Alejandro Foxley: "O crescimento econômico por meio da inovação produtiva é o grande assunto do futuro"

O ex-chanceler e ministro das Finanças do Chile, e Enrique García, presidente-executivo do CAF - banco de desenvolvimento da América Latina - debateram no programa "Conversando com o CAF" sobre a importância da inovação e da transformação produtiva para alcançar um crescimento econômico competitivo na região. Comentaram também sobre os desafios de atrair investimentos estrangeiros e de avançar em direção a uma integração mais pragmática que permita que a região se incorpore às cadeias produtivas globais.

01 de abril de 2016

O ex-chanceler e ex-ministro das Finanças do Chile, Alejandro Foxley, destacou os avanços econômicos e sociais em vários países da região na última década e afirmou que o desafio agora é "percorrer a outra metade do caminho para nos tornarmos economias avançadas e democracias maduras", um processo que exige, em sua opinião, dar um salto na inovação produtiva, atrair investimentos estrangeiros e ampliar a integração regional.

"Estamos em um momento em que é particularmente importante podermos inovar e sermos criativos para dar um novo impulso às economias. O crescimento econômico por meio da inovação produtiva é o grande desafio para o futuro", argumentou Foxley durante a10ª edição do "Conversando com o CAF ", com Enrique García, presidente-executivo do CAF - banco de desenvolvimento da América Latina.

O ex-chanceler chileno, que atualmente preside a Corporación de Estudios para Latinoamérica (CIEPLAN), afirmou que, embora a América Latina esteja inovando muito mais do que nas últimas décadas, "agora temos que dar uma conotação a essa inovação de forma que seja compartilhada, acima de tudo, entre os países da região".  Nessa linha, tanto Foxley quanto Garcia concordaram com a necessidade que a região tem em avançar rumo à integração produtiva para se tornarem mais competitivos nos mercados mundiais.

 "O pilar fundamental para um crescimento elevado, sustentado e eficiente é uma transformação produtiva. E isso só pode ser alcançado com uma integração real e pragmática, não só dos governos, mas também das empresas. A integração tradicional é de outra época", de acordo com membros do CAF.

Foxley concordou com a necessidade de aprofundar esse processo. "Se analisarmos a região, temos muitas estruturas de integração juridicamente perfeitas, assinamos tratados e documentos. O que falta é um verdadeiro processo de integração da estrutura produtiva para competirmos com a Ásia ou outras regiões do mundo. Temos que ter muito mais empresas multilatinas", afirmou Foxley, e também destacou a contribuição do CAF e de outras organizações para a integração regional em matéria de infraestrutura.

Para García, alcançar uma transformação produtiva é o que permitirá "passar de vantagens comparativas tradicionais baseadas em matéria-prima pura para vantagens comparativas dinâmicas e competitivas".

O responsável pelo CAF acrescentou que a inovação e a tecnologia desempenham um papel central nesta equação, sendo a educação um fator-chave. "Temos que pensar em uma educação do século XXI, não do século XIX", afirmou.

A necessidade de que a região atraia investimentos estrangeiros para avançar foi outro dos assuntos debatidos na palestra. Foxley enfatizou que "a América Latina tem que deixar para trás o preconceito ideológico de que as empresas multinacionais são perigosas". "É preciso trazer os melhores, aprender com eles e incentivar o crescimento", acrescentou.

Como parte da recente visita histórica do presidente dos EUA, Barack Obama, a Cuba, o ex-chanceler chileno considerou que o restabelecimento das relações entre os dois países "é algo que estamos aguardando há muito tempo".

 "Sempre nos pareceu óbvio que a única maneira de Cuba sentir que tinha um lugar real na América Latina era que não fosse discriminada de nenhuma maneira. Espero que o bloqueio imposto pelo Congresso dos Estados Unidos seja derrubado o mais rápido possível", disse Foxley. Acrescentou ainda que a nova era também representa um desafio para a região. "Para todos nós na América Latina vai ser um desafio, e muito atraente, ir para lá (para Cuba) e aprender com eles também", disse ele.

Para assistir à conversa entre Alejandro Foxley e Enrique García, clique aqui

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