Como o planejamento urbano impacta a saúde?
07 de abril de 2023
A rápida e mal planejada urbanização da América Latina e do Caribe levou a muitos desafios, como a acessibilidade habitacional, a sustentabilidade dos transportes ou o acesso seguro a serviços de água e saneamento. Embora muitos dos problemas da urbanização mal gerida possam impactar a qualidade de vida das pessoas em múltiplos aspectos, seus efeitos nas saúdes física e mental também merecem ser destacados.
Alguns exemplos podem explicar a questão: Estima-se que 21% da população urbana viva em assentamentos informais sem acesso a serviços e infraestrutura adequados, principalmente água potável, fazendo com que milhões de pessoas não tenham acesso seguro e gerando alta exposição a doenças transmitidas pela água, o que afeta especialmente a mortalidade de crianças menores de 5 anos de idade.
Cerca de 36% do ruído gerado nas cidades provem do tráfego de carros particulares e do transporte público. Esse fenômeno, ao qual os moradores da cidade dedicam pouca atenção, tem, por exemplo, um impacto significativo no aumento da pressão arterial da população infantil.
Outro exemplo é que a ausência de infraestrutura adequada (praças, parques, ciclovias) desestimula a prática de atividades físicas. Na região, o número de pessoas que não realizam atividades desse tipo subiu para 39% nos últimos anos. Isso pode levar a doenças como câncer de mama ou diabetes e, ademais, tem um impacto ainda maior nas mulheres, pois quando existem fatores de insegurança, mulheres e meninas tendem a ser desencorajadas a praticar menos atividade física do que os homens.
A pandemia de COVID-19 evidenciou a relação entre saúde e desenvolvimento urbano, pois permitiu observar as cidades que implementaram intervenções que contribuíram para reduzir o contato e, portanto, o contágio. Muitas dessas iniciativas têm sido um ponto de partida para os governos locais proporem ações para promover uma vida mais saudável onde é essencial pensar na infraestrutura de saúde e, por sua vez, satisfazer as necessidades de infraestrutura, bons serviços, alimentação, moradia adequada e cuidado com o meio ambiente.
No CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina), criamos um guia para cidades mais saudáveis que fornece quadros conceituais, recomendações e exemplos práticos para uma vida mais saudável nas cidades com base no trabalho conjunto entre planejamento urbano e agenda de saúde no nível municipal, de acordo com as melhores práticas disponíveis internacionalmente.
Esse guia apresenta recursos com os quais um governo local pode contar para produzir ambientes urbanos mais saudáveis, por exemplo, regulamentar o uso do solo pode garantir e preservar a qualidade dos recursos naturais; incentivar a atividade física; simultaneamente, promover o bom uso da infraestrutura e torná-la economicamente viável; e facilitar o acesso a alimentos frescos e de qualidade.
A gestão integral de resíduos sólidos urbanos é um elemento crítico no planejamento, consolidação e manutenção de cidades mais saudáveis. Também são essenciais a infraestrutura segura para acessibilidade e mobilidade sustentável. Os governos locais têm um papel fundamental na melhoria da segurança em pontos críticos da infraestrutura rodoviária, promovendo a aplicação do marco regulatório e garantindo seu cumprimento.
Uma abordagem de saúde em todas as políticas torna-se uma oportunidade para os governos locais de nossa região repensarem ações coordenadas e intersetoriais em saúde e desenvolvimento urbano. Este guia busca contribuir para o alcance desse objetivo.
https://www.milenio.com/opinion/angel-cardenas/columna-angel-cardenas/la-planeacion-urbana-impacta-en-la-salud
Ángel Cárdenas
Gerente de Desarrollo Urbano, Agua y Economías Creativas, CAF -banco de desarrollo de América Latina y el Caribe-
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