Quais são os fatores de risco do setor elétrico perante o fenômeno El Niño
Os indicadores atmosféricos do El Niño 2015-2016 têm se manifestado de forma coerente e se intensificaram durante os últimos meses. As previsões dos modelos e as opiniões dos especialistas sugerem que é provável que as temperaturas da superfície da água nas partes central e leste do Oceano Pacífico tropical aumente 2°C acima do normal, o que poderia fazer com que se convertesse em um dos quatro episódios mais fortes do El Niño desde 1950. Os anteriores foram nos períodos 1972-1973, 1982-1983 e 1997-1998.
Se alcançar a categoria "muito forte" nos próximos meses, o El Niño e a Oscilação Sul (ENOS) 2015-2016 impactaria os cinco continentes, afetando todos os setores produtivos. Um caso é a costa oeste dos Estados Unidos e do Canadá, que tradicionalmente não tinha sido afetada pelo fenômeno e atualmente já está sentindo os efeitos das altas temperaturas e fortes tormentas. Por sua vez, a América Latina sofre com inundações e secas intensas
Perante uma ameaça natural com tal intensidade e probabilidade de ocorrência, como neste caso, existem dois níveis de exposição e fragilidade física.
Os de primeira ordem se classificam assim basicamente porque dependem diretamente da ameaça, ou seja, as consequências diretas das chuvas torrenciais, deslizamentos de terra, inundações, avalanches de lama e outros desastres naturais.
Os de segunda ordem existem como resultado da fragilidade social, ecológica e econômica, fatores de vulnerabilidade e impactos que dependem não apenas da ameaça e poderiam gerar um dano com sua potencial consequência econômica, ambiental e social. Por exemplo, falhas na distribuição de alimentos, abastecimento de água potável, danos à infraestrutura, falhas no fornecimento de energia elétrica e, em geral, dos serviços básicos.
Neste contexto foram identificadas algumas das vulnerabilidades mais relevantes para os serviços de fornecimento de energia elétrica na América Latina:
- A maioria dos tomadores de decisões não lida com modelos meteorológicos que prognosticam com antecedência suficiente os efeitos do El Niño.
- Fraqueza na disponibilidade de fundos para atender emergências ou desastres. Muitos países não administram fundos ou seguros contingentes para desastres, assim que, quando o fenômeno ocorre, devem se endividar para obter os recursos.
- Necessidade de identificação e localização das áreas onde ocorrem as ameaças que impactaram repetidamente as obras e os serviços em geral. Os desastres podem ser mitigados se a elaboração da infraestrutura inclui deslizamentos, avalanches de terra, enchentes e inundações, deslizamentos de terra e possíveis locais de represamentos recorrentemente afetados por El Niño.
- Falta de obras de proteção das infraestruturas contra inundações, deslizamentos de terra e outros tipos de ameaças.Por sua vez, nos países afetados pela seca é fundamental realizar manutenção aos corredores das linhas de transmissão, retirando ervas daninhas e desperdícios que podem pegar fogo.
- As centrais elétricas não contam com sistemas que respondem automaticamente a situações inesperadas como, por exemplo, de elementos de fechamento automático na entrada e saída, que lhes permite operar em tempos relativamente curtos e evitar que as obras sejam inundadas quando ocorrem fluxos mais elevados.
- Conscientização dos efeitos esperados. Se as pessoas não conhecem os riscos envolvidos com o surgimento do fenômeno, não podem se prevenir e se tornam mais vulneráveis. É indispensável destacar que para reduzir o risco no momento da ocorrência do evento é necessário haver trabalhado em um sistema de controle de políticas públicas e abordar o sistema de atuação com intervenções em duas vias, tanto corretiva como prospectiva.