A segurança hídrica é fundamental para preservar a estabilidade econômica e social do planeta

A segunda edição dos Diálogos da Água reuniu em Madri destacados especialistas globais e reforçou a cooperação entre a América Latina e a Espanha

06 de setembro de 2016

A segurança hídrica é uma questão estratégica, fundamental para preservar a estabilidade econômica e social do planeta, de maneira que a política da água deve ser abordada como uma política de Estado em cada país, que promova a colaboração internacional necessária para evitar as ameaças que pairam sobre um recurso essencial para a existência humana.

Esta é uma das principais conclusões dos "II Diálogos da Água América Latina-Espanha", encontro organizado pelo CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina- e pelo Ministério da Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente (MAGRAMA) da Espanha, realizado nesta terça-feira na Casa América de Madri, e cujo principal objetivo é o intercâmbio de experiências sobre como melhorar a gestão e o financiamento das infraestruturas hídricas em um cenário global cada vez mais marcado pela escassez de água.

Durante a sessão de abertura, a ministra da Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente em exercício da Espanha, Isabel García Tejerina, ressaltou a importância de que a política da água deva garantir a segurança hídrica tanto nas cidades como no campo. "A segurança hídrica é uma questão estratégica, de maneira que a política da água deve ser abordada como uma política de Estado", disse García Tejerina.

A ministra reafirmou o compromisso de colaboração entre a Espanha e a América Latina e destacou a cooperação que o CAF desenvolve em um elemento que, segundo o próprio diretor para a Europa da instituição, Guillermo Fernández de Soto, está sob ameaça apesar de ser essencial para a existência humana.

Segundo José Carrera, vice-presidente de Desenvolvimento Social do CAF, perante este cenário, o fortalecimento e a criação de pontes de intercâmbio de conhecimento entre a Espanha e a América Latina: "o espanhol e a água unem a América Latina e a Espanha", podem contribuir para enfrentar os desafios do setor hídrico com mais garantias de sucesso.

"Em um mundo cada vez mais interconectado, é necessário criar oportunidades para a troca de experiências com o objetivo de encontrar soluções para problemas concretos e incentivar tanto o crescimento econômico como o desenvolvimento inclusivo. Esta cooperação deverá contribuir para que a América Latina gerencie seus recursos hídricos de forma mais eficiente e, assim, consiga aprimorar a produção de alimentos, preservar a estabilidade econômica e social e garantir o acesso universal à água e ao saneamento", explicou Carrera.

A sessão de abertura também contou com a participação de Jorge Dajani, diretor-geral de Análise Macroeconômica e Economia Internacional do Ministério da Economia e Competitividade, e de Jesús Gracia, secretário de Estado para a Cooperação Internacional e para a Ibero-américa.

Cooperação entre a América Latina e a Espanha

Nesta edição, renomados especialistas internacionais, como Karin Kamper, do Banco Mundial; Victor Arroyo, coordenador de Gestão do Conhecimento na Água do CAF; Ángel Simón, vice-presidente-executivo da Suez; Yolanda Kakabadse, presidente da Diretoria da WWF Internacional; e Carlos Ortuño, vice-ministro de Recursos Hídricos e Irrigação da Bolívia, debateram as melhores medidas para que todos os latino-americanos tenham acesso a água potável e saneamento, assim como as possíveis sinergias e colaborações entre a América Latina e a Espanha para desenvolver programas de assistência técnica, treinamento, pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

Apesar dos abundantes recursos naturais com os quais a América Latina conta, 34 milhões de pessoas ainda não possuem acesso à água potável e 106 milhões não têm acesso a serviços adequados de saneamento básico. A região enfrenta grandes desafios para obter a segurança hídrica, como garantir os recursos e sua disponibilidade para reduzir os riscos perante secas e inundações; universalizar os serviços de água e saneamento; melhorar os processos de purificação das águas residuais e de drenagem urbana; desenvolver o potencial hidroelétrico e aumentar a produtividade da água na agricultura.

Estima-se que se a região investir 0,3% do PIB até 2030 na melhoria dos serviços de água e saneamento poderia fechar a lacuna nesta questão nas áreas urbanas ao mesmo tempo em que poderia continuar com a reabilitação das infraestruturas básicas e expandir as fontes de abastecimento para atender à demanda adicional para 100 milhões de habitantes nas cidades. Finalmente, é preciso destacar a necessidade de reforçar a preparação dos gerentes e trabalhadores do setor, que inclui a atualização constante das suas capacidades para que se adaptem às novas ferramentas que a tecnologia disponibiliza.

Trabalho do CAF em água e saneamento

Nos últimos anos, a atividade da organização multilateral no setor se intensificou e aprovou -de 2010 até 2015- uma média de mais de USD 700 milhões por ano em infraestrutura para água em nível regional. Atualmente, o CAF é o primeiro financiador multilateral no setor da água em países como Equador, Bolívia, Panamá e Venezuela.

Além disso, nos últimos 15 anos, financiou cerca de 70 programas e projetos do setor da água com um valor total de USD 5,8 bilhões (75% foi destinado para o financiamento de infraestruturas para serviços de água potável e saneamento básico).

O trabalho da instituição em água e saneamento se concentra em quatro linhas de ação: gerenciamento e proteção das bacias hidrográficas; melhoria dos serviços de água potável e saneamento básico; gestão e controle de cheias; e irrigação e desenvolvimento agrícola. Além disso, o CAF procura criar condições para assegurar uma gestão adequada e a sustentabilidade dos serviços básicos através do fortalecimento da institucionalidade e da governabilidade das empresas e instituições responsáveis ??pelo gerenciamento da água na região.

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