Programa Capacitree: salvar a Amazônia via satélite.
Essa iniciativa faz parte do Programa Capacitree, destinado a capacitar pessoas em todo o mundo para monitorar o desmatamento
.O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o CAF - banco de desenvolvimento da América Latina - lançaram hoje as vídeoaulas do Projeto Capacitree - Capacitação e Monitoramento de Florestas via Satélite. Esta ação complementa as atividades do Centro Regional da Amazônia do INPE, que, em dois anos, preparou cursos presenciais nas práticas brasileiras de monitoramento da Amazônia via satélite para mais de 250 pessoas da América Latina, da Ásia e da África.
As 24 aulas estarão disponíveis em português, inglês, espanhol e francês. Os interessados devem se inscrever pelo seguinte endereço eletrônico: www.inpe.br/cra. Os primeiros quatro vídeos conterão noções básicas de detecção remota, geoprocessamento e processamento digital de imagens, bem como fornecerão informações sobre o Programa da Amazônia do INPE, que utiliza o sistema TerraAmazon em suas atividades de monitoramento como o PRODES, que contabiliza a taxa anual de desmatamento da Amazônia, e o DETER, que serve como alerta para a fiscalização.
Também será disponibilizado o conteúdo especificamente relacionado com as aulas sobre o Sistema TerraAmazon, dividido em 20 vídeos, por meio do canal do YouTube INPE-CRA.
"Com as vídeoaulas, abrimos uma área importante do nosso programa de capacitação, que pode ser acessado por pessoas que não moram no Brasil para participar dos cursos presenciais", explica Alessandra Gomes, chefe do Centro Regional da Amazônia do INPE. O instituto brasileiro é consultado frequentemente para repasse de tecnologia e métodos de monitoramento ambiental via satélite, que são considerados os mais avançados do mundo. Desde 1970, quando foi lançado o primeiro satélite de observação terrestre (Landsat, dos EUA), o INPE vem realizando atividades baseadas em dados orbitais sobre a florestamento.
Um dos legados dessa experiência é o PRODES, que está prestes a completar 27 anos, fornecendo, ininterruptamente, dados precisos sobre o desmatamento da maior floresta tropical do planeta. Ao longo dos anos, o monitoramento da Amazônia tem se beneficiado de novas tecnologias e satélites. Em 2004, o INPE desenvolveu o DETER, cujas informações diárias são transmitidas para o Ibama e outros órgãos ambientais do Estado, que podem intensificar a fiscalização no local.
O governo brasileiro usou os dados fornecidos pelo PRODES e pelo DETER como fonte para desenvolver as políticas e as ações de comando e controle do desmatamento. Apresentaram efeitos positivos na redução da taxa de desmatamento da Amazônia brasileira, diminuindo mais de 27.000 quilômetros quadrados em 2004 para aproximadamente 5.000 quilômetros quadrados em 2014.
Com o Projeto Capacitree, o INPE espera se tornar uma referência mundial em capacitação e monitoramento de florestas via satélite. Dessa forma, todos os países interessados em proteger as suas florestas poderão ter os seus próprios sistemas de monitorização. Para o desenvolvimento das vídeoaulas, o INPE recebeu recursos do CAF e o apoio da FUNCATE (Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologias Espaciais).
Ligia Castro, diretora da Direção do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do CAF, acredita que esse tipo de iniciativa reafirma a política da instituição de disseminar o conhecimento entre os países, fortalece as instituições nacionais, regionais e locais de meio ambiente, além de complementar o trabalho que o CAF realiza junto com o Brasil e com a Itália na conservação e no uso sustentável das florestas por meio do Projeto Amazônia. O representante do CAF no Brasil, Víctor Rico, argumenta que a iniciativa faz parte de um conjunto de ações de cooperação técnica mantidas pelo CAF no Brasil para promover o desenvolvimento sustentável em consonância com as prioridades do governo brasileiro.