COP27: em busca de acordos entre mitigação e adaptação

14 de novembro de 2022

A COP27, em Sharm el-Sheikh, no Egito, encara sua segunda semana sem muita certeza sobre os acordos que surgirão das negociações. Por um lado, há a necessidade de as economias mais industrializadas serem mais ambiciosas em seus compromissos de redução das emissões e, por outro, os países em desenvolvimento, que, historicamente, poluíram menos, exigem mais financiamento para medidas de adaptação.

COP27: em busca de acordos entre mitigação e adaptação

Um dos pontos quentes das discussões em Sharm el-Sheikh está relacionado ao conceito de perdas e danos, que confronta a visão de países industrializados com regiões emergentes.

O conceito refere-se às perdas econômicas causadas pelo aquecimento global (como residências ou empresas), danos não econômicos (como mortes ou erosão da biodiversidade) e se os países mais poluentes devem financiar os países que sofrem os piores efeitos das mudanças climáticas.

Perdas e danos são uma reivindicação histórica das regiões em desenvolvimento, que contribuíram muito pouco para as mudanças climáticas e cujas necessidades estão relacionadas a medidas de adaptação. Na América Latina e no Caribe, desastres naturais, como inundações, secas, furacões, geram perdas de até 3% do PIB.

De acordo com um relatório da Loss and Damage Collaboration, as 55 economias mais vulneráveis às mudanças climáticas experimentaram perdas de mais de USD 500 bilhões nos últimos 20 anos, um número que pode aumentar exponencialmente nos próximos anos.

Paralelamente, a segunda semana de negociações também deve estabelecer novos compromissos de redução de emissões para todos os países e gerar acordos para descarbonizar o transporte, migrar mais rapidamente para as energias renováveis, expandir as práticas agrícolas sustentáveis ou fortalecer o financiamento de medidas de adaptação. 

No CAF, procuramos posicionar a América Latina como ator determinante na luta global contra as mudanças climáticas, já que abriga cerca de 60% da biodiversidade, 50% das florestas primárias e 28% das terras com potencial para agricultura. Por isso, o planeta precisa da liderança da região para garantir sua própria sobrevivência, e a região deve aproveitar essa posição para alcançar um crescimento econômico sustentado que a ajude a superar as brechas estruturais de pobreza, competitividade e inclusão.

O apoio internacional, o consenso regional e a integração de todas as vozes são essenciais, inclusive das comunidades indígenas, cujos modos de vida constituem uma referência de respeito ao meio ambiente, decisão política e trabalho conjunto para promover medidas baseadas na natureza que contribuam para preservar os ecossistemas naturais.

CAF durante a primeira semana da COP27

A participação do

CAF na primeira semana da COP27 buscou ecoar a voz da América Latina e do Caribe e promover alianças para se tornar uma região de soluções climáticas. Para isso, mantivemos uma agenda de eventos e reuniões bilaterais com atores-chave na luta contra as mudanças climáticas, entre os quais se destacam: