Inovações na medição para produção sustentável na América Latina
Existem múltiplas ferramentas de conceituação e planejamento de negócios, como o Canvas ou Lienzo, uma das mais difundidas, que permitem organizar os elementos que compõem a proposta de valor de produtos e/ou serviços com estrutura de custos e receitas, entre outros. Existem também diversos métodos contábeis para mensurar o valor da produção e o quanto incorporam as empresas em cada etapa da cadeia produtiva de bens e serviços. Por outro lado, a capacidade dos sistemas de produção na atividade empresarial é tradicionalmente medida com base na Produtividade Total dos Fatores (PTF). A PTF estima a eficiência na combinação de trabalho, terra, capital, etc., para obter um nível de produção. Para isso, é fundamental que todos esses fatores tenham um preço de mercado para sua valorização.
No entanto, esses cálculos tradicionais da atividade produtiva não incorporam os chamados passivos ambientais gerados pela própria atividade. Também não leva em consideração o consumo de serviços ambientais que contribuem para a sustentação da atividade. Diante disso, IICA-FAO-CEPAL destacam a importância de expandir essa medição sob o conceito de Produtividade Total dos Fatores (PTF), que incorpora medições dos valores econômicos dos bens e serviços ambientais consumidos no processo. Nessa medição, são utilizados métodos de avaliação não mercadológicos (preços sombra, custos de abatimento, outros).
Como alternativa mais ampla para a análise desses custos, a Produtividade Total de Fatores Verdes (PTFV), incorpora todos os itens acima e adiciona as emissões de CO2, o que também permite descontar na equação o impacto das emissões no meio ambiente. Essa forma muito mais inclusiva de avaliar a eficiência dos processos produtivos e empresariais pode determinar que um setor produtivo tenha uma alta PTF, mas no balanço de médio e longo prazo, pode ser atenuada se tiver impactos ambientais negativos e/ou consumir a uma alta taxa os serviços ambientais de seu entorno.
Sob essa abordagem, as ferramentas de design de modelo de negócios também foram inovadas para incorporar o componente de sustentabilidade ambiental. Por exemplo, o Ecocanvas de N. Cerantola, com base na Economia Circular, Inclui uma análise do Ciclo de Vida dos produtos, detalhando quais recursos são irrecuperáveis na fabricação, se existem biomateriais recuperáveis, se está prevista uma fase de aterro ou incineração de resíduos, logística reversa, etc. facilitando, assim, uma conceituação do negócio baseada no Ecodesign.
Outro caso é o do Moonfish Circular Business Model da Delft University, para pequenas e médias empresas que buscam gerar “valor sustentável”, para o qual realiza uma análise de circularidade de seus processos. Esse modelo também amplia o Canvas, reorganizando os fluxos de recursos e atividades em processos que reincorporam materiais, devolvem produtos para manutenção e reparo, reciclagem ou outros.
O CAF, com o objetivo de se consolidar como o Banco Verde da América Latina e Caribe, por meio de suas diversas operações, promoverá a inovação de modelos de negócios no setor privado de seus países membros. Tais inovações requerem financiamento para adoções tecnológicas, desenvolvimento de novos materiais e produtos, entre outros que os bancos de desenvolvimento buscam estimular de forma acelerada. É claro que medir o impacto dessa transformação é altamente relevante para a tomada de decisões relacionadas à sustentabilidade e ao desenvolvimento do mercado sob os novos determinantes ambientais.