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11 de março de 2016
Manifestações artísticas dentro dos conceitos de objeto, natureza e cosmos, simbolicamente ligados com a atividade, o meio-ambiente e a cultura dos povos da região amazônica, poderão ser apreciadas a partir do dia 11 de março na Galeria CAF.
Amazonía Arte y Diseño (Amazônia Arte e Desenho) é o nome da exposição que ao registrar os atributos desta zona geográfica, destaca o valor da criatividade na arte contemporânea latino-americana que teve origem em um universo primitivo, cujas tradições mais antigas ainda se fazem sentir e onde é possível observar claramente as inter-relações culturais em seu nível mais franco.
"Com esta exposição, CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina- aproxima o cidadão da região a este patrimônio cultural dos países da bacia do rio Amazonas, que se manifesta em uma expressão moderna, desde outra perspectiva, com a promoção da identidade cultural e a integração dos povos latino-americanos", assegurou Enrique García, presidente-executivo da instituição financeira.
Seis artistas latino-americanos e 18 criadores venezuelanos produzem uma rodada visual na qual é possível percorrer diferentes modos de expressar a criatividade perante uma paisagem que, talvez, levemos todos interiormente. Esta perspectiva global permitiu dar uma dimensão mais ampla para uma pesquisa iniciada por Verónica Liprandi e Patricia Morales, cujo objetivo era promover a reflexão e a incorporação de referências indígenas amazônicas ao imaginário venezuelano, com o trabalho de artistas e desenhadores contemporâneos locais, partindo da base do interesse de fazer um reconhecimento ao antropólogo Alejandro Signi, diretor durante 28 anos do Museu Etnológico do Amazonas Enzo Ceccarelli, de Puerto Ayacucho.
"A mostra Amazonía Arte y Diseñoampliou o âmbito de participação para alguns criadores de outros estados latino-americanos da região amazônica em uma experiência de sincronização criativa partindo da imagem da "grande selva" como tema de reflexão, seja com a interpretação da paisagem, a incorporação de elementos simbólicos ou o uso de materiais utilizados ancestralmente pelas comunidades autóctones. Nas obras que estão expostas se percebe esse germe criativo como se existisse um "inconsciente" que sustenta igualmente a produção cultural primitiva e a cultura mais contemporânea, criando uma conexão estética entre elas", explicou Mariela Provenzali, curadora da Galeria CAF.
Entre os artistas internacionais estão Dicken Castro, arquiteto colombiano, que é um dos pais do desenho gráfico no seu país. Seu fascínio pelos símbolos que descobriu em culturas ancestrais e em expressões populares fazem dos seus logotipos, rótulos e marcas, imagens indeléveis na memória dos colombianos. Por sua vez, a desenhadora gráfica Paula Barragán, do Equador, direciona sua obra para a fonte original e básica do desenho: a natureza, pelo que trabalha na interpretação de uma selva figurativa na qual busca resgatar "uma selva que ferva com energia, um reino cheio de bichos, vegetais e animais que se multiplicam pelo milagre da luz, da clorofila e da água, tecendo a rede da vida à qual pertencemos".
Na obra da pintora peruana Ivana Ferrer domina a busca da mais pura essência das coisas, a riqueza do cotidiano, a pegada do tempo na matéria. A exposição também contará com obras do pintor boliviano Oscar Pantoja (†), mestre do abstracionismo lírico, que deixou como legado uma obra que recria atmosferas visuais de um universo poético, que poderia estar se referindo à relação sagrada entre o terreno e o anímico. Eliana Sevillano, pintora boliviana, é reconhecida pelo uso de cores e formas desconstrutivistas de colagem. Finalmente, o artista brasileiro Domingos Tótora destaca-se não somente pela pureza da sua obra final, mas pelo seu processo de criação.
Os artistas e desenhadores venezuelanos são Anita Reyna, Bernardo Mazzei, Carlos Qintana, Hernán Rodríguez, Jefferson Quintana, Lourdes Silva, Luis Arroyo, Luis Villamizar, María Eugenia Dávila e Eduardo Portillo, Maison 203, María Esther Barbieri, Mercedes Carvallo, Nanín García, Pepe López, Rodolfo Agrella, Vicente Antonorsi, Yolanda Sucre e Yoshi.
"A convocação de 18 artistas e desenhadores venezuelanos acompanhados por seis artistas internacionais nos permitiu explorar as fronteiras entre desenho, artesanato e arte; os desafios do desenho atual e a produção industrial versus o 'feito à mão'; a criação individual, a autoria e os processos colaborativos; a importância do registro, da preservação e da transmissão da cultura que se transforma continuamente e a necessidade de abrir um espaço para a introspecção a partir do olhar do outro", explicaram Patricia Morales e Verónica Liprandi, diretoras da associação Factotum.
Ao catalogar os objetos da Coleção Signi na Venezuela, junto com a visão dos outros países que compartilham a Amazônia, destaca-se a presença permanente e recorrente de três universos: o humano, o natural e o sobrenatural; através de três núcleos definidos por função, estética e significados, que podem ser percebidos ao longo da exposição pela Galeria CAF.
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