Adaptação e habilidades profissionais, dois fundamentos do jornalismo mais além das tecnologias

As mudanças do jornalismo, que dispararam com a incorporação da Internet, fizeram com que a tecnologia defina a pauta em termos de inovação

03 de outubro de 2016

"Internet, praticamente da noite para o dia, deu origem a um novo meio; está dando lugar a uma nova forma de jornalismo", afirmou Martin Baron, diretor do The Washington Post, durante o Festival Gabo, evento realizado pela Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-americano. Baron referia-se às mudanças trazidas pela rede e como estas influenciaram a profissão.

Sua palestra serve para identificar aquelas mudanças que ocorrem, algumas em progresso, mas que em todos os casos envolvem a necessidade de que meios de comunicação desenvolvam sua capacidade de adaptação e fortaleçam sues habilidades profissionais.

Este panorama pelo qual a profissão passa, embora represente dificuldades, abre várias frentes para a inovação jornalística, em termos do uso de tecnologias, fortalecimento dos canais de distribuição e administração nas redações.

  • Tecnologias: os dispositivos móveis ganharam seu espaço, que modificaram tanto a composição técnica dos canais (linguagens de programação, desenho responsivo, velocidade de upload) como os formatos de conteúdo. Além disso, prevê a incursão da realidade aumentada e da realidade virtual, que podem explorar narrativas pessoais com um alto conteúdo emocional, como explicou Avery Holt, da Universidade de Utah, durante o ISOJ2016. Outros elementos tecnológicos que se aproximam com um potencial de influência são os robôs e o vídeo social.
  • Canais de distribuição: embora as redes sociais levem vários anos no ecossistema do jornalismo, é agora que está assimilandoo papel determinante na exposição do conteúdo dos meios, principalmente pela posição da audiência perante a informação. Foi o que explicou Baron durante sua palestra: "As pessoas não consideram que lhes corresponda buscar informações e notícias. Nem sequer consideram que seja necessário. As pessoas esperam que as informações e as notícias relevantes lhes encontrem através das redes sociais". Em curto prazo, a relação entre meios, conteúdos e redes sociais será mais estreita.
  • Administração nas redações: a consequência dos dois pontos anteriores, os meios irão se adaptar. As tecnologias, os telefones inteligentes, por exemplo, já são utilizados para que os jornalistas não tenham que ir e vir para as redações a fim de finalizar suas reportagem e produzir suas matérias, e também ajudam a melhorar a capilaridade do meio para chegar a diferentes áreas de cobertura, como explica o website Journalism.co.uk. As redes sociais, por outro lado, têm demonstrado a necessidade de incorporar ou fortalecer a capacidade de escutar o público, tanto para compreender a realidade como os interesses da gente, o que significa uma maior influência da audiência na elaboração das histórias.

Algumas destas mudanças já estão sendo incorporadas nos meios. Mais além dos novos dispositivos ou padrões de adaptação de consumo informativo, o que está por trás dessas frentes de inovação são as habilidades e a capacidade de adaptação para articular todos estes elementos no exercício do jornalismo. Sobre esse ponto, Baron disse em seu discurso: "Ao menos que você tenha as habilidades tecnológicas relevantes, a menos que você atribua os recursos adequados à tecnologia, o sucesso não será possível".

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