América Latina: em busca de um crescimento baixo em emissões

A América Latina deverá aproveitar o financiamento verde para alcançar um crescimento menos dependente dos combustíveis fósseis, que são os principais responsáveis pelas emissões de carbono

28 de janeiro de 2017

Em 28 de janeiro comemorou-se o Dia Mundial pela Redução das Emissões de CO2, uma data que tem como objetivo aumentar a conscientização dos países para que rompam com sua dependência dos combustíveis fósseis e comecem uma transição ordenada para economias limpas e menos dependentes de carbono.

A urgência é evidente: se não houver ação agora, o planeta deverá enfrentar os piores efeitos das mudanças climáticas, como o aumento das secas e do nível dos oceanos ou uma maior incidência de fenômenos naturais extremos.

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As medidas para evitar esses prognósticos, segundo especialistas, passam por um aumento nos investimentos em ações que levem a economias menos intensivas em emissões de gases de efeito estufa. Neste cenário, a América Latina deve se preparar para aproveitar as oportunidades oferecidas pelo financiamento verde internacional de uma maneira mais eficaz.

Várias empresas já colocaram em prática e incorporaram dentro do seu planejamento financeiro as externalidades ambientais para estabelecer o custo do carbono que suas operações emitem.

Do lado dos governos, o imposto sobre o carbono, um instrumento já executado em países como Chile, México, Costa Rica e Colômbia, incentiva a redução da intensidade energética, o desenvolvimento de novas tecnologias e energias limpas e facilita sistemas de medição, comunicação e verificação das emissões de gases de efeito estufa.

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Além disso, os sistemas fiscais que procuram alocar o preço do carbono se apresentam como uma das estratégias mais eficientes para responder às mudanças climáticas e para alcançar um desenvolvimento sustentável e baixo em emissões.

"Está comprovado que os investimentos verdes, que devem contribuir para uma mudança de paradigma dos sistemas produtivos, são rentáveis ??tanto em nível econômico como social", explica Ligia Castro, diretora corporativa de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do CAF. "O mais importante é que as empresas do setor elétrico e industrial vejam a redução de emissões como oportunidades de investimento em projetos custo-efetivos e negócios verdes, e que esta não seja percebida como um obstáculo".

A boa notícia é que durante a Cúpula de Mudanças Climáticas (COP 22) de Marrakesh concordou-se na implantação de novas políticas internacionais que permitam aumentar o financiamento verde a nível global. Além disso, vários países já estão trabalhando para o desenvolvimento de um mercado de carbono. Por sua vez, a Aliança do Pacífico, integrada por Chile, Colômbia, México e Peru, anunciou sua intenção de criar um mercado comum de carbono.

Até hoje, 32 países da região apresentaram suas intenções de NDC (contribuições nacionais, por sua sigla em inglês), incluindo metas de redução de emissões e, na maioria dos casos, também metas de adaptação às mudanças climáticas. Um dos principais desafios para a América Latina é traduzir esses objetivos em planos de investimento e estruturar projetos e programas ambiciosos para ter acesso a fontes de financiamento climático, como o Fundo Verde para o Clima.

"Estamos no momento ideal para aproveitar o financiamento verde internacional e conseguir implantar ações que ajudem a nos converter em uma região competitiva, baixa em emissões e líder em gestão ambiental", afirma Castro.

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Segundo a especialista, os planos de investimento para frear a mudança climática deverão levar em conta o desenvolvimento e a melhoria das infraestruturas, que são responsáveis ??por 60% das emissões de gases de efeito estufa. Esta razão é mais que suficiente para que governos, agências multilaterais e investidores privados apostem em infraestruturas sustentáveis com o objetivo de promover o crescimento econômico e se adaptar aos riscos associados às mudanças climáticas.

A velocidade com a qual o Acordo de Paris foi aprovado demonstra o compromisso significativo da comunidade internacional para responder ao desafio urgente das mudanças climáticas. Agora é o momento de levar este trabalho para o próximo nível e arrecadar os fundos necessários para enfrentar com garantias um dos desafios mais cruciais da história.

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