Rumo a um mercado de carbono latino-americano

Data do artigo: 13 de dezembro de 2021

Autor del post - Jorge Arbache

Vicepresidente de Sector Privado, CAF -banco de desarrollo de América Latina y el Caribe-

Das questões discutidas na COP26, uma das que mais chamará a atenção da região é o mercado de carbono, principalmente por um motivo claro: a América Latina e o Caribe podem se posicionar como o maior fornecedor mundial de créditos de carbono. Não é exagero considerar que, com a aprovação do artigo 6º do manual básico do Acordo de Paris, haverá uma espécie de “corrida do ouro” entre países e empresas, bancos, fundos e consultores para ocupar espaços neste mercado multimilionário. De fato, de acordo com algumas estimativas, o valor do mercado poderá chegar a 22 trilhões de dólares em 2050.

Embora a aprovação do manual básico ajude a ordenar a formação de mercados e preços, ainda haverá muitas áreas cinzentas até que o problema se estabilize ainda mais. O principal incentivo para o mercado avançar é o preço por tonelada de carbono, que, nos últimos anos, tem se mostrado baixo, mas muito volátil, devido à natureza incipiente de sua organização. Mas à medida que o mercado continue se organizando, os preços subirão e aterrizarão entre USD 75 e USD 100, que seria o valor necessário para alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

Os mercados já estavam se antecipavam às decisões da COP26 e aceleravam os contratos de créditos de carbono, que devem atingir um montante recorde em 2021. Muitos países, estados e até cidades já haviam ingressado e muitos outros estão ingressando nesse mercado, sugerindo a formação de um mercado altamente fragmentado. Com base na experiência dos mercados financeiro, de capitais e de commodities, no entanto, pode-se antecipar que haverá uma espécie de “darwinismo”, em que apenas os mais preparados e mais adaptados sobreviverão. Para resistir, será necessário gerar massa crítica, ou seja, atrair parcela significativa de fornecedores e demandantes de créditos de carbono, elementos necessários para formar um mercado eficiente e dinâmico. Pode-se antecipar, de forma especulativa, que haverá apenas alguns hubs globais, possivelmente incluindo um chinês, um americano, um europeu e, talvez, um latino-americano.

Mas o que é necessário para que um mercado de carbono ganhe massa crítica? Diversos fatores, mas o mais importante é a infraestrutura, que inclui base legal, taxonomia e certificações, além de toda uma cadeia de serviços sofisticados e caros, necessários para identificação de riscos, precificação, garantia de integridade de crédito e previsibilidade de mercado. Outro fator é uma oferta oportuna e diversificada de projetos verdes, o que requer mercados de serviços financeiros desenvolvidos. Por fim, disponibilidade de profissionais qualificados para a infraestrutura e para o ciclo de originação, desenvolvimento, execução e acompanhamento do projeto.

O desenvolvimento de um mercado regional latino-americano baseado em economias de escala e redução de custos e uma oferta ampla, de alta qualidade e diversificada, de créditos de carbono poderia contribuir decisivamente para o desenvolvimento de vantagens comparativas e competitivas do capital natural da região, otimizando esforços, desenvolvendo clusters de negócios sustentáveis, atraindo tecnologias e catalisando capital privado nacional e internacional. O desenvolvimento de mercado pode ampliar as alternativas de financiamento para investimentos em projetos de alto impacto social, ambiental e tecnológico e para o desenvolvimento de mercados de terceiros que, de outra forma, não decolariam ou teriam dificuldade de fazê-lo.

No entanto, a formação de um mercado regional enfrentaria desafios internos na região. O primeiro está associado a uma visão imediatista de conceber os mercados nacionais como instrumento para ganhar influência política local e ampliar a base tributária. Um segundo desafio é o fato de que já existe algum movimento em torno da formação de mercados subrregionais, o que poderia ajudar a harmonizar regulamentações e normas, mas também prejudicar uma visão regional. Um terceiro é a necessidade de promover taxonomia, harmonização de normas e regulamentos, certificações, reconhecimento mútuo e outras questões complexas que normalmente permeiam o processo de um mercado regional. Um quarto desafio é a disponibilidade limitada de recursos e as conhecidas falhas de mercado da região. Um quinto são as fraquezas institucionais e de governança. Outro desafio é o tamanho muito desigual dos mercados nacionais da região, o que pode gerar desconfiança entre os países. Um sétimo desafio é a disponibilidade limitada de instrumentos financeiros e não financeiros adequados e atraentes para mobilizar recursos de financiamento de projetos a preços e condições competitivas.

Para avançar, será necessário alinhar interesses, unir esforços na formação dos mercados nacionais com os do mercado regional e abraçar uma agenda de trabalho com os fatores e desafios mencionados acima. A tarefa não é fácil, mas, considerando que a região teria muito a se beneficiar em termos de financiamento para o desenvolvimento, geração de emprego e renda, arrecadação de impostos, internacionalização, maior investimento e desenvolvimento de tecnologias e inovação, esforços para promover um mercado regional carbono são mais do que justificados.

Finalmente, o ambiente concorrencial internacional nos mercados de carbono, combinado com o aumento da demanda global por créditos devido aos compromissos de atender às NDCs e compromissos de responsabilidade social corporativa oferecem uma oportunidade de desenvolvimento, talvez, ainda mais poderosa do que o boom de commodities vivenciado pela região no início do século. A diferença é que, desta vez, a agenda poderá combinar a conservação e a regeneração do capital natural com diversificação econômica, avanços tecnológicos e combate à pobreza como fatores determinantes para o crescimento sustentável e sustentado da região.

Jorge Arbache

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Jorge Arbache

Vicepresidente de Sector Privado, CAF -banco de desarrollo de América Latina y el Caribe-

Antes de su ingreso a CAF fue Secretario de Asuntos Internacionales del Ministerio de Planificación, Desarrollo y Gestión de Brasil y Secretario Ejecutivo del Fondo de Inversión Brasil-China. También fue economista jefe en el Ministerio de Planificación en Brasil; Asesor económico principal de la Presidencia de BNDES y Economista Principal del Banco Mundial en Washington, DC. También es profesor de economía en la Universidad de Brasilia. Arbache tiene más de 28 años de experiencia en las áreas de gobierno, academia, organizaciones internacionales y sector privado. Su interés radica en agendas de crecimiento económico y políticas sectoriales que incluyen comercio internacional, inversión, productividad, competitividad, innovación, economía digital, industria y servicios. Es autor de cuatro libros y docenas de artículos científicos publicados en revistas académicas internacionales. Es licenciado en Economía y en Derecho y Doctor en Economía por la Universidad de Kent (Reino Unido).

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Meio ambiente Gestão ambiental Mudança climática

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