Jovens assumem o controle da COP16 em Cali

Líderes jovens e representantes de comunidades étnico-raciais de diferentes países da região se reuniram no Pavilhão da CAF na COP16, em Cali, para promover um diálogo intergeracional e explorar ações conjuntas em defesa da biodiversidade e da sustentabilidade na América Latina e no Caribe.

Entre os principais tópicos discutidos estavam a necessidade de capacitar os jovens em questões ambientais complexas e garantir seu acesso a espaços de tomada de decisão que lhes permitam passar da mobilização à ação concreta. Também foi destacada a importância de as comunidades poderem permanecer em seus territórios, incentivando processos de exploração e documentação que ajudem a reconhecer as boas práticas e o conhecimento das pessoas que habitam e conhecem profundamente seus ambientes.

"Em termos de conhecimento, é fundamental trabalhar a partir do território, a partir do que as pessoas sabem, para fazer o conhecimento crescer do local para o universal. Para isso, a CAF trabalha a partir dos níveis subnacionais, propondo processos participativos, ferramentas inovadoras e instrumentos financeiros que valorizem os recursos naturais para que as comunidades não sejam beneficiárias, mas sim gestoras desses processos", disse Alicia Montalvo, gerente de Ação Climática e Biodiversidade Positiva da CAF.

Por sua vez, Wasinton Carabalí, líder juvenil afrodescendente e representante da AMUCIB, disse que"no Pacífico colombiano, vemos o impacto da perda de biodiversidade, vemos como essa situação afeta profundamente nossas comunidades. É vital que promovamos ações para recuperar práticas, preservar nossas sementes e promover o empoderamento local. Devemos criar processos de exploração que se tornem laboratórios, onde possamos documentar e reconhecer tanto as práticas eficazes quanto aquelas que precisam ser melhoradas.

Os participantes do evento também refletiram sobre o papel dos ativistas e a importância de fortalecer a defesa daqueles que protegem o meio ambiente, e concordaram que os riscos e interesses associados aos recursos naturais exigem uma forte colaboração internacional e nacional.

"Queremos que essas ideias tenham um impacto e, para isso, estamos trabalhando na nova agenda da juventude, que acrescenta novos desafios, como a proteção da biodiversidade ou questões de saúde mental", disse Max Trejo, presidente da OIJ.

Nathalie Gerbasi, Diretora de Desenvolvimento Institucional e Treinamento da CAF, disse que a organização "vem buscando há vários anos não apenas treinar os jovens, mas, acima de tudo, ouvi-los, porque não podemos entender os problemas da biodiversidade sem a voz dos jovens. Fico impressionado em saber que mais de 450 jovens se inscreveram no laboratório virtual e mais de 100 participaram pessoalmente, o que mostra que eles estão comprometidos, que não estão apenas falando, mas estão agindo,

"A visão que temos de nossos territórios é diferente: nossa luta é uma luta de gerações, uma herança de nossos antepassados que defenderam a terra e nos ensinaram como fazer isso. No meu caso, sou a primeira geração com ensino superior. O grande desafio para nós, como jovens, é a falta de universidades em nossos territórios. Como podemos fazer com que os jovens voltem de forma proativa, apoiem o desenvolvimento e liderem a implementação de projetos em nossas comunidades", disse America Olguin, representante do Movimento Jovem do GATC / AMPB.

Os participantes do painel pediram a criação de alianças mais comprometidas e eficazes entre os atores políticos e sociais para garantir o cumprimento e a expansão de acordos como o de Escazú, em benefício da justiça ambiental e da proteção dos territórios.

Esse evento encerra uma série de atividades promovidas pela CAF para incentivar a participação dos jovens na COP16. A iniciativa começou com o "Laboratório Virtual de Inovação e Ideação", continuou na Zona Verde da COP16 com o evento "Diversidade em Ação: Jovens Construindo um Planeta Verde", e termina com este diálogo na Zona Azul.