América Latina: em busca de mais empregos formais para os jovens

Mais de 15.000 jovens argentinos se beneficiam anualmente de um programa de emprego juvenil focado em populações vulneráveis

27 de janeiro de 2016

A informalidade trabalhista na América Latina se encontra em um nicho cultural preocupante entre os jovens de baixa renda: em nível regional, 47% dos trabalhadores são informais; entre os jovens de famílias vulneráveis ??esse porcentual chega a 60%.

Perante esta realidade, nos últimos anos vários governos da região desenvolveram diversas políticas públicas com o objetivo de gerar mais e melhores empregos para os jovens -calcula-se que desde 2008 foram criados mais de 65 programas de capacitação laboral.

Entre estas iniciativas está o Programa Primeiro Passo (PPP), implantado pela província de Córdoba, na Argentina, que busca melhorar os níveis de empregabilidade dos jovens entre 16 e 25 anos, e lhes oferecer a oportunidade de uma primeira experiência de trabalho formal.

O PPP, ao contrário de outras iniciativas, é um programa para aprendizes que não requer treinamento adicional à aprendizagem gerada pela experiência diária da prática. Os contratos são de 12 meses em turnos de 20 horas, e os jovens recebem um salário por seu trabalho, proporcionado pelo financiamento público.

Em 2012, o processo de seleção foi realizado através de um sorteio, através da loteria pública, já que a procura superou bastante as vagas disponíveis. Isso permitiu que o governo da província, junto com o CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- realizasse uma avaliação experimental do impacto do programa.

Os indivíduos selecionados faziam parte do grupo de tratamento, enquanto que aqueles que não tiveram a oportunidade de participar do PPP formaram o grupo de controle. Para a avaliação foram realizadas dinâmicas de grupos, entrevistas e uma pesquisa com 1.000 dos 24.000 candidatos do programa. Além disso, foram utilizados dados administrativos referentes ao registro formal de trabalho e às remunerações declaradas perante a autoridade tributária nacional (AFIP).

Os resultados indicam que o PPP produz melhorias significativas na qualidade de vida dos jovens. Um ano após a conclusão do estágio,a porcentagem dos beneficiários do programa que se encontravam registrados como "trabalhadores formais" foi 40% superior à dos não beneficiários, além de os primeiros salários terem salários 6% maiores que os que não fizeram parte do programa. Isto mostra que este tipo de programa pode obter benefícios significativos em curto prazo, mesmo que existam importantes desafios para manter os efeitos em longo prazo.

 

 

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