Como fechar as lacunas de investimento em infraestrutura na América Latina e no Caribe

15 de agosto de 2024

Por Alberto Ñecco e Andrea Chagra, CEO da CAF-AM e gerente de Estruturação e Novos Negócios da CAF-AM, respectivamente.

Com um enorme potencial para ser eficiente e competitiva em escala global, a América Latina e o Caribe (ALC) enfrenta desafios significativos na redução das lacunas de infraestrutura física e digital, ambas necessárias para uma integração regional que impulsione a produtividade.

Até 2030, a ALC precisa investir mais de USD 2.220.736 milhões nos setores de água e saneamento, energia, transporte e telecomunicações para expandir e manter a infraestrutura necessária para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Deste total, 59% deve ser destinado a investimentos em nova infraestrutura e 41% a investimentos de manutenção e reposição de ativos que estão chegando ao final de sua vida útil.

Em outras palavras, a região precisará investir pelo menos 3,12% do seu PIB a cada ano e, de acordo com o índice de integração de infraestrutura e conectividade, existe um atraso de 19,4% em relação à Europa, a região mais integrada do mundo; de 7% em relação à Ásia; e de 5,4% em relação à média mundial, superando apenas a África.

Diante dessa situação, o investimento é fundamental para romper o ciclo de desigualdade, pobreza e baixo crescimento. Mas esse investimento deve estar ancorado em uma estratégia de desenvolvimento que aumente a produtividade das economias da região, enquanto se adotam tecnologias ambientalmente responsáveis e se reduzem as emissões de CO2, com o objetivo de alcançar a meta de emissões líquidas zero até 2050.

Para gerar esses processos, os países precisam de investidores. E esses, por sua vez, precisam de sinais claros que mostrem o grau de compromisso e o desenvolvimento financeiro dos países. Um dos sinais mais utilizados é o grau de investimento. Dos 195 países reconhecidos a nível mundial, apenas 60 possuem essa classificação. Na América Latina e no Caribe, de 33 países, apenas 7 superam a nota mínima necessária para serem considerados grau de investimento.

Embora a visão macroeconômica do desenvolvimento econômico por meio de investimentos em infraestrutura seja essencial para definir necessidades, oportunidades e modalidades, o aspecto micro é igualmente importante. A qualidade dos estudos dos projetos, a rapidez na sua preparação e a estruturação financeira são desafios enfrentados por todos os países da ALC e que estão intimamente ligados ao apetite do mercado pelos projetos na carteira dos países. Uma maior participação do setor privado em várias etapas pode ajudar a diminuir as lacunas de infraestrutura.

Cientes dessa dinâmica, a CAF e a CAF-AM criam oportunidades e aportam recursos desde a ótica do desenvolvimento econômico e social, assim como da gestão de recursos privados.

A CAF-AM, por meio da gestão de fundos privados para o financiamento de infraestrutura, apresenta oportunidades tanto para investidores locais quanto internacionais, alavancando a presença e a experiência da CAF na região e trabalhando junto aos governos para contribuir para o ambiente de participação do investimento privado no desenvolvimento de infraestrutura de uso público. Os mesmos desafios descritos para a ALC se tornam oportunidades para estabelecer relações de longo prazo que beneficiem todas as partes e contribuam para o crescimento sustentável e equitativo da nossa região.

Para acelerar as políticas públicas para atrair investimentos que favoreçam a criação de empregos de qualidade e melhorem o desenvolvimento sustentável na região, a CAF e a CAF-AM, em parceria com o Financial Times, estarão reunindo investidores, gestores de ativos, reguladores e líderes de centros de estudo em um evento no dia 4 de setembro em Nova York. Este encontro explorará os modelos de financiamento para áreas cruciais do desenvolvimento de infraestrutura e as crescentes oportunidades para os gestores de ativos na região.

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