Allan Wagner: a América Latina deve “ver onde as oportunidades estão para melhorar as exportações e ampliar os investimentos”

Allan Wagner, ex-chanceler e ministro de Defesa do Peru, e Enrique García, presidente-executivo do CAF, dialogaram no programa "Conversando com o CAF" sobre a importância da abertura para o mundo, o impacto da desaceleração chinesa, os desafios em questões de segurança pública e educação e os avanços positivos do acordo de paz na Colômbia

20 de janeiro de 2016

O ex-ministro de Defesa e Relações Exteriores do Peru, Allan Wagner, abordou os desafios que a região enfrenta em um contexto internacional marcado pela desaceleração da China e destacou a necessidade de que a região diversifique suas relações comerciais e se encaminhe para uma profunda transformação produtiva.

"Hoje em dia, jogamos em muitos campos simultaneamente", disse Wagner durante uma nova edição do programa "Conversando com o CAF". "Em um mundo globalizado como o de hoje, é preciso olhar a integridade da comunidade internacional e ver onde estão as oportunidades para melhorar as exportações e ampliar os investimentos".

Na opinião de Wagner, esse é um dos grandes legados do processo de abertura econômica que o Peru realizou nos anos 90. "A abertura permitiu, por um lado, colocar em ordem os desequilíbrios macroeconômicos do país e, por outro, olhar para o mundo e abrir a economia para o comércio e os investimentos", ressaltou durante a conversa com Enrique García, presidente-executivo do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina.

García, por sua vez, considerou que embora a força da China tivesse sido uma "bênção", sobretudo para a América do Sul em termos de exportações e aumento dos preços das commodities -já que resultaram em um crescimento satisfatório da região e melhores indicadores sociais-, a América Latina não investiu na melhoria da sua produtividade, mas sim se aferrou ao tradicional modelo econômico baseado na exportação de matérias-primas.

"O contexto atual abre uma nova janela de oportunidade para que os países possam ??fazer as mudanças estruturais necessárias para uma transformação produtiva com base em maior valor agregado, mais tecnologia e inovação", afirmou o presidente-executivo do CAF. "Esse é o caminho para entrar nas cadeias globais de produção de uma forma mais eficaz".

Os desafios da região em questões relacionadas à segurança pública foram outro tema central durante a conversa. Embora Wagner considerasse que "a possibilidade de um conflito armado entre nossos países está descartada", aproveitou para ressaltar que existem outros problemas como o tráfico de drogas e o surgimento de diversas formas de crime organizado em vários países.

"O que preocupa é que essas grandes máfias começam a se infiltrar nas instituições do sistema democrático e pode chegar um momento no qual estas instituições não respondam aos interesses da sociedade e do Estado, mas sim dessas máfias", disse Wagner. "Temos que trabalhar bastante para evitar isso".

O ex-ministro da Defesa do Peru também destacou os avanços do processo de paz na Colômbia o qual, segundo sua opinião, "já entrou em um caminho direto para uma solução".

Por outro lado, García afirmou que é fundamental que os jovens da região possam almejar uma melhor educação e mais oportunidades a fim de reduzir os níveis de violência. Nesse sentido, destacou o papel significativo que devem ter os órgãos multilaterais e os bancos de desenvolvimento, como o CAF.

"Uma das funções é precisamente ajudar que os países tenham agendas integrais de desenvolvimento em longo prazo", explicou García. "Promover a aplicação destas políticas inclusivas através de cooperação técnica com os governos e até mesmo com o financiamento de programas e projetos que sejam destinados para esses processos de transformação produtiva para melhorar a infraestrutura e a educação".

Para assistir ao diálogo entre Allan Wagner e Enrique García acesse o website www.conversandoconcaf.com ou o canal do YouTube "Conversando com o CAF".

 

 

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