CAF reafirma seu apoio para o desenvolvimento do transporte ferroviário na América Latina

A entidade multilateral de crédito acompanhou a realização de um encontro regional sobre segurança e integração ferroviária, organizado pelo Ministério de Transporte e Obras Públicas do Uruguai

09 de maio de 2014

Com o apoio do CAF - banco de desenvolvimento da América Latina - e da Associação Latino-americana de Ferrovias (ALAF), o Ministério de Transporte e Obras Públicas do Uruguai (MTOP) organizou o I Congresso Latino-americano de Segurança e Integração Ferroviária.

Durante a reunião, o vice-presidente de Infraestrutura do CAF, Antonio Juan Sosa, afirmou que a ferrovia cumpriu e continua cumprindo um papel importante no transporte de carga da região, especialmente em países como Brasil, Colômbia e México, onde se realizam grandes investimentos nesta área.

Sosa destacou a importância que teria para o Uruguai a maior utilização dos trens em seu sistema de transporte multimodal. "O crescimento da ferrovia, de forma harmoniosa e complementar aos outros meios de transporte, vai melhorar substancialmente a capacidade logística do país", disse Sosa, afirmando que o CAF está disposto a contribuir com o Uruguai no desenvolvimento do setor, oferecendo financiamento e suporte técnico.

"Depois de décadas de falta de investimento no transporte ferroviário, há nove anos se começou a canalizar recursos para o setor nos 'três pilares fundamentais': reabilitar a infraestrutura ferroviária, incorporar material rodante e regulamentar a atividade", declarou, por sua vez, o ministro de Transportes e Obras Públicas, Enrique Pintado.

"Existe a necessidade de uma mudança na elaboração da matriz de infraestrutura que permita passar de uma lógica nacional para uma lógica regional e é preciso complementar os esforços para sermos competitivos perante o mundo".

Neste sentido, o ministro afirmou que gerar uma convergência de redes de rodovias e estradas de ferro no porto de águas profundas que o Uruguai planeja construir no departamento de Rocha poderia contribuir para proporcionar uma saída ao mar para a Bolívia e o Paraguai.

A diretora nacional de Transporte Ferroviário, Magalí Mauad, ressaltou a importância da regulamentação da operacionalidade dos trens. "Queremos deixar uma boa base regulamentar para que, a partir daí, seja possível continuar com a reabilitação da infraestrutura", declarou Mauad.

A reunião também contou com a participação de Jorge Kohon, consultor especialista do CAF, que apresentou o estudo "Situação e Perspectivas da Atividade Ferroviária na América Latina". O trabalho oferece um panorama completo do ramo ferroviário a partir da década de 90, quando as empresas privadas assumiram o comando da gestão e das operações na atividade de transporte ferroviário de cargas. No final de 2012, a América Latina e o Caribe contavam com 38 operadores ferroviários de cargas dos quais 32 foram eram de administração privada e 6 de administração pública. Os de administração privada mobilizam 99% das toneladas, com Brasil e México concentrando mais de 80% do tráfego na região.

Durante sua apresentação, Kohon mostrou que o problema central das pequenas e médias ferrovias na América Latina é a baixa densidade de tráfego, quer dizer, a baixa quantidade de toneladas que circula, em média, por cada quilômetro da linha ferroviária. "Em muitos casos, só passa um trem carregado por dia", comentou Kohon. "Por isso, o nosso maior desafio é carregar as rede com mais tráfego porque se isso não for possível, não há nenhuma maneira de financiar qualquer tipo de reabilitação da estrutura".

Por sua vez, o secretário-geral da ALAF, José Villafane, disse que a América do Sul está em pleno processo de recuperação do sistema ferroviário e destacou a importância de se haver superado a dicotomia entre o transporte ferroviário e o rodoviário. "Há apenas um meio de transporte, o transporte multimodal", ressaltou Villafane.

A conferência incluiu palestras nas quais se compararam as normas regulamentares para interseções entre rodovias e ferrovias da Argentina e do Uruguai e se analisaram os sistemas de segurança e a qualidade na infraestrutura ferroviária.

O encontro contou com a participação de especialistas da Argentina e da Espanha e, representando o Uruguai também expuseram o subsecretário do MTOP, Pablo Genta; a presidente da Administração de Ferrovias do Estado (AFE), Carmen Melo; e a presidente do Instituto Nacional de Logística (INALOG), Beatriz Tabacco.

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