Os desafios da América Latina para recuperar a economia
30 de janeiro de 2023
A América Latina e o Caribe devem investir entre 7% e 19% de seu PIB anual em infraestrutura e gastos sociais até 2030 para fechar as lacunas existentes.
Apesar do complexo panorama econômico global, no início deste ano, há sinais de recuperação em alguns setores econômicos e em certos países, como a China, onde o relaxamento das regulamentações sanitárias permitiu receber mais de 3 bilhões de viajantes durante a chegada do Ano Novo Chinês; ou os Estados Unidos, onde houve redução de 5% e 6% na inflação e as taxas de juros foram mantidas. Em outras palavras, há um ambiente propício à recuperação global, e isso foi afirmado por Sergio Díaz-Granados, presidente-executivo do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina, no Fórum Colômbia 2023.
Nesse sentido, na América Latina e no Caribe, a recuperação econômica traz desafios importantes, uma vez que o crescimento econômico, nos últimos anos, tem sido baixo. O primeiro é trabalhar para reduzir a pobreza e as desigualdades. Atualmente, as taxas de pobreza estão próximas de 32% e a pobreza extrema chega a quase 13%. Isso, por sua vez, estimula a informalidade, limita a eficiência da economia a partir do desenvolvimento de pequenas e médias empresas e aumenta a insegurança alimentar, que afeta 40% da população latino-americana e caribenha, de acordo com o último Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED2022) do CAF, intitulado Desigualdades herdadas: o papel das competências, do emprego e da riqueza nas oportunidades das novas gerações.
Segundo Díaz-Granados, “a boa notícia é que a América Latina e o Caribe têm como fazer frente a esses desafios, aumentando a produtividade agrícola, implementando melhorias na interação energética na região e fazendo investimentos por meio de parcerias público-privadas para responder positivamente a essas grandes discussões em todo o mundo”.
A América Latina e o Caribe devem investir até 2030 entre 7% e 19% de seu PIB anual em infraestrutura e gastos sociais. Isso é possível, expandindo o orçamento, ampliando a dívida ou aumentando os impostos. Nesse ponto, Díaz-Granados também acrescentou que “é crucial acelerar a integração comercial da América Latina e do Caribe até 2030. Esse processo permitirá trabalhar na redução da pobreza e da desigualdade e mobilizar recursos para o financiamento de programas e projetos ambientais e climáticos”.
Por fim, uma vez que a integração econômica avance na região, deve-se estabelecer uma colaboração harmoniosa e ordenada entre os setores público e privado para definir políticas nacionais e regionais que contribuam na integração física, política e econômica de todo o continente. “A América Latina e o Caribe precisam se concentrar na desigualdade, porque não podemos cobrar ações contra as mudanças climáticas quando há tanta pobreza”, concluiu Díaz-Granados.
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