CAF, CEPAL, BID e OPAS promovem equidade e desenvolvimento sustentável
19 de novembro de 2024
A escassez de inovação na América Latina se traduz no fato de as empresas da região não crescerem nem produzirem tanto como as outras empresas em regiões mais avançadas
11 de outubro de 2016
Se perguntarmos a um grupo de pessoas o que é inovação, seguramente obteríamos uma grande variedade de respostas, que incluiriam palavras como invenção, criatividade, tecnologia ou patentes. Todas essas acepções são corretas, porém o certo é que se a inovação não conseguir ser comercializada de forma bem sucedida, dificilmente poderá ser considerada como tal e, além disso, pouco valor terá no desenvolvimento socioeconômico dos países.
Essa afirmação assume especial relevância se a aplicarmos à América Latina, onde se registra uma forte dependência das matérias primas e onde o deficit histórico em termos de inovação limita os esforços de diversificação e crescimento econômico.
A escassez de inovação na América Latina se traduz no fato de as empresas da região não crescerem nem produzirem tanto como as outras empresas em regiões mais avançadas. Outra consequência é que nossas empresas não geram empregos de qualidade suficientes, e muitas delas continuam oferecendo não apenas empregos mal remunerados, como também trabalhos informais que reduzem a capacidade fiscal dos Estados.
Sob essa ótica, ficam claros dois temas essenciais relacionados à importância da inovação para o aumento da produtividade: em primeiro lugar, são as empresas que estimulam a inovação, já que são elas que desenvolvem e comercializam novos produtos e processos com a ajuda dos agentes de conhecimento e dos inventores. Nesse sentido, o setor privado executa a inovação com o apoio do setor acadêmico, e o setor público gera os habilitadores para facilitar seu desenvolvimento.
Em segundo lugar, a inovação não precisa ser exclusivamente tecnológica. Desde que a empresa introduza algo que seja considerado novo no mercado e o comercialize, isso já é inovação. Um estudo feito pela Universidade Harvard, baseado na indústria manufatureira dos Estados Unidos, conclui que quase 70% da inovação são incrementais, ou seja, melhoram produtos existentes para clientes existentes. Por sua vez, 20% da inovação são evolutivas: geram novos produtos para clientes existentes ou os mesmos produtos para clientes novos. E os 10% restantes da inovação são disruptivos, isto é, geram novos produtos para novos clientes. Dessa forma, se uma empresa melhora significativamente seus produtos e/ou processos, seja com uma nova embalagem ou um novo canal de distribuição, essa empresa está inovando.
Contrariamente ao que se poderia supor, a falta de inovação na América Latina não envolve apenas as pequenas e médias empresas. De fato, as multinacionais latino-americanas também registram deficit de inovação com relação às multinacionais estrangeiras. Essa situação evidencia que, na maioria dos casos, as empresas vão para o exterior para vender o mesmo produto e nem tanto para se conectar às cadeias de valor.
Investimentos necessários
Nos países da OCDE, 70% dos investimentos em inovação provêm das empresas, contrastando significativamente com os países da América Latina, onde apenas 40% das empresas investem em inovação. Dessa forma, a fim de atingir os níveis de produtividade dos países da OCDE, a região não apenas tem que investir quatro vezes mais do que investe atualmente, como as empresas teriam que investir 10 vezes mais do que investem atualmente. Consequentemente, para nossa região é fundamental desenvolver um sistema favorável para que as empresas tenham incentivos para investir 10 vezes mais em inovação do que investem atualmente.
Com o objetivo de articular e fortalecer os sistemas de inovação na América Latina, o CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina- lançou o Programa de Inovação Empresarial para melhorar as capacidades de I+D+i (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) das empresas inovadoras, dos centros de pesquisa e dos sistemas de inovação nacionais. Além disso, o programa busca estimular a produtividade regional e, paralelamente, alinhar os protagonistas do sistema de inovação em torno de uma agenda comum.
Esses esforços pretendem tornar os níveis de inovação regional
mais próximos dos níveis registrados nos países da OCDE, onde a
maior parte dos investimentos em inovação é proveniente do setor
privado e em que
o investimento feito pelas empresas é o principal motor da
inovação. De qualquer forma, o investimento do setor público é de
grande importância para gerar habilitadores, como melhores
instituições, incentivos fiscais, desenvolvimento de tecnologias da
informação e comunicação (TIC), bolsas de estudo para doutorados,
entre outros, mas é importante ressaltar que a inovação recai sobre
as empresas.
Futuramente será imprescindível articular a inovação de maneira que esta possa ser comercializada de forma bem sucedida e, com isso, proporcionar melhorias sociais e econômicas que beneficiem a todos os latino-americanos.
19 de novembro de 2024
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