LEO 2022: A transição verde pode ser um fator de mudança econômica e social
07 de novembro de 2022
As mudanças climáticas podem piorar significativamente as perspectivas econômicas no longo prazo e exacerbar as desigualdades na América Latina e no Caribe (ALC). É urgente avançar rumo a uma agenda verde ambiciosa e abrangente para abordar suas consequências e melhorar o bem-estar de todos. Uma transição verde efetiva na ALC tem potencial para gerar 10,5% mais de novos empregos até 2030, diz o relatório Perspectivas Econômicas da América Latina (LEO) 2022: Rumo a uma transição verde e justa, apresentado hoje no âmbito da COP27 em Sharm el-Sheij.
De acordo com a 15ª edição do relatório, a desaceleração econômica deste ano, um contexto internacional instável atingido pela guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, o aumento das pressões inflacionárias e a redução do espaço da política macroeconômica dificultam a capacidade das economias da ALC de retomar o caminho do crescimento sustentável e da proteção dos mais vulneráveis. Por exemplo, estima-se que em 2022 as famílias vulneráveis na ALC enfrentaram um aumento médio de preço de 3,6 pontos percentuais a mais do que as famílias representativas em nível nacional.
Os impactos ambientais agravam essas dificuldades. Treze dos 50 países mais afetados pelas mudanças climáticas estão na ALC. O LEO 2022 afirma que a promoção de uma transição verde por meio de políticas ativas de mitigação e adaptação implementadas de maneira sistêmica pode tornar as sociedades da ALC mais resilientes às mudanças climáticas e promover um desenvolvimento melhor.
O relatório detalha os benefícios ambientais, sociais e econômicos que uma transição verde pode gerar. Por exemplo, investir em tecnologias renováveis pode não só reduzir substancialmente as emissões de gases de efeito estufa (GEE), como também pode proporcionar uma geração de energia com custo menor e reduzir a dependência de produtos de combustíveis fósseis importados.
A região está bem posicionada para embarcar em uma transição verde efetiva e acelerar o progresso rumo aos seus objetivos de desenvolvimento econômico, social e ambiental. A participação da ALC nas emissões globais de GEE é proporcional à sua participação na população mundial total (8,4%), ligeiramente superior à sua participação no produto interno bruto (PIB) total (6,4%), mas inferior às emissões per capita de outras regiões com níveis de desenvolvimento semelhantes. Sua matriz energética também é mais verde: as energias renováveis representam 33% do fornecimento total de energia, em comparação com 13% em nível mundial.
Nesse contexto, o relatório LEO 2022 oferece uma visão detalhada das ações políticas robustas e abrangentes necessárias para promover uma transição verde e justa na ALC. Destacam-se cinco áreas prioritárias:
- Transformar ainda mais a matriz energética da região afastando-a dos combustíveis fósseis e avançando rumo à descarbonização e à eletrificação em todos os setores, especialmente as indústrias pesadas e o transporte, tomando, ao mesmo tempo, medidas para aumentar a eficiência energética. Nos setores mais difíceis de descarbonizar, como o de produtos químicos, de aço, do transporte rodoviário de mercadorias, da aviação e do transporte marítimo, os investimentos em combustíveis alternativos de baixo carbono, incluindo o hidrogénio verde e os biocombustíveis sustentáveis, serão fundamentais.
- Desenvolver políticas fiscais sustentáveis compatíveis com a transição verde e justa, eliminando gradualmente os subsídios prejudiciais ao meio ambiente e aproveitando o potencial dos impostos relacionados ao meio ambiente. Expandir o desenvolvimento de instrumentos financeiros inovadores, como os swaps de dívida por natureza, e mobilizar as instituições financeiras de desenvolvimento e o setor privado. É crucial adotar ferramentas regulatórias que incluam padrões e taxonomias para títulos verdes ou vinculados à sustentabilidade.
- Promover políticas de desenvolvimento industrial e produtivo para transformar as estruturas econômicas da ALC e criar mais e melhores empregos, adotando os princípios da economia circular e da economia azul. Isso exigirá o investimento em novas tecnologias e competências e a formação dos trabalhadores para aproveitar as oportunidades criadas pela transição. Também será necessário ampliar as políticas ativas do mercado de trabalho e desenvolver sistemas de proteção social mais bem direcionados, a fim de apoiar os trabalhadores afetados negativamente durante a transição verde.
- Fortalecer os mecanismos institucionais para promover o consenso sobre as opções de políticas necessárias para que a transição verde avance. A agenda verde pode ser a pedra angular de um novo contrato social sustentável: 68% dos cidadãos da região veem as mudanças climáticas como uma ameaça muito séria ao seu país nos próximos 20 anos, um nível superior ao de outras regiões. Os objetivos das Contribuições Nacionalmente Determinadas devem se traduzir em ações concretas, visíveis, implementadas e financiadas no contexto de estratégias de longo prazo, como os Planos Nacionais de Desenvolvimento.
- Desenvolver e expandir as parcerias internacionais. Com a metade da biodiversidade do mundo, os países da ALC são atores-chave nas negociações climáticas internacionais. Para aproveitar ao máximo as novas normas e regulamentos ecológicos internacionais e gerir o impacto das políticas adotadas nos países parceiros da região, como no comércio, por exemplo, os países da ALC devem melhorar a cooperação com os principais atores, incluindo o setor privado e as instituições multilaterais.
O LEO foi elaborado em conjunto pelo Centro de Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e Caribe (CEPAL), pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- e pela Comissão Europeia.
Para obter mais informações sobre o relatório visite: https://www.oecd.org/dev/americas/. Acompanhe o lançamento nas redes sociais em #LatinAmerica & #EconomicOutlook.
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