Quatro maneiras de reduzir a corrupção na América Latina

Data do artigo: 07 de novembro de 2019

Autor del post - Pablo Sanguinetti

Ex vicepresidente de Conocimiento, CAF

A corrupção na América Latina é vista, há muito tempo, como uma das principais preocupações da população, tanto por sua incidência cotidiana como por suas consequências econômicas e políticas. A percepção da corrupção na região é ligeiramente superior à média global e muito maior do que a média dos países desenvolvidos, de acordo com a Transparência Internacional.

Além disso, o Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED2019) do CAF concluiu que 51% dos latino-americanos consideram a corrupção o principal problema em seus países (acima das condições econômicas, do acesso à moradia e aos serviços ou da insegurança) e que 23% dos cidadãos denunciam já terem sido provocados com relação a pagamento de propina nos últimos 12 meses.

Há razões convincentes para essa preocupação. A corrupção reduz a capacidade do Estado de fornecer bens e serviços públicos de qualidade, limitando o crescimento econômico. Talvez, no entanto, sejam mais importantes as consequências para as instituições de governo: a sensação por parte dos cidadãos de que a corrupção está generalizada prejudica a confiança na democracia.

Essa realidade fez com que os governos latino-americanos reagissem, principalmente por meio da implementação de instrumentos legais e do fortalecimento dos órgãos de justiça. Além disso, vários países estão empreendendo iniciativas para aumentar a transparência e melhorar a prestação de contas. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer para preencher lacunas legais e garantir a eficácia de muitas das medidas que estão sendo implementadas.

O estabelecimento de uma agenda anticorrupção eficaz na América Latina deve incluir ações em quatro áreas, que se complementam e potencializam mutuamente. A primeira da lista é melhorar os mecanismos de regulamentação e controle da função pública. Isso envolve a combinação de regras ex ante que limitem as atribuições e a discricionariedade dos servidores (que decisões podem tomar e como) e controles ex post para fiscalização dessas decisões e ações, uma vez que tenham sido executadas. Em outras palavras, é necessário adotar critérios objetivos para a tomada de decisões (por exemplo, no caso de compras públicas e contratações), reforçar as instâncias de fiscalização (como os órgãos de auditoria) e fortalecer os sistemas de justiça com procedimentos e protocolos que facilitem investigações e a geração de provas (como o mecanismo da delação premiada).

A segunda frente de ação diz respeito à melhoria dos mecanismos de entrada na política e em cargos públicos. Isso implica a seleção de profissionais capazes, com baixa tolerância à corrupção e sem relações com clientes ou interesses particulares, a fim de garantir a independência no exercício dos cargos e um sistema eficaz de contrapesos no Estado. No caso de cargos políticos, os sistemas eleitorais devem procurar maximizar a pluralidade e a concorrência. Para isso, a regulamentação do financiamento de campanhas, com o estabelecimento de limites de contribuições de empresas e indivíduos e de despesas eleitorais, pode ajudar.

A terceira medida implica envolver o cidadão no monitoramento das ações de funcionários públicos e na promoção da prestação de contas. Um requisito indispensável é tornar as informações acessíveis por meio de leis de acesso à informação e de governo aberto, por exemplo. Além disso, deve haver canais de comunicação além do voto, como a criação de espaços para participação e denúncia, por meio de plataformas digitais ou redes sociais, promovidos pelo próprio Estado.

Finalmente, é essencial melhorar os regulamentos para controlar a influência dos interesses de empresas e de indivíduos nas decisões do Estado. Para conseguir isso, são necessárias leis que penalizem as pessoas jurídicas envolvidas no pagamento e oferta de subornos. A regulação dos conflitos de interesses e de atividades de lobby também é necessária. Nas contratações públicas e iniciativas de PPP, é importante fortalecer as capacidades das entidades contratantes para evitar que contratos inadequados resultem em renegociações onerosas na etapa posterior à licitação.

Nos próximos anos, os países da região têm uma tarefa importante pela frente: restaurar a confiança dos cidadãos em suas instituições públicas, por meio de uma gestão transparente, que minimize as possibilidades de prática de corrupção. E isso só será alcançado com Estados mais transparentes e eficientes no uso dos recursos públicos, que punam irregularidades e sejam sensíveis às necessidades reais dos cidadãos.

 

Pablo Sanguinetti

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Pablo Sanguinetti

Ex vicepresidente de Conocimiento, CAF

Ph.D. en Economía en la Universidad de California (EE.UU.). Máster en Economía en la misma universidad. Máster en Economía del Instituto Torcuato Di Tella (Argentina). Se desempeña como profesor de Economía de la Universidad Torcuato Di Tella. Sus intereses de investigación se centran en las áreas de comercio exterior e integración, desarrollo económico y federalismo fiscal. Anteriormente, fue investigador y profesor visitante en la Universidad de New México, la Universidad de Texas (A&M) y la Universidad de Bonn, Alemania. Ha sido miembro de LARR (Latin America Research Review). Ha trabajado como consultor del Banco Mundial, Banco Interamericano de Desarrollo, la Comisión Económica para Latinoamérica y el Caribe (ECLAC), y CAF-banco de desarrollo de América Latina, y ha sido miembro del directorio de la Comisión Nacional de Comercio Exterior de Argentina.  ver publicaciones  

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