Especialistas debatem inovação aplicada aos recursos naturais
As políticas desenvolvidas em cinco países da América Latina para aprimorar o uso dos recursos com técnicas inovadoras foram analisadas em uma oficina internacional, organizada pelo CAF, pela Universidad de la República e pela Cieplan
Especialistas regionais e locais reuniram-se para debater o tema "Inovação Tecnológica Latino-americana em Recursos Naturais", em uma oficina internacional organizada pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina-, junto com a Universidad de la República (Udelar) e a Corporação de Estudos para a América Latina (Cieplan).
Durante um dia inteiro, que incluiu vários seminários e mesas redondas, as experiências aplicadas na Argentina, Brasil, Chile, México e Uruguai foram analisadas, considerando-se as políticas de cada governo em relação à geração e aplicação de tecnologia, e o quadro institucional existente para promover a inovação.
"Para se realizar a análise e elaborar políticas públicas apropriadas é necessário conhecer a realidade", afirmou Gladis Genua, diretora-representante do CAF no Uruguai. "Essa é uma tarefa na qual estamos imersos há muito tempo, apoiando a pesquisa e a geração de conhecimento latino-americano e colocando tudo isso à disposição dos nossos países".
Neste sentido, realizou-se a aliança de pesquisa com a Cieplan, a fim de aprofundar a incorporação da inovação e do desenvolvimento tecnológico aos recursos naturais na América Latina e, assim, converter as vantagens comparativas em competitivas e alcançar um maior nível de competitividade e de desenvolvimento.
Pablo Piñera, diretor-executivo da Cieplan-Chile, convidou a encontrar caminhos para aproveitar os recursos naturais característicos do continente a fim de promover a inovação, a qual descreveu como "um componente fundamental para maximizar o crescimento e a competitividade dos países".
Já Álvaro Ons, representante do Escritório de Planejamento e Orçamento (OPP por sua sigla em espanhol) no Gabinete Ministerial de Competitividade do governo, comentou sobre a importância que o Uruguai proporciona para a geração de parcerias público-privadas.
"Deve-se apostar para ter uma visão mais integral e conjunta em relação ao desenvolvimento da produção, inovação e integração internacional", disse Nos. "O Uruguai é um país muito pequeno, por isso esta visão integradora entre o Estado e o setor privado é fundamental".
O setor agropecuário foi o exemplo escolhido para ilustrar os avanços e desafios que o país enfrenta em termos de inovação em uma mesa redonda intitulada "Redes de Inovação Agropecuária no Uruguai", que teve como principal oradora Cristina Zurbriggen, doutora em Ciência Política e integrante da Udelar.
Durante sua palestra, Zurbriggen concentrou-se na rastreabilidade do gado e sua importância no setor pecuário do Uruguai, assim como nas capacidades geradas pelo Estado graças a esta inovação. Neste sentido, destacou que o Uruguai é o único país no mundo com 100% de gado bovino cadastrado e identificado eletronicamente, o qual permite monitorar toda a cadeia de produção a partir do Sistema Nacional de Informação Pecuária e do Sistema Eletrônico da Indústria da Carne.
Além da segurança na mobilização do gado, a certificação da carne bovina uruguaia e a erradicação de diversas doenças do gado, o processo de inovação permitiu trasladar as capacidades geradas na rastreabilidade do solo e dos agrotóxicos.
O caso argentino também foi analisado do ponto de vista agropecuário, enquanto que a situação brasileira foi abordada a partir do desenvolvimento da indústria do petróleo e do gás. O México concentrou-se no setor manufatureiro, e o Chile, na produção de cobre.