descobertas e disponibilidade de dados por meio de novas tecnologias de coleta abrem espaço para pesquisas inovadoras e suas aplicações no desenvolvimento global do setor de transporte. Nesse sentido, bancos de desenvolvimento e agências de cooperação começaram a identificar essas novas formas de responder aos desafios de políticas públicas de forma sistemática, econômica e transparente.

"A tecnologia e os dados são ferramentas poderosas para projetar e implementar políticas públicas, mas as políticas baseadas em evidências são atualmente a exceção e não a regra. Embora as cidades tenham acesso a várias fontes de dados, os formuladores de políticas muitas vezes carecem de ferramentas e conhecimento para transformar dados em informações para uma melhor tomada de decisão Identificar as questões políticas que precisam ser priorizadas e respondidas é fundamental para as cidades latino-americanas, não apenas para melhorar a gestão de seus sistemas de transporte, mas também para antecipar e construir cidades resilientes do futuro”, acrescenta Ángel Cárdenas, Diretor de Projetos de Infraestrutura da Região Sul do CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina. 

Por meio do uso e valorização de dados de mobilidade, CAF - Banco de Desenvolvimento da América Latina e TUMI - Transformative Urban Mobility Initiative se uniram para realizar o Projeto "TUMI Data - Dados para mobilidade sustentável" com o objetivo de viabilizar a transformação digital da mobilidade urbana em ambientalmente amigável, para criar cidades limpas, inclusivas, sustentáveis e habitáveis.

“A TUMI acredita que, para as cidades, os dados são um facilitador crucial para a tomada de decisões melhores e mais informadas sobre a mobilidade sustentável. Com o desenvolvimento de um hub de dados de mobilidade urbana, estamos trabalhando em conjunto com nossos parceiros para disponibilizar dados de mobilidade para cidades na África, América Latina e Ásia para moldar a transformação digital da mobilidade urbana de maneira ecológica”, disse Lena Plikat, Conselheiro de Políticas de Transporte na TUMI.

Para tornar isso possível, o “o quê, quem, como, quando” dos dados deve ser respondido para informar uma melhor formulação de políticas de transporte sustentável, em outras palavras, 1) identificar as questões mais prementes (através de métodos participativos); 2) mapear e entender quem possui e tem acesso aos dados e quais são as considerações; 3) reconhecer novos métodos de coleta e análise de dados que vão além de contextos específicos e abordagens focadas em projetos; e 4) testar e estabelecer maneiras de usar os dados em tempo hábil para resolver problemas urgentes e em evolução de políticas urbanas e de transporte.

CAF e TUMI estão desenvolvendo uma coleção especial de pesquisa, em parceria com Cambridge. Se você estiver interessado em saber mais e como se inscrever para fazer parte desta coleção, visite este link. Caso tenha interesse em conhecer mais sobre nosso trabalho, acesse: CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina e TUMI-Transformative Urban Mobility Initiative.

Angie Palacios

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Angie Palacios

Ejecutiva principal, Dirección de hábitat y movilidad sostenible, CAF -banco de desarrollo de América Latina-

Angie Palacios es experta en movilidad urbana de CAF, donde se enfoca en la inclusión e integración de la perspectiva de género e inclusión social en el sector de transporte urbano. Previo a CAF, trabajó en el sector de desarrollo internacional, particularmente en el diseño, ejecución y evaluación de proyectos de desarrollo económico local con componentes de equidad de género. Angie posee una Maestría en Desarrollo Económico y Político de la Universidad de Columbia en Nueva York.   

Luisa Rubio

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Luisa Rubio

Ejecutiva de Hábitat y Movilidad Sostenible

Luisa Rubio es ingeniera de transporte y trabaja en CAF — Banco de Desarrollo de América Latina como Project Officer para el proyecto TUMI Data for Sustainable Mobility. Luisa ha trabajado liderando proyectos de movilidad escolar para mejorar la experiencia de viaje y la accesibilidad a la educación de los niños en Bogotá, recientemente escribió un capítulo para el libro “Cidade para Diversidade” y formó parte de la cohorte de Streets for Kids Leadership Accelerator 2022.

Catalina Vanoli

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Catalina Vanoli

Especialista en transporte y científica de datos de la Dirección de Hábitat y Movilidad Sostenible de CAF

Catalina Vanoli es especialista en transporte y científica de datos. Trabaja en la Dirección de Hábitat y Movilidad Sostenible de CAF - banco de desarrollo de América Latina y el Caribe. En este rol, su objetivo es contribuir con una visión de desarrollo urbano justo, sostenible, y eficiente a las obras que financia el banco en toda la región. Está liderando la tercera edición del observatorio de movilidad urbana para América Latina y aboga por entornos de datos confiables y robustos para tomar decisiones informadas en el sector. Catalina es ingeniera Civil por la Universidad Nacional de Córdoba, Argentina  con una Maestría en Ciencias en Ingeniería de Transporte de la Universidad de California, Berkeley.

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