Fortalecimento do ecossistema digital latino-americano, tarefa urgente para enfrentar a disrupção gerada pela COVID-19
13 de abril de 2020
Acelerar a digitalização e seu desenvolvimento em cadeias produtivas requer um trabalho conjunto na região e nos países em questões estratégicas como infraestrutura e conectividade, adoção, regulamentação e meio ambiente, treinamento e desenvolvimento inovador.
16 de dezembro de 2020
A transformação digital nos países latino-americanos passa necessariamente por promover a digitalização do aparelho produtivo em todos os setores, em face da quarta revolução industrial, e melhorar a produtividade das pequenas e médias empresas (PMEs). O uso de tecnologias, dados digitais e sua interconexão para gerar novas atividades ou mudanças nas já existentes deixou de ser uma opção para se tornar uma necessidade para consolidar o crescimento sustentável, fortalecer a competitividade do tecido produtivo e gerar empregos de qualidade.
As infraestruturas e tecnologias que viabilizam a quarta revolução industrial, entretanto, encontram-se em um estado incipiente de investimento e uso na região. Os índices de adoção de tecnologias digitais avançadas, calculados sobre os padrões de investimento em equipamentos de data center e a base instalada de IoT e penetração M2M, mostram um desenvolvimento muito maior nas economias da OCDE com lacunas que estão surgindo.
Com os impactos da pandemia de COVID-19, a recuperação da trajetória de crescimento econômico dependerá criticamente da capacidade das economias de aumentar sua produtividade e de que as diferentes cadeias setoriais se adaptem a novos esquemas operacionais, caracterizados pelo baixo contato; inovação e digitalização aplicadas a métodos colaborativos na concepção de produtos e fornecimento de insumos; inteligência em métodos de produção; e a transformação dos canais de distribuição.
“O CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- está promovendo projetos de digitalização dos setores produtivos como parte de seus esforços para apoiar a melhoria da produtividade na região. Sua atuação privilegia a cadeia produtiva, a inserção das empresas nas cadeias globais de valor e nas PMEs, visto que estas constituem a base do tecido industrial da região. Entre esses projetos está o desenvolvimento de uma estratégia para a transformação digital dos setores produtivos da América Latina e um aplicativo específica para a cadeia agroexportadora e logística do Peru, como explicou Mauricio Agudelo, coordenador da Agenda Digital CAF, durante a Conferência da Agenda digital para a América Latina e o Caribe (eLAC).
A metodologia desenvolvida pelo CAF, em colaboração com a Deloitte, para selecionar as cadeias produtivas prioritárias para a adoção de soluções digitais e elaborar um roteiro para orientar a implementação das iniciativas, foi colocada em prática na cadeia de valor agroindustrial da região de Ica, Peru. O roteiro identifica linhas de ação para acelerar a digitalização da cadeia de valor, beneficiando todas as empresas da região por meio de melhorias na conectividade, programas de treinamento e financiamento para a inovação. Espera-se também que o roteiro desenvolvido se aplique a duas cadeias produtivas ou clusters no Equador.
A digitalização da cadeia de agroexportação de Ica oferece a oportunidade de incrementar o volume de negócios do setor, evitando a perda de mercado para players internacionais por menor eficiência e, principalmente, fechando as lacunas de produtividade identificadas. Para isso, são propostas soluções que fazem uso intensivo de novas tecnologias de sensorização (IoT), armazenamento e análise de dados ou segurança e rastreabilidade de informações (blockchain).
A gestão integrada da cadeia agroexportadora por meio de atividades como estimativa de estoque, prazos de entrega ou disponibilidade de ativos logísticos são fundamentais para reduzir o tempo, as perda ou erros nesses processos. Da mesma forma, conhecer as condições de temperatura, água e umidade do terreno ou medir regular e automaticamente o grau de crescimento dos produtos por meio de sensores permite que sejam tomadas decisões sobre o processo de colheita, o uso de pesticidas ou irrigação nos momentos certos.
O roteiro é composto por seis objetivos que se distribuem em um total de 31 iniciativas, agrupadas em 12 linhas de ação, entre as quais encontram-se algumas já em fase de concepção, como programas de financiamento ao setor privado para adoção de soluções digitais pelo Innóvate Peru; programas de treinamento digital para atores-chave da cadeia; e desenvolvimento de projetos piloto 5G, entre outros.
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