A qualidade educativa como chave para a transformação da América Latina

26 de outubro de 2012

Miami, 26 de outubro.- O presidente executivo da CAF - banco de desenvolvimento da América Latina-, Enrique García, assegurou que a região precisa melhorar a qualidade de sua educação secundária e universitária como parte das transformações que permitirão ao continente aproveitar uma oportunidade a qual definiu como “histórica”.

Durante o Latin Trade Symposium realizado em Miami, García foi o responsável pela palestra de abertura -- “O imperativo para a América Latina”, na qual destacou que “nas últimas décadas a região apresentou importantes avanços quanto à cobertura educativa e praticamente erradicou o analfabetismo, pela qual a tarefa atual é a melhoria da qualidade, principalmente da escola secundária e da universidade, no marco das políticas do Estado”.

Nesse sentido, destacou o caso da Coréia do Sul, cujo PBI per capita passou de 265 dólares em meados da década de 60 a 23 mil dólares na atualidade. “Isso se deve principalmente à concentração na educação, que é o instrumento pelo qual o capital humano seja o adequado para uma transformação produtiva necessária”, afirmou o presidente executivo da CAF.

De acordo com a analise de García, a América Latina deve substituir seu modelo atual de vantagens comparativas por um de vantagens competitivas, passando dos recursos naturais e dos salários baixos ao conhecimento, ao valor agregado, à inovação e à tecnologia.

Por isso, considerou que a região não deveria se conformar somente com as boas taxas de crescimento macroeconômico, já que tem como nunca antes “uma oportunidade histórica para gerar mudanças estruturais que permitem um crescimento sustentado e eqüitativo”.

“A América Latina está vivendo uma ‘reprimarização’ da su economia, com uma alta concentração em produtos cujos ciclos são muito voláteis”, advertiu o presidente executivo da CAF, que insistiu na necessidade de aproveitar a conjuntura para promover uma agenda de longo prazo que permita a convergência com países industrializados e, fundamentalmente, solucionar o problema da inequidade.

Para alcançar este objetivo, García solicitou um maior investimento em infra-estrutura e logística. “A América Latina investe menos de 3 por cento em infra-estrutura, enquanto a China investe 10 por cento, e a média dos países avançados está entre 5 e 6 por cento”, explicou.

Além disso, e para superar o que considerou como um crescimento “modesto em termos de produtividade”, García pediu um maior investimento com relação ao PBI e a melhoria da capacidade de economia. “A Ásia economiza mais de 40 por cento de seu produto bruto”, indicou.

Adicionalmente, para atrair investimento estrangeiro direto exige-se a “melhoria da eficiência, fortalecimento institucional e um bom governo corporativo”.

Finalmente, García observou que a região não será competitiva até que não consiga uma integração real, pragmática. “A América Latina atravessa um momento muito bom e possui atualmente a plataforma para fazer os ajustes: não deve deixar passar a oportunidade”, concluiu.

O Latin Trade Simposium é um encontro de líderes, empresários e executivos que discutem sobre como construir a nova América Latina. Entre outros, participam do evento Susan Segal, presidente do Conselho das Américas; Felipe Larraín, ministro de Economia do Chile, e Julio Velarde, presidente do Banco Central do Peru.

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