As govtech e o futuro do governo
O Campus Party incluiu, pela primeira vez em sua história, um GovTech LATAM Fórum, que reuniu startups digitais com vocação pública e impacto social.
O Campus Party, um dos maiores eventos de inovação e empreendimento do mundo, voltou à Colômbia, reunindo mais de 5000 personas durante cinco dias. Pela primeira vez em sua história, incluiu um GovTech Latam Fórum, que reuniu startups digitais com vocação pública e impacto social.
Este primeiro fórum govtech na região possibilitou um ponto de encontro entre os setores público e privado, com o objetivo de compartilhar tendências tecnológicas para resolver desafios públicos e identificar soluções baseadas em tecnologias disruptivas que permitam oferecer cada vez mais e melhores serviços à população.
Para Carlos Santiso, diretor de Inovação Digital do Estado do CAF, "novas parcerias público-privadas são necessárias para incubar e impulsionar a inovação no setor público. O desafio da região é que temos sociedades do século 21 e estados do século 20". Nesse sentido, as govtech, startups digitais baseadas em dados, são capazes de oferecer seus produtos ou serviços aos governos para torná-los mais ágeis, abertos e inovadores.
"As govtech estão tornando-se a tendência mais promissora para transformar os governos. Estamos experimentando uma mudança de paradigma, salientou Santiso, de um governo digital, ou e-governo, para um governo inteligente, ou i-governo. Não se trata apenas de abertura de dados, mas também que isso seja feito de uma forma eficaz para melhorar as políticas e os serviços públicos e, em definitivo, melhorar vidas”.
Estima-se que o valor do mercado global govtech seja de 1 trilhão de dólares até 2025. Isso se deve, em grande parte, à oportunidade de impulsionar novos setores econômicos e às economias em termos de custo e eficiência que esses projetos podem representar para os governos.
Na América Latina, muitas startups digitais estão surgindo, muitas vezes, aproveitando dados públicos abertos pelos próprios governos. Os ecossistemas de govtech estão amadurecendo rapidamente em vários países da região, gerando valor público concreto, impactando a qualidade dos gastos públicos e até mesmo possibilitando economias significativas para as contas públicas. É importante salientar que muitas dessas startups estão concentradas em cidades e trabalham na modernização digital dos governos municipais.
Estes são alguns exemplos de startups no âmbito govtech que estão surgindo na região:
- Na Argentina, MuniDigital® é uma plataforma de gestão governamental para municípios que, de acordo com um relatório do CAF, registrou retornos de investimento de mais de 700%, economias para governos municipais (La Rioja) de mais de 17 milhões de pesos argentinos e reduções estimadas em mais de 163 mil kg de CO2 de eficiência em transportes.
- Na Colômbia, Datastketch desenvolveu um ecossistema de serviços baseados em dados abertos que resultou em projetos para centralizar informações de sistemas de infraestrutura e sua relação com indicadores de desenvolvimento e também para tornar públicos casos de corrupção por meio do direito de acesso à informação.
- No México, Visor Urbano é uma plataforma web para gestão de procedimentos on-line relacionados com o desenvolvimento urbano, o cadastro municipal e o planejamento territorial. Já gerou economias para a população de mais de 60 mil dólares e contribuiu para aumentar a arrecadação em cerca de 21% como resultado da sistematização de dados de gestão territorial.
Devido ao impacto potencial que essas empresas podem ter na região, o CAF divulgou sua agenda de apoio aos ecossistemas govtech na região, que inclui os seguintes eixos:
- Acompanhamento de governos, com a prestação de serviços de assessoria para governos e cidades em matéria de diagnósticos dos ecossistemas govtech, as alavancas de políticas públicas para impulsioná-los, os sistemas de compras públicas para a inovação, o desenvolvimento de programas catalisadores e o papel dos laboratórios de inovação, entre outros. Por exemplo, será desenvolvido um índice de maturidade das políticas públicas nesta área.
- Geração de conhecimento sobre os ecossistemas govtech nos âmbitos regional, nacional e local no que diz respeito à demanda por parte dos governos, à oferta de produtos e serviços das govtech e à medição do impacto dessas soluções. Por exemplo, será publicado um relatório regional e será estabelecido um observatório govtech.
- Desenho de mecanismos financeiros, por meio da concepção de produtos financeiros para o desenvolvimento dos ecossistemas, incluindo apoio à estruturação de fundos públicos, privados ou mistos para apoiar a inovação no setor público. Por exemplo, está sendo avaliada a viabilidade de um fundo de investimento regional.
- Parcerias estratégicas para trabalhar com parceiros estratégicos públicos e privados na geração de redes e esquemas de trabalho que potencializem o trabalho de todos em direção a um mesmo objetivo.