Cinco desafios do jornalismo econômico para promover a produtividade na América Latina

Cerca de vinte jornalistas da região falaram sobre os desafios que enfrentam e forneceram algumas alternativas de solução.

07 de novembro de 2018

“O mundo escapou do jornalismo e é preciso reinventá-lo”. Com esta citação de Gabriel García Márquez, Jaime Abello Banfi, diretor-geral da FNPI, apresentou um dos principais desafios do jornalismo econômico latino-americano para os próximos anos: ser capaz de renovar-se narrativamente para contar os acontecimentos apesar de sua complexidade e propor uma nova leitura desses acontecimentos que ajude a promover a competitividade da América Latina.

Abello inaugurou o Seminário de diretores e editores econômicos 2018: o papel da produtividade na América Latina. O evento é realizado em Bogotá (Colômbia), nos dias 6 e 7 de novembro, e reúne cerca de vinte jornalistas econômicos da América Latina.

O seminário é organizado pela Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo (FNPI na sigla em espanhol) e pelo CAF - banco de desenvolvimento da América Latina. Durante seu primeiro dia, os participantes discutiram sobre os fatores que afetam a produtividade da América Latina e sobre o papel que o jornalismo econômico desempenha na geração de um debate crítico e informativo em torno de políticas de médio e longo prazos.

A necessidade de uma agenda informativa de longo prazo

Michael Reid, editor sênior da revista The Economist, foi um dos mestres do evento. Em sua palestra introdutória, instou os editores da mídia jornalística presentes a começar a dar mais atenção a questões relativas a políticas de médio e longo prazos e a não focar a agenda apenas em assuntos circunstanciais ou de curto prazo. Reid assegurou que a América Latina enfrenta um futuro de dificuldades em termos produtivos e que o trabalho da mídia será crucial para superar os desafios que virão.

Combater o populismo

Além disso, para Reid, aumentar a produtividade tiraria atratividade dos crescentes movimentos populistas da América Latina. “E parte do caminho para promover a produtividade é sua predominância na agenda”, assegurou.

“Eu sei, a palavra produtividade enche”, afirmou o editor de The Economist. “Esse é um dos desafios: encontrar formas de explicar questões cruciais, como são as reformas fiscais e previdenciária, de modo que sejam interessantes para os leitores e que, assim, gerem impacto”, acrescentou.

Encontrar debates positivos para lidar com problemas

Reid propôs gerar uma agenda não só focada em mostrar os problemas próprios das economias de cada país, mas também em oferecer soluções. Por exemplo, uma maneira de gerar um debate positivo em torno do empreendimento é poder identificar os casos de sucesso e transmitir uma mensagem que permita entender como conseguiram conquistar o mercado.

Superar a polarização para cobrir objetivamente

Os jornalistas participantes concordaram que falar sobre produtividade pode ser complexo para o público. Além disso, a polarização política dificulta a apresentação das informações. Uma das opções propostas durante o debate foi recorrer aos dados como um mecanismo para informar mais objetivamente. A parceria com organizações focadas em verificar as informações reforçaria essa estratégia.

Também pode-se incluir a necessidade de fornecer dados locais em contraste com dados internacionais de referência. Desse modo, as informações adquirem uma nova perspectiva.

Adaptar as informações a públicos específicos

Por sua vez, os dados podem ajudar a construir narrativas mais objetivas e também mais bem segmentadas. Surgiu a proposta de construir peças informativas diferentes dependendo do público ao qual são direcionadas. No caso de um artigo destinado a tomadores de decisões, pode-se usar uma linguagem mais técnica. Por outro lado, na hora de comunicar algo complexo a um público geral, recomenda-se encontrar caminhos para simplificar e tornar mais concretos os conceitos abstratos para facilitar seu entendimento. Para isso, podem ser usados diferentes formatos (como vídeos ou especiais multimídia).

Finalmente, recomendou-se renovar as fontes que apoiam o jornalismo econômico como recurso para diversificar o discurso presente na mídia. Nesse sentido, é imperativo recorrer a fontes especializadas para enriquecer a análise.

 

Sobre o Seminário de diretores e editores econômicos 2018: o papel da produtividade na América Latina

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Foi organizado pela Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo (FNPI na sigla em espanhol) e pelo CAF - banco de desenvolvimento da América Latina, e realizado em Bogotá (Colômbia) nos dias 6 e 7 de novembro de 2018. A atividade reuniu cerca de vinte jornalistas econômicos da América Latina e incluiu as intervenções de Michael Reid e Gumersindo Lafuente, mestres da FNPI.

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