A América Latina não escapa da onda de volatilidade política e econômica global

Um grupo de especialistas internacionais discutiu, durante a Conferência Anual do CAF, em Washington, D.C., como a América Latina pode superar os desafios do desenvolvimento em um clima global marcado pela deterioração das relações multilaterais e da volatilidade econômica global.

05 de setembro de 2019

Entre 2005 e 2013, a América Latina cresceu 5%, em média. De 2013 até o presente, o crescimento foi de apenas 1%. Somados a esse modesto desempenho, estão o crescente descontentamento com a classe política, a insegurança e os grandes escândalos de corrupção.

"Vivemos tempos turbulentos", disse Laura Chinchilla, ex-presidente da Costa Rica, durante o segundo dia da 23ª Conferência Anual do CAF, em Washington, D.C.. Chinchilla explicou que os cidadãos têm, cada vez mais,uma percepção mais negativa dos representantes públicos, e que isso acabou levando a votos de punição em várias eleições. "Com as atitudes de certos governos, é difícil atender às expectativas dos cidadãos", disse a ex-presidente da Costa Rica.

Na mesma linha, Michael Reid, editor sênior da The Economist, disse que “precisamos repensar a qualidade da democracia e fortalecer suas capacidades para desencadear as mudanças de que a América Latina necessita”.

De comum acordo, os especialistas da conferência entenderam que a situação política regional tem, nos meio de comunicação e nas plataformas digitais, um dos seus principais patrocinadores.

De fato, de acordo com Catalina Botero, reitora da Faculdade de Direito da Universidade de los Andes, o crescimento das redes sociais tem afetado quase todas as eleições recentes. "Existem formas de comunicação política que podem ser facilmente manipuladas por parte de grupos internos, transnacionais ou outros países para influenciar em processos eleitorais por meio do uso de dados destinados a informar o público", disse Botero.  

"O contexto em que a desinformação está ocorrendo é fundamental", disse Hugo Alconada Mon, editor de pesquisa do La Nación, que também salientou que “a população está agindo de forma emocional, enquanto a mídia tende a guiá-la de forma racional, de modo que certas informações são frequentemente descartadas”.

Para a jornalista do NTN24, Andrea Bernal, a gestão de dados, as redes sociais e os “boots” podem prejudicar a integridade das instituições públicas e do jornalismo, que devem se renovar para enfrentar com certas garantias aos desafios nos próximos anos.  

Uma das principais plataformas sociais, que esteve no centro de uma tempestade política nos EUA por causa de seu uso de dados do usuário, é o Facebook. Crystal Patterson, chefe de Alianças Cívicas Globais, disse que “a plataforma está tomando medidas para erradicar as chamadas fake news e minimizar o seu impacto sobre as eleições”. "Estamos trabalhando para conscientizar os usuários a melhorar seu consumo de informação, no que diz respeito a quem e por que estão mostrando uma determinada mensagem", disse Patterson

O último espaço da Conferência Anual do CAF foi dedicado a uma conversa entre Luis Vicente León e Michael Shifter, presidente do Diálogo Interamericano, no qual analisaram a situação crítica que afeta o país e os possíveis futuros cenários.

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