CAF destaca o papel das instituições financeiras no apoio a projetos de descarbonização marítima e portuária

O banco apresentou sua visão sustentável em relação aos clusters logísticos, marítimos e portuários em um workshop regional realizado na Cidade do Panamá, organizado pelo Maritime Technology Cooperation Center, que contou com a participação de vozes de diversos setores.

15 de julho de 2024

A CAF -banco de desenvolvimento da América Latina e do Caribe participou do Workshop Regional “O papel do setor bancário na descarbonização marítima: Desafios e oportunidades”, através de uma apresentação de Fausto Arroyo, executivo principal da Direção de Integração Regional, que esquematizou três pontos principais: Primeiro, o alto impacto que o setor de transporte marítimo e portos tem no desenvolvimento regional; segundo, os conceitos-chave para os bancos e financiadores; e terceiro, os projetos que preocupam os gestores marítimos e portuários.

Arroyo afirmou: “Os financiadores são esperados na implementação da sustentabilidade marítima e portuária. O setor está começando a se preparar, então precisamos de diálogo para entender quem são os financiadores e para que os financiadores comecem a falar a língua dos implementadores.”

Referindo-se aos conceitos-chave para bancos e financiadores, o especialista da CAF começou esclarecendo que a integração dos setores marítimo, portuário e logístico é público-privada (PPP); ou seja, “o setor público estabelece um marco legal, um campo de jogo. Atrás disso vêm grandes infraestruturas, que são investimentos privados, e depois todos os serviços, que também são privados”. Aqui, o especialista delineou elementos que impedem os projetos: uma política pública comprometida a longo prazo; um marco legal de PPPs que inspire confiança no setor bancário local, pois, apesar do financiamento das multilaterais, a experiência mostra que as PPPs e os investimentos privados não avançam se não houver um setor bancário local que entenda as PPPs e esteja comprometido com o modelo.

Ele defendeu a articulação eficiente de múltiplos participantes, tanto públicos quanto privados; analisar a disponibilidade de um ecossistema suficiente de empresas para apoiar o investimento planejado (não apenas o investimento isolado de uma empresa); defendeu uma administração eletrônica ágil e fluida que permita todas as trocas, posicionamento de plataformas de negócios digitais e a necessidade de manter uma formação adicional específica e atualizações constantes dos trabalhadores.

Ele alertou sobre o desafio de uma institucionalidade ordenada, “um ponto absolutamente crítico que encontramos na região. Não é possível uma implementação sem coordenação. Por um lado, com licenças públicas falamos de sustentabilidade, mas às vezes é dramático como os prazos fluem com as licenças ambientais, e isso é fundamental para um investidor. Não se pode trabalhar com prazos indefinidos. O recurso financeiro é aqui e agora, definido e não uma promessa para o futuro”.

Arroyo destacou um elemento extremamente importante: “A região está à beira de grandes renovações de concessões portuárias, e isso pode ser visto como uma ameaça, mas também como uma grande oportunidade para introduzir elementos de sustentabilidade. É crucial orientar bem esse processo; vai precisar de alta participação do setor financeiro e uma abordagem orientada para o futuro que inclua sustentabilidade, não apenas exigências”.

“O alto impacto ambiental exige a incorporação da parte da organização responsável pela sustentabilidade, um elemento crucial na matriz de risco. Conceitos como descarbonização e transição energética precisam ser geridos interna e externamente no porto. Os portos são geradores: Quando um navio está no porto, ele mantém um gerador de eletricidade ligado. Há uma demanda crescente para conectá-lo à energia terrestre, então a transição energética está se tornando uma grande questão”, afirmou.

Ele também destacou os resultados da pesquisa da CAF, realizada em 2023, sobre quais projetos preocupam os gestores marítimos e portuários. Embora tenha reconhecido que categorias como Sustentabilidade e Meio Ambiente (32%), Aspectos Sociais como segurança (31%) e cidade-território (23%), e Diversidade, Inclusão e Equidade de Gênero (16%) estão entre as últimas, ele disse: "isso não deve ser motivo de frustração, pois esses são projetos que não apareciam na pesquisa anterior (de cinco anos atrás). Há uma preocupação crescente não apenas na sociedade e nas organizações internacionais, mas também entre os gestores portuários que estão começando a colocar esses projetos em suas agendas."

Após sua apresentação, Arroyo participou no Painel 2: "Papel das Instituições Financeiras no Apoio aos Projetos de Descarbonização Marítima e Portuária", moderado por José Digerónimo, presidente da Câmara Marítima do Panamá, e que também contou com a participação de Carla Chízmar da Corporação Interamericana para o Financiamento de Infraestrutura (Cifi) e Manuel Batista da Bolsa de Valores da América Latina (Latinex).

A missão da CAF foi liderada pela representante do banco no Panamá, Lucía Meza, e incluiu Rebeca Vidal, Executiva Principal da Direção de Análise Técnica e Setorial; Sergio Avilés, Executivo Principal do Escritório do Panamá; e Mauricio Reves, Executivo Sênior da Direção de Gestão de Operações com o Setor Financeiro.

O Workshop Regional “O Papel do Setor Bancário na Descarbonização Marítima: Desafios e Oportunidades”, foi organizado pelo Maritime Technology Cooperation Centre (MTCC), em colaboração com a International Maritime Organization (IMO), Mercantil Bank, Institute of The Americas e a Universidade Marítima Internacional do Panamá (UMIP).

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