As grandes oportunidades da Inteligência Artificial no setor público da América Latina
Em evento realizado pelo CAF em parceria com a Telefónica, a Microsoft e a C4IR.CO, foram discutidas as grandes oportunidades da Inteligência Artificial (IA) para agilizar os processos públicos e melhorar os serviços prestados aos latino-americanos.
A Inteligência Artificial tem três grandes desafios para impactar plenamente o setor público na América Latina: definir e implementar políticas públicas baseadas em princípios éticos, adotar marcos de governança de dados e algoritmos, apoiados por marcos regulatórios e preparar a mão-de-obra para agregar valor ao seu trabalho e contribuir para o desenvolvimento econômico e social.
Esta é uma das principais conclusões do evento ExperiencIA, realizado de forma híbrida em Bogotá, Madri e virtualmente, que contou com especialistas internacionais em dados e IA e no qual foi apresentado o relatório ExperiencIA: dados e inteligência artificial no setor público.
Sergio Díaz-Granados, presidente-executivo do CAF, banco de desenvolvimento da América Latina, afirmou que a instituição está promovendo de forma ambiciosa e necessária a agenda de transformação digital, que também inclui a modernização digital dos estados latino-americanos.
“Em 2019, foi criada a Diretoria Estadual de Inovação Digital, que promove governos mais ágeis, abertos e inovadores, contando com novas tecnologias e inteligência de dados. O objetivo é promover melhorias na eficiência e transparência da administração, bem como na qualidade dos serviços para os cidadãos. Além disso, trabalhamos para financiar iniciativas de modernização digital”, disse Díaz-Granados.
Por sua vez, Víctor Muñoz, diretor do Departamento Administrativo da Presidência da República da Colômbia, disse que o país avançou na elaboração de políticas públicas de transformação digital e em sua implementação, com ênfase em Inteligência Artificial, bem como na formação de 100 mil programadores.
“Dados e Inteligência Artificial (IA) são os mecanismos que nos permitirão crescer e desenvolver economicamente, não só agora, como nos próximos anos. É dessa forma que investimos mais de US$ 40 milhões no desenvolvimento dessa estratégia e também trabalhamos no marco ético da IA que tem sido referência para outros países da América Latina”, disse Muñoz.
Da mesma forma, Carme Artigas, secretária de Estado de Digitalização e Inteligência Artificial do Governo da Espanha, ressaltou que a ascensão da IA permitirá projetar o futuro e a recuperação econômica, com evidente impacto na reativação do setor produtivo. Nesse sentido, ela ressaltou que existe um projeto emblemático de seu país, que consiste na Carta dos Direitos Digitais. "Trata-se de uma iniciativa pioneira que visa oferecer um marco referencial para enfrentar os principais desafios éticos, sociais e legislativos que a digitalização implica como elemento transformador", acrescentou.
O relatório ExperiencIA: dados e inteligência artificial no setor público observa que países como a Colômbia avançaram com êxito na implementação da política nacional de IA como resultado de uma visão de longo prazo, um esforço coordenado por parte de diferentes atores e um conjunto de ações priorizadas em ética, governança de dados e espaços para experimentação regulatória. A região ainda tem um longo caminho a percorrer para dispor de facilitadores que permitam a ela enfrentar os desafios atuais e futuros que o uso ético e responsável dessa tecnologia pressupõe.