Luis Carranza
Ex Presidente Ejecutivo de CAF
Este artigo também foi publicado no jornal Clarín
Desde o século XVIII, as margens do Rio da Prata protagonizam uma atividade de intercâmbio comercial e cultural crescente, na qual Buenos Aires, como capital do vice-reino, concentrou grande parte da atividade, local de onde saía uma alta porcentagem das exportações das colônias sul-americanas para a Espanha. Como resultado, a cidade teve sua aparência e sua dinâmica gradativamente transformadas, passando por um crescimento extraordinário, sofrendo processos de urbanização intensos e, em alguns casos, desorganizados.
Isso gerou a superposição de áreas residenciais e de lazer com estações de transporte público de longa distância, ou o uso compartilhado das mesmas avenidas e ruas tanto por meios de transporte particular como de carga, que chegaram a representar até 40% do tráfego de veículos. O impacto desses desajustes foi evidente: congestionamento do tráfego, poluição ambiental, ineficiência nos custos de transporte ou infraestruturas disfuncionais.
Diante desse panorama, surge o projeto de renovação do Paseo del Bajo, obra que custou US$ 650 milhões, 400 deles financiados pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina, concebida para oferecer uma solução estrutural a muitos desses problemas e dar o impulso que Buenos Aires precisa para maximizar o impacto da atividade comercial, facilitar a mobilidade urbana e potencializar a produtividade.
A renovação do Paseo del Bajo pretende, em primeiro lugar, conectar Puerto Madero e o Microcentro, fisicamente separados por alguns quarteirões, mas até o momento desvinculados pela falta de uma Infraestrutura de transporte adequada. Para resolver essa questão, um corredor rodoviário de 7,1 quilômetros será conectado às rodovias Illia e Buenos Aires-La Plata, o que possibilitará a separação entre os transportes leves e de carga, favorecendo a redução dos custos logísticos associados ao comércio externo e interno, emissões de gás e geração de ruído.
O Paseo del Bajo conta com quatro pistas exclusivas para caminhões e ônibus de longa distância e oito pistas para veículos leves, o que reduzirá os tempos de deslocamento de mais de 100 mil veículos por dia. Também oferece serviços tecnológicos de última geração, como a incorporação do sistema "Estradas sem barreiras", que inclui a cobrança eletrônica de pedágios por meio da leitura de placas sem necessidade de diminuir a velocidade, o que contribui para reduzir a poluição e economizar combustível.
Os benefícios também implicarão uma verdadeira transformação urbana, ao acrescentar ambientes mais limpos, eficientes e seguros e ampliar a mobilidade de pedestres e ciclistas por meio de ciclovias e pontes. Será recuperada uma superfície de 60.000 m² para uso público e será incorporado um novo pulmão verde à cidade, onde os portenhos poderão desfrutar de atividades de lazer e recreação. Também afetará diretamente a economia da cidade, reduzindo os custos de transporte e melhorando a competitividade das empresas, gerando impactos positivos diretos na produtividade urbana.
Essa obra é especialmente relevante para o CAF por ser representativa do tipo de intervenções integrais para o desenvolvimento que a instituição promove em áreas urbanas em toda a região, através de seu programa Cidades com Futuro.
Em seu compromisso com o desenvolvimento da Argentina, o CAF aprovou aproximadamente US$ 4,7 bilhões para o país nos últimos cinco anos (2014-2018), por meio de projetos de infraestrutura, integração, produtividade e inclusão social.