CAF e AFD apoiam cidades sustentáveis na América Latina
Assinado crédito de 100 milhões de euros para financiar projetos urbanos que contribuam para mitigação e adaptação às mudanças climáticas na Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e República Dominicana
O CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) assinaram uma linha de financiamento no valor de 100 milhões de euros, dirigida ao financiamento de projetos urbanos, tanto para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa como para a adaptação aos impactos das mudanças climáticas em cidades da Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e República Dominicana.
O acordo foi assinado pelo presidente-executivo do CAF, Enrique García, e pela diretora-executiva da AFD, Anne Paugam, como parte da reunião do grupo de direção do Clube de Instituições Financeiras Internacionais de Desenvolvimento (IDFC) e doClimate Finance Forum, organizado pelo IDFC e pela AFD em Paris, França.
Os fundos vão permitir o financiamento de projetos de governos nacionais, regionais, departamentais (estatais) ou municipais nos setores de energia, regeneração urbana, habitação, transporte urbano, água potável e esgoto.
Enrique García destacou a importância do financiamento multilateral perante as mudanças climáticas.
"O CAF desenvolve um papel catalisador ao canalizar recursos de outras regiões para a América Latina para este tipo de iniciativas, porque somos conscientes dos desafios que o desenvolvimento urbano representa com relação ao carbono, assim como a prevenção e mitigação das mudanças climáticas", declarou.
Por sua vez, Anne Paugam ressaltou a importância de que dois bancos de desenvolvimento, como o CAF e a AFD, coordenem sua estratégia de financiamento de projetos de luta contra as mudanças climáticas em uma região como a América Latina, onde as cidades compartilham os mesmos desafios em termos de mitigação e adaptação. Também ressaltou a complementaridade das duas instituições nesta área, graças à experiência da AFD no financiamento de projetos baixos em carbono em diversos países, e do alto nível de conhecimento do CAF sobre a realidade das cidades latino-americanas.
Deve-se recordar que no âmbito da COP20, conferência realizada em dezembro passado na cidade de Lima, o CAF e a AFD assinaram um acordo de cooperação de 500.000 euros a fim de que a instituição multilateral conte com mais recursos para financiar o programa "Cidades e mudanças climáticas", através do qual se proporcionará assistência técnica para a definição de estratégias urbanas climáticas, como a pegada de carbono, a pegada de água e os índices de vulnerabilidade, assim como para a elaboração de planos de ação perante as mudanças climáticas em diversas cidades da região.
Através do crédito e do programa de cooperação técnica se busca mobilizar as cidades e os governos locais da América Latina para fortalecer, com compromissos e projetos concretos, a agenda positiva de soluções no âmbito das negociações climáticas internacionais e da COP21, que se realizará em Paris em dezembro de 2015.
Desafios para a região
A América Latina é a região mais urbanizada do planeta, com quatro das 20 cidades do mundo com mais de 10 milhões de habitantes, e 55 das 414 cidades com mais de um milhão de habitantes. Nestas 55 cidades habitam 183 milhões de pessoas, um terço da população total da América Latina. Segundo o relatório da ONU Habitat de 2012, essa proporção é superior à do grupo de países mais desenvolvidos. Por outro lado, 55% do PIB regional é produzido nas cidades e se espera que 80% do crescimento futuro se origine em centros urbanos.
Em 2013, o CAF lançou sua iniciativa "Cidades com Futuro", que tem como objetivo o desenvolvimento sustentável das cidades. A estratégia propõe diretrizes comuns para as suas intervenções em áreas urbanas, as quais, através de uma visão e uma agenda integral de desenvolvimento, permitam aproveitar as sinergias das diversas iniciativas que a instituição promove nas áreas de gestão pública, segurança pública, transformação produtiva, infraestrutura, desenvolvimento urbano inclusivo, meio ambiente, energia e TIC.