"Internet, praticamente da noite para o dia, deu origem a um
novo meio; está dando lugar a uma nova forma de
jornalismo", afirmou Martin Baron, diretor do The
Washington Post, durante o Festival Gabo, evento realizado
pela Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo
Ibero-americano. Baron referia-se às mudanças trazidas pela rede e
como estas influenciaram a profissão.
Sua palestra serve para identificar aquelas mudanças que
ocorrem, algumas em progresso, mas que em todos os casos envolvem a
necessidade de que meios de comunicação desenvolvam sua capacidade
de adaptação e fortaleçam sues habilidades profissionais.
Este panorama pelo qual a profissão passa, embora represente
dificuldades, abre várias frentes para a inovação
jornalística, em termos do uso de tecnologias,
fortalecimento dos canais de distribuição e administração nas
redações.
- Tecnologias: os dispositivos móveis ganharam
seu espaço, que modificaram tanto a composição técnica dos canais
(linguagens de programação, desenho responsivo, velocidade de
upload) como os formatos de conteúdo. Além disso, prevê a incursão
da realidade aumentada e da realidade virtual, que podem explorar
narrativas pessoais com um alto conteúdo emocional, como explicou
Avery Holt, da Universidade de Utah, durante o ISOJ2016. Outros elementos
tecnológicos que se aproximam com um potencial de influência são os robôs e o vídeo social.
- Canais de distribuição: embora as redes
sociais levem vários anos no ecossistema do jornalismo, é agora que
está assimilandoo papel determinante na exposição do
conteúdo dos meios, principalmente pela posição da
audiência perante a informação. Foi o que explicou Baron durante
sua palestra: "As pessoas não consideram que lhes corresponda
buscar informações e notícias. Nem sequer consideram que seja
necessário. As pessoas esperam que as informações e as
notícias relevantes lhes encontrem através das redes
sociais". Em curto prazo, a relação entre meios, conteúdos
e redes sociais será mais estreita.
- Administração nas redações: a consequência dos
dois pontos anteriores, os meios irão se adaptar. As tecnologias,
os telefones inteligentes, por exemplo, já são utilizados
para que os jornalistas não tenham que ir e vir para as redações a
fim de finalizar suas reportagem e produzir suas matérias,
e também ajudam a melhorar a capilaridade do meio para chegar a
diferentes áreas de cobertura, como explica o website Journalism.co.uk. As
redes sociais, por outro lado, têm demonstrado a necessidade de
incorporar ou fortalecer a capacidade de escutar o público, tanto para compreender a
realidade como os interesses da gente, o que significa uma maior
influência da audiência na elaboração das histórias.
Algumas destas mudanças já estão sendo incorporadas nos meios.
Mais além dos novos dispositivos ou padrões de adaptação de consumo
informativo, o que está por trás dessas frentes de inovação
são as habilidades e a capacidade de adaptação para articular todos
estes elementos no exercício do jornalismo. Sobre esse
ponto, Baron disse em seu discurso: "Ao menos que você tenha as
habilidades tecnológicas relevantes, a menos que você atribua os
recursos adequados à tecnologia, o sucesso não será possível".