Bolívia e Brasil confirmam compromissos de integração energética

O CAF organizou um encontro de integração energética entre autoridades da Bolívia e do Brasil, empresários privados e acadêmicos do setor de energia para que colaborem com projetos de exportação de energia elétrica

27 de agosto de 2015

Após a aliança de integração energética assinada recentemente com o Brasil, a Bolívia está trabalhando em vários projetos para a geração de energia elétrica excedente a fim de exportá-la ao país vizinho, afirmou o ministro de Hidrocarbonetos e Energia, Luis Alberto Sánchez, durante uma mesa redonda promovida pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina-, como parte do Congresso Internacional Bolívia Gás e Energia 2015, organizado pela Câmara de Hidrocarbonetos e Energia em Santa Cruz de la Sierra, nos dias 19 e 20 de agosto passado.

O grupo de debate contou com a presença de Eduardo Paz, presidente-executivo da Empresa Nacional de Eletricidade da Bolívia (ENDE); Pedro Luiz de Oliveira Jatobá, superintendente de Operações Exteriores da Eletrobras (Brasil) e Hamilton Moss, vice-presidente de Energia do CAF. O moderador foi o diretor-representante da instituição financeira no país, Emilio Uquillas.

Os palestrantes debateram principalmente sobre a integração energética entre ambos os países e falaram de um ambiente favorável devido "à existência da vontade política, da visão de longo prazo e do excelente e forte momento que a Bolívia vive". Também destacaram a participação de entidades internacionais de financiamento, da iniciativa privada e do Estado.

Os destaques do encontro foram os projetos de geração de eletricidade da Bolívia, seus planos de exportação para Argentina, Brasil, Peru e Paraguai, com o objetivo de se converter no centro energético da América do Sul, e a necessidade de financiamento para alcançar este objetivo. O presidente-executivo da ENDE anunciou que a Bolívia planeja ter em 2025 uma oferta exportável de 10.000 Mw, permitindo-lhe atender mercados interno e externo.

Paz afirmou que a demanda energética do Brasil é de 8.000 Mw e a Bolívia está considerando vários projetos para conseguir atender essa necessidade. Neste contexto, informou que atualmente a demanda de eletricidade do país está coberta e que não supera os 1.300 Mw, sendo que existe um excedente de 200 a 300 Mw disponíveis para países com os quais a Bolívia quer se integrar em breve.

Também explicou que quatro projetos hidrelétricos, que vão gerar cerca de 500 Mw a mais, estão recebendo investimento, e disse que estarão superando os 1.000 a 1.500 Mw de exportação até o ano 2020. Além disso, ressaltou que se estudam projetos para gerar entre 3.000 e 4.000 Mw a mais.

Pedro Luiz de Oliveira Jatobá, superintendente de Operações Exteriores da Eletrobras, observou que o contato com a Bolívia é importante para o Brasil no que se refere ao planejamento e ao estudo conjunto do potencial do país, a fim de ver a melhor maneira de compartilhá-lo com o sistema elétrico brasileiro, buscando o desenvolvimento de ambas as nações.

Hamilton Moss, vice-presidente de Energia do CAF, disse que a promoção da integração é vital para a instituição. Reiterou que o CAF continuará colaborando com a Bolívia, país com o qual possui uma longa história de apoio financeiro.

Por sua vez, Emilio Uquillas, diretor-representante do CAF na Bolívia, disse que o encontro permitiu conversar com as partes a respeito do momento histórico para a integração energética, projeto no qual -por sua dimensão- há espaço para todas as organizações multilaterais, financiadores e empresas privadas.

Uquillas afirmou que o CAF faz parte da história econômica dos seus países membros e é um aliado do setor público e privado, colocando à disposição não apenas recursos financeiros, mas as melhores práticas e políticas para que se obtenha o desenvolvimento sustentável da região.

O CAF está apoiando o Ministério de Hidrocarbonetos e Energia da Bolívia, através do programa de Hidroenergia Sustentável, na identificação do potencial hidroelétrico a fim de determinar um novo portfólio de projetos hidroelétricos que sustentem seu novo programa de exportação de energia elétrica.

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