A formação de habilidades em idade precoce é fundamental para melhorar o desempenho laboral dos jovens

Embora a incidência do fenômeno nem-nem tenha diminuído nas últimas duas décadas, atualmente, no Chile, um em cada 5 jovens com idades entre 15 e 25 não estuda nem trabalha. As baixas habilidades, a desigualdade e a evasão escolar são as principais causas do problema que aflige os países da América Latina, segundo o RED 2016 do CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina

01 de dezembro de 2016

Embora a incidência do fenômeno nem-nem tenha diminuído nas últimas duas décadas, atualmente, no Chile, um em cada 5 jovens com idades entre 15 e 25 não estuda nem trabalha. As baixas habilidades, a desigualdade e a evasão escolar são as principais causas do problema que aflige os países da América Latina, segundo o RED 2016 do CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina

O desenvolvimento de habilidades dos jovens chilenos está, em média, acima dos seus pares latino-americanos, segundo os resultados de testes padronizados de conhecimentos, como PISA e TERCE. No entanto, as diferenças de desempenho nesses testes com relação aos países da OCDE ainda são muito grandes. As baixas habilidades trazem como consequência o fato de que muitos jovens não estudam nem trabalham, de acordo com o relatório, que foi apresentado hoje pelo CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina- no Café Literário em Balmaceda, Providencia.

Uma característica do fenômeno nem-nem é a sua maior incidência entre as mulheres, que representam aproximadamente 70% dos casos, e uma alta proporção delas já são mães. Além disso, 3 em cada 4 jovens nem-nem sequer estão procurando trabalho, ou seja, não são ativos. Um dos desafios mais importantes para a política pública é conseguir realocar esses jovens na escola ou promover a sua participação no mercado de trabalho.

Dados da Pesquisa CAF 2015, realizada em 10 cidades da região, mostram que os jovens que não estudam nem trabalham apresentam atrasos significativos com relação aos que sim estudam e/ou trabalham no que diz respeito ao desenvolvimento de habilidades cognitivas, socioemocionais e físicas. Embora o fenômeno nem-nem ocorra em todos os níveis socioeconômicos, afeta principalmente os jovens do nível mais carente (33%) do que os do mais rico (8%).

Se bem que as crianças e os jovens dos grupos mais vulneráveis estão sendo cada vez mais incorporados ao sistema educativo, isso parece não ser suficiente para fechar as lacunas que aparecem quando transitam da escola para o mundo laboral. O RED 2016 destaca que as diferenças na acumulação de capital humano em crianças e jovens de diferentes níveis socioeconômicos começam a ser observadas muito cedo na vida, mesmo antes que entrem na educação formal. Por exemplo, segundo dados da Pesquisa Longitudinal da Primeira Infância (ELPI), as crianças chilenas entre 3 e 5 anos do nível familiar mais carente têm um atraso de 13 meses no desenvolvimento verbal com relação às do nível mais rico.

"Para fortalecer o desenvolvimento de habilidades precoces é importante melhorar a qualidade da educação desde a primeira infância", explicou Dolores de la Mata, economista-chefe da Direção de Pesquisas Socioeconômicas do CAF. "Proporcionar ofertas educativas de alta qualidade nesta etapa é fundamental, especialmente para complementar os esforços das famílias mais vulneráveis ??na formação de habilidades dos seus filhos, e nivelar o ponto de partida, estabelecendo as bases da igualdade".

Por outro lado, os jovens com idades entre 15 e 25 anos que trabalham, enfrentam atualmente grandes dificuldades para entrar no mercado laboral. 60% deles têm empregos informais, segundo dados do SEDLAC. De acordo com o RED 2016, as exigências de habilidades são mais baixas no setor informal do que no formal e, como as habilidades que não se usam vão se deteriorando, é importante que os jovens tenham oportunidades de empregos formais para entrar no mundo de trabalho.

O relatório observa que possuir mais habilidades significa não apenas contar com um trabalho de melhor qualidade e ser mais produtivo, mas também chega a impactar outras dimensões da vida, como ter um melhor estado de saúde física e mental, participar mais ativamente na vida cívica, completar mais anos de educação, sentir mais satisfação com a própria vida, entre outros aspectos de bem-estar pessoal. Por último, o RED 2016 destaca que, além de escola, a família, o ambiente físico e social, e o mundo laboral são áreas de importância crucial na acumulação de habilidades.

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