4 desafios do jornalismo perante o fluxo das redes sociais

Com as redes sociais, os meios jornalísticos perderam a exclusividade como canal de contato entre a notícia e o leitor. Perante esta nova realidade, qual é o papel do jornalista?

29 de setembro de 2016

A revolução tecnológica e as redes sociais mudaram o conceito de notícia. Isso segundo o diretor da BBC World, Hernández Álvarez, que lançou a pergunta: as pessoas se importam se a informação recebida chegou através de um jornal reconhecido ou de um amigo no Facebook?

Para responder essa e novas perguntas sobre os desafios do jornalismo, a Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-americano e o CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina- reuniram, pela primeira vez, 13 diretores de agências e de meios de comunicação de alcance global que se dedicam à cobertura da América Latina em uma atividade prévia à Conferência Anual do Diálogo Interamericano, em Washington, D.C.

Os diretores concordaram que a informação está nas mãos de todos e já não é mais uma exclusividade dos canais tradicionais de jornalismo, representando quatro desafios para os jornalistas: escutar o que se diz nas redes, participar nessa conversa, verificar as informações provenientes dessas redes e lhe dar contexto.

  1. Escutar. Se antes os editores esperavam que as opiniões dos leitores sobre as reportagens publicadas dias ou semanas antes chegassem através de cartas, hoje os leitores respondem ou criticam uma notícia no momento em que esta é publicada na Internet. No mundo jornalístico onde era costume escutar pouco, o cenário da carta do leitor, que poderia ser selecionada para ser publicada e respondida, mudou. As pessoas influenciam as próprias pessoas e, com isso, o jornalismo fica um pouco de lado. É necessário entender como participar dessa conversa.
  2. Participar. Para Boris Muñoz, chefe da seção de editoriais do The New York Times em Espanhol, é participando da conversa nas redes sociais que o jornalista vai encontrar o caminho a seguir. "Participar nessa conversa ajuda o jornalismo a inclinar os ouvidos para o que a população estava esperando, seja como opinião, desejo, expectativa e necessidade".
  3. Verificar.  Gustau Alegret, da rede de televisão NTN24, destacou que o jornalismo vive um momento paradoxal - quando as pessoas têm mais acesso à informação, elas buscam mais referências que digam 'isso é verdade' ou 'aquilo não é verdade'. Nas redes, o poder de compartilhar e multiplicar o alcance de uma notícia ou de uma mentira é incalculável; "o jornalismo tem muito mais trabalho", mas é necessário fazê-lo. Alejandro Varela, da agência EFE, complementa essa ideia: um usuário da Internet pode relatar um fato, mas "a contextualização, a ética e o trabalho de investigação não são feitos pelos cidadãos que emitem suas opiniões no Twitter ou no Facebook; isso é o que nós -jornalistas- fazemos".
  4. Contextualizar. "Nunca como agora o jornalismo é tão necessário para entender o mundo em que vivemos", disse o diretor da revista Semana, Alejandro Santos. Perante a quantidade de informações que nos chegam através da Internet, cabe ao jornalista, com as suas fontes e o seu repertório, saber dar contexto a uma história, explicar a sua importância e prever as suas consequências. Para Eduardo Castillo, da agência Associated Press, essa é a chave para que muitos jornalistas de agências e jornais se reinventem. "Devemos passar de um jornalismo descritivo para um jornalismo explicativo".

 

tal vez te interese

 

Assine nossa newsletter