CAF, CEPAL, BID e OPAS promovem equidade e desenvolvimento sustentável
19 de novembro de 2024
Recuperar a confiança dos cidadãos nas instituições públicas é essencial para retomar o caminho do crescimento inclusivo e melhorar o bem-estar de todos na América Latina e no Caribe.
09 de abril de 2018
Três de cada quatro cidadãos da América Latina têm pouca ou nenhuma confiança em seus governos. E cerca de 80% acreditam que a corrupção é generalizada nas instituições públicas. Esses números têm caído desde 2010, quando apontavam para 55% e 67%, respectivamente. A desconfiança do cidadão tem aumentado e provocado um descompasso entre sociedade e instituições públicas, pondo em risco a coesão social e enfraquecendo o contrato social.
O relatório Perspectivas Econômicas da América Latina 2018 “Repensando as Instituições para o Desenvolvimento” propõe a necessidade de reconectar as instituições aos cidadãos, respondendo melhor às suas demandas e aspirações, a fim de fortalecer um modelo de crescimento inclusivo e sustentável na América Latina e Caribe (ALC). A região deve avançar na direção de instituições mais confiáveis, capazes, abertas e inovadoras para continuar no caminho de um desenvolvimento mais inclusivo.
O relatório foi produzido conjuntamente pelo Centro de Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe das Nações Unidas (CEPAL) e pelo CAF –banco de desenvolvimento da América Latina-, em colaboração com a Comissão Europeia.
Após cinco anos de desaceleração econômica e uma recessão de dois anos (2015-2016), a região da ALC vem se recuperando lentamente. De acordo com o relatório, estima-se que o Produto Interno Bruto (PIB) da região cresça entre 2% e 2,5%, em 2018, após avanço de 1,3%, em 2017. Essas estimativas revelam uma alta heterogeneidade na região, com países da América Central que se destacam em relação aos ritmos de crescimento do México, da América do Sul e do Caribe. A recuperação econômica tem como principais fatores a melhoria na economia global, além de aspectos internos dos países, individualmente. De qualquer forma, esse desempenho econômico mostra-se menos favorável do que o registrado na região durante a fase expansiva dos anos 2000.
As três organizações apontam para o papel fundamental que as instituições desempenham na superação da armadilha da desaceleração do crescimento, que ocorre após serem atingidos níveis de renda média, em que atualmente se encontra a maioria das economias da América Latina e do Caribe. Os países de outras regiões que foram capazes de superar tal obstáculo com sucesso investiram em instituições fortes, aprofundaram sua integração com a economia mundial e, em alguns casos, beneficiaram-se de um financiamento externo significativo para apoiar seus investimentos públicos.
O enfraquecimento da economia da região, nos últimos anos, tem impactado a qualidade de vida dos cidadãos e poderia comprometer o notável progresso socioeconômico registrado nas décadas anteriores. Hoje, 23% dos latino-americanos ainda vivem abaixo da linha da pobreza e cerca de 40% fazem parte da classe média vulnerável.
Por outro lado, o relatório destaca a rápida expansão da classe média como uma das principais transformações socioeconômicas dos últimos tempos na ALC. Em 2015, 34,5% da população da região podia ser considerada integrante da classe média consolidada, em comparação com 21%, em 2001. Se forem utilizadas medidas subjetivas para determinar as classes sociais, ainda mais latino-americanos podem considerados de “classe média”, embora suas faixas de renda os coloquem em categoria de renda inferior. A influência da classe média na agenda política, impulsionada por suas maiores aspirações e expectativas e necessidades em constante mudança, pode ser ainda maior do que o sugerido pelas estatísticas e explicar a crescente insatisfação com a qualidade dos serviços públicos.
O relatório ressalta que a confiança nas instituições e a satisfação com os serviços públicos têm se deteriorado, enfraquecendo, dessa forma, o contrato social na região. Por exemplo, a proporção da população satisfeita com os serviços de saúde caiu de 57%, em 2006, para 41%, em 2016, bem abaixo dos níveis da OCDE – próximos de 70%. Por outro lado, a satisfação com o sistema educacional caiu de 63% para 56%, no mesmo período. Isso contribui para o descontentamento social e a relutância dos cidadãos a pagarem impostos, também chamada de “moral tributária”. Em 2015, 52% dos latino-americanos, seis pontos percentuais acima do registrado em 2011, afirmaram que estariam dispostos a sonegar impostos se tivessem a oportunidade. O descontentamento social com os serviços públicos é ainda maior entre a população pobre e vulnerável, que não tem acesso a outros serviços de melhor qualidade, geralmente mais caros e oferecidos pelo setor privado.
Com base nessas evidências, o relatório Perspectivas Econômicas da América Latina 2018 convida a repensar as instituições e a construir uma nova relação estado-cidadania-mercado, por meio de três eixos principais:
O relatório será lançado por Stefano Manservisi, diretor-geral para a Cooperação e o Desenvolvimento Internacional da Comissão Europeia; Christian Leffler, secretário-geral adjunto para Assuntos Econômicos Globais do Serviço Europeu de Ação Externa; Mario Cimoli, secretário-executivo adjunto da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe; Mario Pezzini, diretor do Centro de Desenvolvimento da OCDE e conselheiro especial do secretário-geral sobre Desenvolvimento; e Gonzalo de Castro, executivo sênior do CAF.
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