CAF, CEPAL, BID e OPAS promovem equidade e desenvolvimento sustentável
19 de novembro de 2024
Ao passo que para adquirir um metro quadrado de valor médio são necessários cinco meses de renda média na Cidade do México, em Quito, só é necessário um mês. Isso a torna a capital mais acessível da região, de acordo com o Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED) 2017 do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) intitulado: "Crescimento urbano e acesso a oportunidades: um desafio para a América Latina"
19 de outubro de 2017
A capacidade das cidades de melhorar o bem-estar de seus habitantes depende, de maneira crucial, da política pública e da maneira como ela consegue aproveitar os benefícios econômicos da urbanização. Este desafio, que o RED 2017 intitulou "Crescimento urbano e acesso a oportunidades: um desafio para a América Latina" conceitua com o termo de acessibilidade, é particularmente importante na América Latina, pois se trata da segunda região mais urbanizada do mundo depois da América do Norte e a de maior crescimento de população urbana nas últimas décadas.
O RED revela que, enquanto pouco mais de 10% dos habitantes do mundo (cerca de 900 milhões de pessoas) vive em assentamentos informais, na América Latina a cifra está entre 20 e 30%. Como consequência, muitas cidades da região se caracterizam pela prevalência de altos níveis de informalidade de habitação, que, junto com a precariedade do transporte público, limitam o acesso a oportunidades de trabalho formal a uma grande porcentagem de seus habitantes.
Esta "tripla informalidade" (em habitação, transporte e emprego) é, em boa medida, responsável pelos baixos níveis de produtividade e bem-estar observados nos núcleos urbanos latino-americanos. Então, como melhorar a acessibilidade urbana? O RED 2017 enfatiza três dimensões: o planejamento e a regulamentação do uso do solo, a mobilidade e transporte e o acesso a moradia e serviços básicos. Tudo isso no âmbito dos esquemas de governança metropolitana que levem em conta a necessidade de coordenação nos âmbitos territorial e setorial.
Para Bernardo Requena, diretor-representante do CAF no Equador: “As cidades são o motor principal de desenvolvimento dos países, pois nelas se concentram os processos produtivos de maior complexidade e a maior quantidade de oportunidades econômicas. Por este motivo, a nova entrega do Relatório de Economia e Desenvolvimento do CAF fornece elementos conceituais para melhorar a acessibilidade das cidades da América Latina por meio de intervenções de políticas públicas, levando em conta que cidades mais acessíveis são também mais produtivas e proporcionam um bem-estar maior a seus habitantes”.
Por sua parte, Juan Fernando Vargas, economista-chefe da Direção de Investigações Socioeconômicas do CAF, explicou, durante sua apresentação, que "no RED 2017 destaca-se que, nos últimos 20 anos, o Equador, junto com Honduras e Paraguai, tiveram uma diminuição significativa na taxa de deficit qualitativo (casas particulares com deficiências na estrutura ou acesso aos serviços básicos). Além disso, o preço médio do metro quadrado construído da unidade de habitação em Quito é o mais barato da região, enquanto Santiago do Chile está no extremo oposto, sendo duas vezes e meia mais caro, de acordo com as informações disponíveis. Outro dado relevante é que, para adquirir um metro quadrado de valor médio, são necessários cinco meses de renda média na Cidade do México e em Quito só é necessário um mês".
Em relação ao uso do solo, o relatório indica que, entre as cidades da América Latina da amostra do Atlas de Expansão Urbana, Quito é a que apresenta taxas mais elevadas de suburbanização entre 2000 e 2010. Nesse período, a população residente no centro (definido de acordo com um raio de 10 km) registou uma diminuição de 26 pontos percentuais, passando de 86% a 60%.
Para a questão da habitação e uso do solo, o RED oferece a flexibilização da oferta de imóveis e a simplificação dos quadros regulamentares quanto ao uso do solo e padrões de construção, condições necessárias para a redução sustentável de assentamentos informais, para a qual se requer um mercado formal e eficiente.
O transporte público continua sendo uma preocupação para os cidadãos e autoridades da região. Dados mostram que, desde o final da década passada, a população urbana na América Latina tem aumentado em torno de 10%, no entanto, no mesmo período, a frota de automóveis tem crescido mais de 40%, e as de motocicletas quase que triplicou. Ao mesmo tempo, o nível de insatisfação com o transporte público dos quitenhos é de 14%, uma taxa baixa se comparada com Bogotá (38%), Panamá (34%) e Lima (30%), mas um pouco maior que a de Buenos Aires (11%).
No entanto, juntamente com a Cidade do México e São Paulo, Quito é a cidade com as maiores porcentagens de mulheres usuárias do transporte público que manifestam terem sido vítimas de agressão física ou assédio sexual (27%), enquanto Buenos Aires (11%) é a cidade com o menor percentual. Outro fato importante é que, junto com São Paulo, Bogotá, Cidade do México, Cidade do Panamá e Lima, em Quito, 25% dos trabalhadores gasta mais de duas horas por dia, no total, no trânsito entre casa e trabalho. As propostas sobre este assunto visam à regulamentação do uso do automóvel privado, à melhoria das políticas relativas ao transporte público e ao desenvolvimento da infraestrutura viária.
Na questão da governança, a região tem em média uma governança metropolitana fraca, por falta de capacidade, recursos e legitimidade política. Neste sentido, o RED assinala que se exige o fortalecimento institucional e da capacidade do Estado no nível metropolitano para coordenar mais e melhores políticas e levar as cidades latino-americanas a um novo equilíbrio, com maior acessibilidade.
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