Powershoring: Debate aponta principais oportunidades para Brasil
15 de agosto de 2023
Evento realizado em Brasília contou com a participação do vice-presidente da República e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.
O futuro da industrialização, especialmente no Brasil, foi discutido hoje em um evento em Brasília sob a ótica do chamado powershoring, estratégia em fase de implantação em todo o mundo e que prevê a localização de plantas industriais em localidades que combinam elementos de energia verde, abundante e com preços competitivos.
Na abertura do seminário Powershoring e a Neoindustrialização Verde do Brasil, o vice-presidente da República e ministro de Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, destacou que o Brasil apresenta vantagens competitivas frente a outros países na descentralização das áreas produtivas globais.
“A pergunta sempre foi onde é que eu fabrico bem e barato? Agora é onde é que eu fabrico bem, barato e consigo compensar as emissões de carbono? E aí o Brasil é a grande alternativa. Teremos uma grande oportunidade. Já somos o quinto país do mundo em atração de investimento direto, e isso pode crescer enormemente. A neoindustrialização é exatamente isso, inovação e verde”
, afirmou.
Para Jorge Arbache, vice-presidente do Setor Privado do CAF, “se há algo que vai mover a economia nas próximas décadas será a agenda de manufatura verde, porque temos hoje uma matriz de produção gigantesca dos bens produzidos com algum tipo de energia cinza ou em bases que emitem gases de efeito estufa e geram resíduos. Será necessário converter essa produção, dando lugar a uma matriz de bens e serviços verdes e essa revolução requer grande esforço, que por sua vez criará inúmeras oportunidades de negócios”. Para ele, esse processo será um dos mais importantes em todo o mundo em termos de geração de emprego, renda e inovação. A América Latina e o Caribe estão preparados para ocupar este espaço e o Brasil está especialmente bem posicionado.
Ainda segundo Arbache, o CAF vem negociando linhas de crédito junto a instituições brasileiras para financiar investimentos na área. Para ele, o Brasil tem condições claras de ocupar posição de destaque em relação a atrair investidores e clientes em busca de powershoring. Conta com uma matriz energética majoritariamente verde, tem a maior reserva de água doce do mundo, muitas reservas minerais da nova economia, além da maior floresta tropical e diversificada biodiversidade. É grande produtor de alimentos, pioneiro na produção de biocombustíveis e tem condições de sediar um mercado global de créditos de carbono e de bioeconomia.
Nesse sentido, instituições financeiras de desenvolvimento brasileiras como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por exemplo, já estão trabalhando na criação de empréstimos internacionais e outros instrumentos que viabilizem investimentos na infraestrutura para powershoring em diversas regiões do país. O Tesouro Nacional prepara para setembro a primeira emissão de títulos verdes, especificamente voltados para financiar a transição ecológica do Brasil, sendo que parte disso será voltado para viabilizar infraestrutura sustentável. Ainda, o Ministério de Indústria e Comércio vem preparando uma nova política industrial que abordará de forma direta o assunto.
O evento, organizado pelo CAF, Confederação Nacional da Indústria, Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)e Ministério da Indústria e Comércio reuniu em Brasília os principais nomes ligados aos setores industrial, ambiental e energético do País.
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