Durante o século passado, a demanda por água cresceu o dobro da
taxa de crescimento populacional. No caso da América Latina,
atualmente a região mais urbanizada do planeta, esta tendência se
intensificou ainda mais, fato que acentuou a escassez econômica da
água, entendida como o acesso limitado a esse recurso devido ao
capital humano, institucional e financeiro.
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A escassez de água na região é
um dos fatores responsáveis pelo fraco crescimento econômico, uma
vez que compromete a prestação dos serviços básicos de água e
saneamento (vitais para a inclusão produtiva dos cidadãos), o
desenvolvimento da agricultura irrigada e outras atividades
econômicas como o turismo, a indústria e a mineração.
Além disso, o custo da má qualidade da água e do saneamento
representa entre 1% e 2% do PIB de alguns países da América
Latina.
Para reduzir as áreas e os setores afetados pela incerteza da
economia da água, um relatório recente do CAF, "
Inseguridad Económica del Agua en Latinoamérica: de la abundancia a
la inseguridad (Insegurança Econômica da Água na América Latina: da
abundância à insegurança)", propõe as quatro medidas a
seguir:
- Fortalecer a governança das empresas de água
potável.Para buscar maior transparência na elaboração de
relatórios sobre seu desempenho, é necessário melhorar o quadro de
prestação de contas de serviços públicos de água e saneamento, os
quais devem estar vinculados aos objetivos de
eficiência, e aumentar os incentivos de produtividade. Da mesma
forma, é importante avançar na implementação de políticas de gestão
das demandas, bem como aumentar (e tornar mais produtivos) os
investimentos.
- Aumentar a eficiência de áreas irrigadas e da
agricultura de sequeiro.Para que a agricultura possa
atender à crescente demanda por alimentos no futuro, é necessário
obter melhorias na produtividade da água. Sistemas de irrigação na
costa do Pacífico no Peru, por exemplo, têm mostrado que a soma de
algumas condições macroeconômicas estáveis, uma maior transparência
na distribuição dos direitos sobre a água e a difusão de
tecnologias (como a irrigação por gotejamento), permite contribuir
de forma mais impactante para o aumento da produtividade da água na
agricultura e para a promoção da inovação e do empreendedorismo no
setor.
- Reduzir os níveis de contaminação das águas
superficiais e aumentar a proteção das
bacias. Apenas 20% do esgoto recebem tratamento
eficaz na região e o grau de contaminação de muitos dos rios
urbanos, que chegam a ter concentrações de demanda biológica de
oxigênio similar à de esgotos a céu aberto, tem um impacto negativo
sobre a qualidade de vida dos cidadãos e sobre a degradação da
terra. Apesar das várias iniciativas e dos grandes investimentos
realizados para reduzir a poluição, até agora os resultados têm
sido insuficientes. Considerando-se que um terço das cidades
latino-americanas é informal, para uma remoção mais eficaz dos
contaminantes é necessário desenvolver uma estratégia explícita
para a construção de conexões individuais e de infraestrutura geral
que se adaptem à alta densidade e aos padrões irregulares da
urbanização.
- Gestão sustentável das águas
subterrâneas. Os problemas de superexploração e
a contaminação das águas subterrâneas pelos quais estão passando
países como México, Brasil, Paraguai, Argentina e Peru, exigem que
se aprofundem os esforços realizados na captação e análise de
informações, no desenvolvimento de ferramentas de planejamento e
modelagem, e de programas voltados à redução do excesso de
distribuição de direitos da água.
Até esta data, a escassez de água na América Latina tem sido
tratada a partir de uma perspectiva nacional, esquecendo-se,
geralmente, o aspecto regional. Mas essa situação está começando a
mudar. O potencial de colaboração a ser explorado ainda é bastante
amplo e diferentes experiências na região mostram que essa
colaboração poderia facilitar a aprendizagem entre os países para
se obter avanços no que se refere a uma abordagem mais eficaz e
mais fundamentada com relação aos problemas da água comuns à
região.
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