México é um ator relevante para mitigar crise climática e de biodiversidade
21 de setembro de 2023
O CAF apresentou seu Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED) sobre a crise climática e de biodiversidade no México, um país que já vem implementando ações para enfrentar esse desafio
A América Latina e o Caribe enfrentam um grave problema de vulnerabilidade devido às mudanças climáticas e à perda de biodiversidade. O México não é exceção por conta de sua geografia e suas condições socioeconômicas, o que ressalta a necessidade de se implementar políticas de adaptação e mitigação em ações conjuntas locais, estaduais e internacionais para enfrentar esses desafios.
No México, apenas nos últimos 20 anos, o número de fenômenos extremos relacionados ao clima aumentou de 3,5 para 5,8 eventos por ano, em média, afetando mais de 557 mil pessoas no país, com maior incidência de tempestades e inundações.
O Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED) "Desafios globais, soluções regionais: "América Latina e Caribe diante da crise climática e de biodiversidade" ,, elaborado pelo CAF - banco de desenvolvimento da América Latina e do Caribe -, prevê cenários em que a temperatura média no México continuará aumentando nas próximas décadas. Além disso, prevê que as precipitações se tornarão menos frequentes e previsíveis, o que terá um impacto negativo no setor agropecuário.
A apresentação do Relatório RED foi realizada em conjunto com a Secretaria de Fazenda y Crédito Público, na Capela da Biblioteca Lerdo de Tejada na quinta-feira, 21 de setembro. Na ocasião, o presidente-executivo do CAF, Sergio Díaz-Granados, destacou: "A crise climática é uma realidade que precisa de uma resposta rápida e coordenada de nossa geração para que possamos oferecer uma alternativa aos nossos filhos e netos". México tem grandes desafios, mas também oportunidades que exigem um trabalho coordenado entre o setor público, privado e a sociedade civil. Com este Relatório que acabamos de publicar como o banco verde da América Latina e do Caribe, enriquecemos o debate com soluções que colocamos à disposição para que comecemos a materializá-las o mais breve possível".
Por sua vez, o subsecretário de Fazenda e Crédito Público, Gabriel Yorio González, destacou: "Trabalharemos junto com o CAF em uma ferramenta financeira focada em objetivos climáticos e sociais.Dada a atual conjuntura global, na qual bancos multilaterais estão adaptando suas ferramentas financeiras para enfrentar desafios globais, o esforço inovador do CAF ganha destaque e posiciona o banco na vanguarda dessas instituições. Queremos testar o projeto para que a região aproveite essa ferramenta inovadora em prol do meio ambiente e do bem-estar social".
México, de acordo com o RED
O setor agropecuário no México está particularmente exposto às mudanças climáticas.44% da área cultivada no México é composta por explorações com menos de 2 hectares (ha) e 76% com menos de 10 ha, e cerca de 73% da área cultivada é de sequeiro (temporal), ou seja, cultivos que dependem exclusivamente da água da chuva. A variabilidade nas precipitações e o aumento da aridez representam um problema particularmente grave para as explorações pequenas e sazonais, o que põe em risco a segurança alimentar e nutricional dos pequenos produtores e, sobretudo, de quem produz para consumo próprio.
O estudo evidencia que, no país, as principais emissões diferem do resto da América Latina, sendo que o setor industrial (31%), dos sistemas de energia (25%) e transporte (17%) são os com as maiores emissões, seguidos pelo setor agropecuário (13%), mudança no uso do solo (12%) e edificações (3%). Por outro lado, o México é o segundo país com maiores emissões da região, representando 17% do total da América Latina e do Caribe em 2019. No entanto, seu nível de emissões por habitante está abaixo da média mundial e regional.
"O Relatório destaca a necessidade de se implementar políticas públicas em relação aos objetivos de adaptação, mitigação, preservação do capital natural, fortalecimento da coordenação regional e exploração das oportunidades apresentadas pela transição energética global. Nesse sentido, é muito positivo o plano que o México apresentou para modernizar 40% de suas centrais hidrelétricas e uma estratégia de mobilidade elétrica. Da mesma forma, também destacamos que o México é o primeiro país na região a implementar um sistema de comércio de direitos de emissão para grandes indústrias, que está em fase piloto", afirmou Pablo Brassiolo, economista principal e coautor do RED do CAF.
A publicação emblemática do CAF também detalha que a mudança no uso do solo, por meio do desmatamento, da drenagem de áreas úmidas e da substituição de pastagens naturais, afeta gravemente os ecossistemas e a biodiversidade do país. 23% da superfície no México se mantém preservada em estado natural ou seminatural, percentual que está abaixo da média regional (45%). Por isso, o país implementou diversas políticas para preservar o capital natural, incluindo o estabelecimento de áreas protegidas. As áreas naturais protegidas do país cobrem 11% da superfície terrestre e 23% das áreas marinhas, em comparação com 22% em ambos os casos em âmbito regional.
Concluindo, esse relatório possui três mensagens relevantes: o impacto das mudanças climáticas e a urgência das políticas de adaptação, a importância de contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa e o papel fundamental dos ecossistemas e a biodiversidade na resposta às mudanças climáticas e no desenvolvimento sustentável no México e na América Latina e no Caribe.
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