A reconfiguração das relações com a audiência

As crises dos meios tradicionais sugerem que os jornalistas e meios de comunicação ponham mais interesse nos temas e no acompanhamento dos cidadãos, ao invés que no poder

30 de outubro de 2013

O déficit informativo, as oportunidades dos novos meios e a inovação foram os temas analisados durante as jornadas realizadas no Panamá por ocasião do XIX Fórum Euro-latino-americano de Comunicação, entre os dias 14 e 16 de outubro.

A reconfiguração das relações com a audiência  perante a crise dos meios tradicionais  e a nova paisagem da mídia são consideradas como uma possibilidade de melhoria para os jornalistas. 

"Estamos em crise no meio de um turbilhão e temos que tomar consciência disso", declarou Eduardo Quirós, presidente do grupo editorial El Siglo-La Estrella, do Panamá. "Às vezes recebemos mais informação do que somos capazes de processar e de transmitir, e é aí que está o desafio de refletir com a audiência, porque ninguém tem tempo para refletir". 

Daniel Moreno, diretor do portal Animal Político do México, descreveu assim a situação. "Os jornais de hoje supõem que grandes tiragens não passam dos 5.000 exemplares diários. Por quê? Pela perigosa proximidade dos meios tradicionais com o poder", explicou Moreno. "É um jornalismo que assume o poder como sua principal preocupação".

Durante sua palestra, Moreno comentou que o foco no caso do portal Animal Político está nos assuntos e não no poder. "Entendemos que a agenda informativa tem que acompanhar os cidadãos na sua própria toma de poder", disse. "Nós dos meios assumimos que podemos e devemos militar em causas relacionadas com direitos e que tem que fazer parte do nosso trabalho cotidiano".

Ignacio Escolar, diretor de Eldiario.es da Espanha, falou sobre a Internet como um modelo de negócio. "Sim, é rentável; a tecnologia faz com que o relevante seja o talento e, por isso, o importante é contar com jornalistas bons e bem pagos jornalistas", indicou Escolar, ao destacar a importância de garantir a relação de confiança com os leitores através do tempo, do trabalho da transparência. 

"Verificar, pesquisar, profissionalizar, contar bem, vai na direção oposta do acesso gratuito à Internet; isso tem valor, não apenas democrático, pois a informação tem um valor", disse, por sua vez, Jesús Maraña, diretor do InfoLibre, ao afirmar que é necessário educar o público para que entenda que essa informação merece ser paga.

O evento, convocado pelo CAF - banco de desenvolvimento da América Latina-, pela Associação de Jornalistas Europeus (APE por sua sigla em espanhol) e pela Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano (FNPI), como parte da Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo, contou com a colaboração da Secretaria Geral Ibero-americana. 

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