CAF promove reflexão sobre acesso a serviços financeiros na América Latina

  • CAF apresentou seu sétimo Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED) sobre acesso a serviços financeiros na América Latina e sua relação com o desenvolvimento dos países
  • Uma pesquisa aplicada pela Instituição em 17 cidades e vários países mostra atraso na região. Bolívia ocupa um lugar relativamente bom pelo desenvolvimento de seu sistema microfinanceiro

26 de setembro de 2011

CAF promove reflexão sobre acesso a serviços financeiros na América Latina

  • CAF apresentou seu sétimo Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED) sobre acesso a serviços financeiros na América Latina e sua relação com o desenvolvimento dos países
  • Uma pesquisa aplicada pela Instituição em 17 cidades e vários países mostra atraso na região. Bolívia ocupa um lugar relativamente bom pelo desenvolvimento de seu sistema microfinanceiro

(La Paz, 20 de setembro de 2011) A CAF, banco de desenvolvimento da América Latina, apresentou a sétima versão de seu Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED) intitulado Serviços financeiros para o desenvolvimento: promovendo o acesso na América Latina, em um seminário no qual participaram o vice-presidente executivo, Luis Enrique Berrizbeitia o vice-ministro do Tesouro e Crédito Público, Edwin Rojas, executivos da Autoridade de Supervisão do Sistema Financeiro (ASFI), empresários, representantes do sistema financeiro boliviano, da cooperação internacional, do sistema regulatório e da Associação de Bancos Privados da Bolívia (Asoban), assim como membros da academia e convidados especiais.

Luis Enrique Berrizbeitia afirmou que a CAF produz este relatório anualmente para colocar a disposição de seus países sócios informação atual e relevante para a definição de suas políticas públicas, “a geração de conhecimento e a pesquisa sobre temas transcendentais para o desenvolvimento da região, constituem aportes que a CAF oferece como centro de pensamento independente”. Sobre o tema abordado no Relatório este ano, disse que a importância de sua pesquisa e análise está em que a saúde dos sistemas financeiros é um fator crítico para a economia dos países.

Afirmou ainda que o documento apresenta dados que permitem concluir que a melhoria dos índices de bancarização, acesso de pequenas e médias empresas a créditos e a inclusão financeira de micro empreendimentos produz inevitavelmente maior desenvolvimento, maior capacidade de geração de emprego e maior contribuição para as economias da região. “Tudo isto se traduz em melhores condições de vida para as famílias”, concluiu Berrizbeitia.

A apresentação contou também com a presença do vice-presidente de Estratégias de Desenvolvimento e Políticas Públicas da CAF, Leonardo Villar, assim como com Pablo Sanguinetti e Daniel Ortega, diretor de Pesquisas Socioeconômicas e executivo principal da área, respectivamente.

Os executivos explicaram que a pesquisa aplicada pela CAF em 17 cidades em países da região aponta que o acesso aos serviços do sistema financeiro na América Latina é ainda escasso. Um exemplo é que somente 53% da população têm uma conta aberta em um banco ou uma microfinanceira e somente 12,3% das famílias solicitaram e têm vigente um crédito ou empréstimo bancário.

“Este resultado sugere um importante atraso da América Latina em relação a outras regiões. As razões identificadas, entre outras, são o nível de renda das pessoas, os efeitos de fenômenos econômicos como a inflação – que desestimulou os depósitos e créditos -, ciclos macroeconômicos de vulnerabilidade econômica e recessões profundas que tiraram a confiança da população nas instituições financeiras. Esta posição frente aos bancos está melhorando e está em um nível intermediário de recuperação”, afirmou Leonardo Villar. O informe da CAF também ressalta o desenvolvimento das entidades microfinanceiras e sua contribuição para que diferentes segmentos do setor possam acessar seus produtos e serviços.

O relatório dedica um capítulo ao papel do Estado destacando a função de bancos públicos e apresentando experiências de sucesso pra a ampliação dos serviços financeiros a alguns setores da população, ainda que ressalte alguns problemas de governança e economia política desses bancos. Por esta razão, aumenta a importância de proporcionar-lhes bons esquemas de Governança Corporativa.

No caso da Bolívia, o RED destaca o significativo desenvolvimento de seu sistema microfinanceiro, que permitiu que o país ocupasse um bom lugar no cenário latino-americano em matéria de acesso a este tipo de serviços.

Comentários sobre o RED 2011

O vice-ministro do Tesouro e Crédito Público, Edwin Rojas, afirmou que, para o Ministério de Economia e Finanças Públicas, este relatório tem grande importância já que aborda um tema de enorme vigência nos últimos anos, no qual dois períodos de crise global obrigaram os países a atuar em cenários agressivos e inesperados, desenvolvendo políticas para gerar crescimento e bem-estar para a sociedade.

“É importante assinalar as medidas tomadas para melhorar o acesso aos serviços financeiros. Em primeiro lugar, o modelo de economia plural que levanta a Constituição Política do Estado que reconhece todas as formas de organização econômica”, afirmou. Destacou ainda que o contexto macroeconômico foi fundamental para o desenvolvimento do âmbito financeiro.

Por fim, Rojas afirmou que a política de “bolivianização” das operações financeiras conseguiu também contribuir com o setor financeiro na Bolívia, minimizando o risco cambiário e contribuindo para a estabilidade econômica do país.

A apresentação do RED 2011 contou com a participação de destacados analistas especializados no tema abordado, como Fernando Prado, gerente-geral de Próspero Microfinanças Fund; Herbert Müller, professor em finanças; Evelyn Grandi, economista especialista em microfinanças, e Ronald Gutiérrez, gerente-geral do Banco Ganadero e diretor de Asoban.

Os analistas afirmaram que a Bolívia é um ótimo exemplo em variedade de ofertas de entidades reguladas, não reguladas, ONGs e cooperativas que financiam tanto microempresários como pequenas e médias empresas. Apesar deste avanço, é necessário capacitação em orientação ao mercado, gestão e administração de cobertura de riscos sobre a natureza dos usuários de crédito, além de normativas e requisitos menos exigentes que habilitem uma unidade produtiva familiar para se transformar em uma empresa.

Qualificaram o enfoque do estudo como “um acerto da CAF” pela importância da bancarização para o bem-estar das famílias. Destacaram que identificar as falhas de mercado e as barreiras de acesso ao sistema financeiro brinda uma série de elementos de juízo para que as autoridades possam formular políticas públicas apropriadas. Dessa forma, destacaram que analisaram dois temas que deveriam estar na mesa de debate nacional: “o papel do banco estatal” e “o papel da regulamentação”.

CAF, banco de desenvolvimento da América Latina, tem como missão incentivar o desenvolvimento sustentável e a integração regional por meio de financiamento de projetos dos setores público e privado, oferecendo cooperação técnica e outros serviços especializados. Fundado em 1970 e formado atualmente por 18 países da América Latina, Caribe, Europa e 14 bancos privados, é uma das principais fontes de financiamento multilateral e um importante gerador de conhecimento para a região. Para mais informações, visite www.caf.com

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